quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Alguém plagie a ética pf



E de repente as questões do plágio entram de rompante na discussão pública…

O caso vindo a público é o de uma professora do Instituto Politécnico Português (IPP) cujo doutoramento foi anulado pela Universidade do Minho (UM) por plágio.

O caso, por si só, não teria os contornos que tem se não fosse uma professora em questão. E de facto, (sabendo, claro, que os/as professores/as erram como qualquer ser humano…) é grave porque um/a professor/a que deveria (tentar) dar o exemplo aos/às seus/as alunos/as, afinal corrompe certas posturas éticas (sim, é uma questão, sobretudo, de ética).

Apesar de não haver uma relação de causa/efeito entre este singelo caso e o sistema educativo (seria de um enorme descrédito meramente opinativo fazê-lo), podemos extrapolar: é fácil perceber como é que a pressão de Bolonha, ao alargar as exigências para o doutoramento (e tendo como consequência directa, por um lado a desvalorização simbólica do mestrado, por outro a massificação e o alargamento das oportunidades educativas para muitos/as alunos/as), entra por um caminho perigoso entre as lógicas mercantis da e na educação, onde importa mais a quantidade do que a qualidade.

Este caso, que muito possivelmente será o escape goat ideal para descarregar as frustrações da crise no complexo sistema de Ensino Superior (só faltava a educação…), é sintomático de uma necessidade de “eticalizar” (atenção: “eticalizar” não é “moralizar”, enrijecer as regras ou controlar milimetricamente cada acto) e meta-analisar o sistema educativo português, nomeadamente, o académico pois, caros/as amigos/as, trata-se de um plágio, mas existem coisas, do meu ponto de vista, muito mais graves a ocorrerem neste meio…

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