terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pausa

É altura deste blogue hibernar durante algum tempo.

Frase da Semana



«A minha vida é como um circo: sou o leão e o meu próprio domador» Eu mesmo

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kadafi


Parece que o fim do mundo não acabou sexta-feira como tinha sido previsto mas para Kadafi foi exatamente isso o que aconteceu.

Feriado do Estado Laico

Feriados a serem extinguidos? Sexta-feira de Páscoa, Corpo de Deus, Assunção de Maria, Todos os Santos, Imaculada Conceição.

É vergonhoso eliminar os tempos livres da população mas já que se tem que o fazer (ok, é discutível mas...) eliminam-se os feriados religiosos. Vivemos num Estado Laico não?

P.S. O Governo em negociação com a Igreja. Sempre aprendi que não se deve negoceiar com organizações terroristas...

Alienação

A crise não é só de cariz económico mas também é uma crise de valores. O capitalismo cria indignação mas também alienação e indiferença. Aliás, consequências de indignação sem efeitos concretos (o risco das manifs...).

Creio que para essa "banalização do mal", como diria Arendt, estou a contribuir com a exibição do video mas é preciso por vezes olhar no espelho para ver à indignidade a que se pode chegar.

A anorexia do Estado continua

Os funcionários públicos recebem mais do que os privados. disse o primeiro-ministro. Pois

Mas os funcionários públicos são mais qualificados!

What?


Se a falta de inteligência cultural fosse um segredo da Cátia já estaria descoberto. A África é um país da América Latina?! Estamoa sempre a aprender...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sabia que a EDP provocava apagões...


... mas não deste género.

Há que chamar o boi pelos nomes


Susan Sarandon chama o Papa de nazi.

Para o diabo que vos ranking


Todos os anos a mesmíssima coisa, tão certo como o Natal calhar a 25 de Dezembro (variando apenas a existência ou não do seu respetivo subsídio) ou o Alberto João Jardim continuar a governar a Região Autónoma da Madeira (sempre com buraco, variando a descoberta ou encobrimento do próprio, mas nunca mudando a impunidade do dito cujo…). Falo evidentemente dos rankings das escolas que anualmente fazem as delícias dos/as voyeurs e dos/as opinion-makers, põem à tona a preocupação dos/as encarregados/as de educação e consequentemente dos/as professores/as e marcam o debate político informal (o blogue, o jornal, a rede social). Igualmente, todos os anos o rejubilar desdenhoso das escolas privadas sobre as escolas estatais (exceptuando quando as madalenas ofendidas exigem financiamento do erário público), todos os anos as retoricazinhas de vão de escada sobre a maravilha do privado, para um povo privado de si mesmo, todos os anos as más interpretações dos resultados (ou aquilo que em pedagogia se denomina de “performance”). Apetece exclamar: para o diabo que vos ranking!

Ora, para nos situarmos e começarmos por destruir algumas falácias que entorpecem o debate, não se deve nem se pode confundir “performance” com pedagogia propriamente dita, ou dito de outra forma, não se deve nem se pode misturar output com input (como se a explicação de uma realidade estivesse meramente nos seus efeitos ou vice-versa). E porquê? Pelo simples facto de não se poder justificar a suposta superioridade das escolas privadas por si mesmas - ou com base numa espécie de mérito, desempenho ou esforço inerente e inato – mas sim de condições objetivas, estruturais e extrínsecas que as fazem, por norma, liderar os rankings das escolas, sabendo claro que essa história dos rankings revela precisamente uma “necessidade” externa e ampla de competição e portanto é discutível (até porque se deve interrogar se, legitimando-se a competição, se trata de uma concorrência leal ou desleal). Em suma, parte-se do equívoco que as escolas privadas são melhores devido a uma ontologia da sua essência, uma espécie de código genético que as sustenta, uma característica intrínseca que marca a sua “natural” superioridade. Nada de mais errado.

A escola pública, porque pressupõe igualdade (de acesso, de oportunidades, de garantias, etc) serve particularmente as classes socialmente desfavorecidas conjuntamente com uma vasta e por vezes relutante classe média e uma parcela residual q.b. de classes médias-altas. Ora, as classes socialmente desfavorecidas são, grosso modo, desprovidas de capital económico mas também capital cultural e social; capitais esses essenciais para a formação e ascensão de um/a e qualquer sujeito/a no sistema educativo – e por extensão, social, económico e profissional – e, segundo as escalas, essenciais para a avaliação de qualidade dos ditos rankings. Em súmula, o privado não é melhor por obra do espírito santo, é melhor pela proveniência social dos alunos e das alunas, por norma, bem dotados/as de capitais e recursos (e quiçá, cunhas) que lhes permitem singrar. O discurso tresloucado da meritocracia tem rédeas curtas e tal, atenção!, não é negligenciar a importância da ascenção social e a valorização do empenho mas reconhecer que existem fatores que lhe são consubstancialmente externos.

Ricardo Paes Mendes usa uma ilustração ótima:

«(…) se alguém afirmar que os apoios públicos a estágios para recém-licenciados são um sucesso porque os estagiários encontram emprego ao fim de pouco tempo, devemos perguntar-nos se os estágios não estão a ser dirigidos para indivíduos cujas licenciaturas de base garantem à partida maior empregabilidade»

Outro fator está na origem desta disparidade público-privado e deve-se, como refere Nuno Serra evocado por Francisco Louça, à divergência geográfica. Na verdade, a escola do Estado encontra-se distribuída por todo o país, ao contrário da escola privada localizada essencialmente no perímetro litoral (área geográfica produtora de lucro e onde se localizam grandes partes dos serviços). De facto, no interior são 48% de escolas públicas contra 22% do privado. Tendo em conta que o privado encontra-se localizado fortemente no litoral, desresponsabiliza-se assim da garantia de um ensino universal e gratuito (aliás, nem é esse o seu desígnio já que o seu verdadeiro intento é a produção de lucro), percebe-se que a proveniência social dos/as estudantes continua a fazer sentido como critério magnus de verificação de qualidade dos rankings mesmo que disfarçada de explicação naturalista da ontologia do privado.

Outra questão prende-se exatamente com a natureza dos rankings e o sistema de avaliação. Serão os exames o único indicador da qualidade do desempenho das escolas? Os resultados, que muitas das vezes nada tem que ver com as aprendizagens (quem, - como a esmagadora maior parte das pessoas – andou na escola sabe que decorar e despejar, muitas vezes no dia anterior aos exames, é a regra), valem mais do que os processos de aprendizagem, formais e informais, que tem lugar na escola? Parece-me pois que a performance e o poder estatístico, porque são, á partida, neutros, procuram elucidar positivamente a coerência da avaliação. Erro crasso. O resultado não vale mais do que o processo. E, antecipando aquilo que os/as arautos/as da objetividade possam rebater, a subjetividade também se avalia. Pois então que variáveis específicas para avaliar? Tendo em conta o que foi dito anteriormente: por exemplo, o background social, económico, profissional e educativo dos/as encarregados/as de educação (ou não fossem esses critérios definitórios, embora limitativos, de “classe social”), as condições de conhecimento e acesso, por exemplo, a bens culturais ou espaços para estudo ou ajuda ao estudo, a organização da escola e a constituição das turmas, a qualidade do ensino dos/as professores/as (subentende-se que a relação cognitiva com os conteúdos é muitas vezes e implicitamente assumida como distanciada da relação com os/as professores/as o que passa por ser outra arteirice), a relação com os/as colegas, a geografia da escola, etc. Aliás, como avaliar alunos/as cujo encarregados/as de educação tem o dobro (ou o triplo, ou o quadruplo, ou…) do salário do/a professor/a que atribui a nota? Como avaliar a coerência, a fiabilidade e a justeza da nota atribuída?

O cheque-ensino tem sido outra questão que merece ser debatida. Acho particularmente interessante quando os/as neoliberais apregoam as boas novas do cheque-ensino com o lugar-comum da “liberdade de escolha”. Pergunto-me: se houvesse a possibilidade de os/as encarregados/as de educação escolherem a escola da sua “prole”, escolheriam as do setor público? Penso que não, por questões que são óbvias, nomeadamente, a ideia enganadora, e desconstruída aqui, de que as privadas são melhores ou o status simbólico (e ilusório) que a frequência nas privadas concede às famílias dos filhos e das filhas que as frequentam. Ora, importa refletir: isso não a) minaria a própria liberdade de escolha? b) pauperizava ainda mais o setor público pondo em causa a igualdade de acesso? Contudo, é isso que tem acontecido com uma parte da classe média iludida pela publicidade enganosa.

Todos os anos a mesmíssima cegueira de quem não vê – ou não quer vê – o que parece ser evidente e cristalino como água: embora na esteira do desenvolvimento da escola pública, com as suas crises e consolidações, o privado não é melhor. Apenas é socialmente construído como melhor (pelos media, por exemplo). Na verdade aquilo que parece natural, é de facto profundamente artificial. E isso não é privado no sentido de secreto, dissimulado, obscuro, encoberto, mas sim público no sentido de manifesto, notório, conhecido, patente.

Nossa, que biolência!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

18 de Outubro - Dia Internacional contra o Tráfico de Seres Humanos


Amanhã às 15h nos Aliados vai-se realizar uma manifestação contra o tráfico humano em jeito de comemoração do dia 18 de Outubro, Dia Internacional Contra o Tráfico de Seres Humanos - embora eu prefira a designação "animais humanos" -, uma realidade que limita muitos/as cidadãos/ãs (e outros/as) da plena usufruição dos seus direitos mais basilares como o direito à integridade, liberdade corporal ou pleno desenvolvimento da personalidade, dimensões aliás que a Constituição Portuguesa garante.

A manifestação é realizada pela Associação do Planeamento Familiar e na qual a NES - FPCEUP (Núcleo de Estudantes Socialistas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto) vai estar presente como forma de apoio simbólico. Se puderem apareçam!

Bicha palhaça

O Carlos da "Secret Story 2" disse que o casamento entre pessoas do mesmo sexo "é uma palhaçada". Bem, vindo de um gajo que é cabeleireiro...

Ai Sylar, Sylar



Zachary Quinto assume a sua homossexualidade. Bem, acho que vou imigrar para os EUA...

Frase da Semana


«None are so hopelessly enslaved as those who falsely believe they are free.» Goethe

domingo, 16 de outubro de 2011

Occupy Aliados Street



Muito se pode dizer sobre as manifestações de ontem, enquadradas naquilo que linearmente se pode chamar “os novos movimentos sociais” (apesar de os movimentos sociais serem vastos, i.e, manifestações de grupos da sociedade civil a protestarem contra o corte do financiamento público a entidades educativas privadas). Convêm no entanto separar as águas: as manifestações não são “os novos movimentos sociais”. Explicarei mais adiante.

A primeira ideia que convêm esclarecer e que é, por norma, bem produzida pelos media (sempre exímios na elaboração, mais do da sua fidedigna e axiologicamente neutra descrição, de “factos sociais”), é que estas novas manifestações assumem um caráter fortemente juvenil. Ora, os jovens e as jovens são uma presença incontestável (e incontestada) da manifestação mas não são a única. Esta ideia de associar os/as jovens ao movimento prende-se com uma forma de dominação gerontocrática e também como uma categorização falaciosa que associa “jovens”, “manifestações” e “delinquência”.

Desfeita esta ideia, olho para estas manifestações uma das formas mais vivas e saudáveis das democracias contemporâneas, não são eurocêntricas, mas mundiais. Pena que a sua representatividade possa ser escassa (afinal de contas, os movimentos são constituídos, nomeadamente, por pessoas urbanas, predominantemente de classe média e com acesso à internet).

Outro ponto a ser discutido (que é como diz, revisto) é a sua vertente efetiva. De fato, para uma real agência tem que haver um interesse comum para qual todas as ações sejam coordenadas. Só perante esta condição estamos perante uma ação coordenada que se pode chamar de ação coletiva. Não é o que acontece no movimento. Na verdade, pode-se admitir que as medidas de austeridade são um alvo a abater e daí a organização de um objetivo comum, contudo, os interesses e as propostas de procedimento são múltiplas. Por exemplo, o movimento “Occupy Wall Street” resultou de uma ação consciente que levou o movimento a protestar contra a organização que de facto está na origem da crise. Há uma consciência que não existe na manifestação de ontem (e nos novos movimentos sociais como associações feministas, por exemplo).

Desse ponto quero agora deter-me neste, intimamente ligado ao anterior: a falta de politização do movimento. Tende-se a admitir que os/as jovens não se interessam por política, que os políticos, homens e mulheres, são um tiranos e tiranas ou uns/mas indulgentes, que as verdadeiras soluções do mundo da vida encontram-se fora da esfera da ação política. Ora, o que tem acontecido (e o fenómeno da globalização e a heterogenização das causas tem sido exímio nesse processo; ver Paul Hilder) é que, ao contrário dessa crença, os/as jovens tem estado mais politizados do que nunca, contudo, a sua forma de politização é apartidária. Tal facto, leva a que se assista a) à heterogeneidade de posições dentro do mesmo partido (e que léxicos como “liberdade de voto” ou “liberdade de consciência” passem a fazer parte das ações parlamentares) e b) haja um desinteresse em afiliação em partidos, vistos como categorias homogéneas ossificadas e, por isso ou não, bacocas face à mudança social.

As manifestações atuais incorrem do mesmo erro: como não se politizam não alcançam objetivos concretos e portanto correm o risco de, ao serem formas de resistência (mais do que agência), serem absorvidas, assimiladas e reelaboradas como parte integrante da estrutura de dominação à qual elas inicialmente se contrapuseram: o capitalismo (ver o caso dos restaurantes vegetarianos: representam um estilo de vida que se opõe a uma norma dominante a nível da alimentação mas que depois passam a ser procurados por aqueles e aquelas que para essa norma contribuem como uma espécie de voyeurismo multicultural). De fato, aqui está a distinção entre manifestações (tradicionalmente despolitizadas) e “novos movimentos sociais” obrigatoriamente politizados (por exemplo, o movimento LGBT).

Repito: as manifestações (que diferem dos “novos movimentos sociais”) são louváveis e expressam, a nível europeu e não só, a indignação face às desigualdades sócio-económicas estruturantes, típicas nas sociedades do capitalismo flexível (ou neocapitalismo), contudo, é preciso sobre elas se produzirem conhecimentos (Ciências Sociais, hello) e se refletir sobre aquilo que considero handicaps das manifestações, a saber: a falta de representatividade interna, a incoerência na efetividade e o seu caráter despolitizado.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ação Coletiva

«None are so hopelessly enslaved as those who falsely believe they are free.» Goethe

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Homofobia importada

Deputado açoreano Pedro Medina sobre a marcha gay prevista realizar-se no próximo ano nos Açores:

«O Governo Regional dos Açores parece estar mais preocupado em importar eventos que não tem a ver com as nossas gentes, em vez de potenciar a nossa cultura»


Ora, portanto, os gays e as lésbicas não são gente e, tal como dizia o presidente do Irão em relação ao seu país, "isso" não existe aqui na nossa ilhota. Mas o melhor está para vir. O deputado, que condena importações culturalmente atípicas, remata (e por favor reparem no destacado):

«vasto conjunto de eventos de carácter cultural e religioso que se realizam no Arquipélago, nomeadamente, as festas de Freguesia em honra dos seus Padroeiros ou Padroeiras, e para os quais o Governo Regional não dá qualquer apoio, sendo estas manifestações culturais, populares e religiosas o maior chamariz dos nossos emigrantes que aproveitam estas festas para prestarem homenagem à sua terra e visitarem as suas famílias»

Isto do ser-se atípico tem muito que se lhe diga em tempos de globalização.

Fringe



Vi o episódio piloto desta série e não gostei. Achei-a demasiado fantasiosa e eu até gosto de sci-fi mas meus amigos e minhas amigas, os restantes episódios não tem nada a ver.

Afinal é uma série que, apesar de continuar fantasiosa (pessoas que viajam no tempo, humanos-monstros, vírus que controlam emoções, etc) – pensava que seria mais realista e fidedigna do ponto de vista científico, por exemplo, mostrar casos que, à partida, são cientificamente surreais digamos assim mas justificáveis –, prende bastante a atenção, com cenas bem produzidas que só pecam pela previsibilidade (i.e., cada episódio, um caso resolvido à boa maneira CSI).

Oliver é uma agente do FBI, apaixonado pelo seu companheiro de trabalho, John, detentor de um passado negro e entretanto este morre. Conjuntamente com Peter e o seu pai, Watson, um cientista louco, com tanto de genial como de comentários inoportunos, vai tentar desvendar um conjunto de casos misteriosos que desafiam os limites da Ciência onde a presença da empresa multimilionária, Massive Dynamics, é uma constante. A questão é: há limites para a Ciência? Para quem gosta de sci-fi não pode perder!

600 milhões???

De repente a Educação transformou-se num caso de “corte e costura”. Pena que de “costura” tenha muito pouco. Já de corte…

McHolocausto com sabor a natchos


Quando pensávamos que a América não podia descer mais fundo, seja com Guatanámo, seja com a aplicação da pena de morte (Troy Davis), isto:

Alabama reforça leis contra a imigração onde se prevê que, por exemplo, uma pessoa que pareça hispânica seja abordada pelas forças de segurança (!!!). Chamem-lhe a “Terra da Liberdade”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bananas


Desenganem-se aqueles/as que acham que, pelo título, vou discorrer o meu ácido sarcástico-sexual sobre delírios eróticos disfarçados de crónicas singelas de cariz claramente fálico, como manda o cardápio drag da gay culture. Não. Vou falar de política e neste campo (ou melhor, no que se refere a determinados setores desse campo) a única coisa onde posso introduzir (cof, cof) o "factor fálico" é mesmo na expressão do meu desejo libidinal de "mandar tudo para o caralho".

Pois bem, os resultados eleitorais para a eleição do Governo na Região Autónoma da Madeira deviam ser analisados, não por analistas políticos mas sim por psicólogos. Penso existir aqui material mais do que suficiente para a Psicologia Social de Massas (não sei se tal designação existe…) se entreter nos próximos dez milénios.

A vitória do PSD/Madeira, partido político com Alberto João Jardim à cabeça, provoca o nojo e o vómito a qualquer pessoa civilizada, seja ela ilhéu, continental, europeu, não-ocidental, etc. Os/As madeirenses que votaram Jardim fazem-me lembrar aquelas pessoas que, sendo acerrimamente contra as touradas, são vitimas constantes da ornamentação córnea e, perante tal evidência mais do que evidente (quando toda a gente já se esmerou em falinhas mansas para fazer ver ao manso a questão; afinal de contas, é-se o último ou última a saber), desatam num impulso, irrefletido ou não, a proteger o pobre amante, incompreendido claro, no seu amor fulgurante que faz a Santa Casa da Misericórdia e um rol de Instituições de Solidariedade Social parecerem mais forretas do que o Tio Patinhas.

Só encontro três explicações para tal facto: a conhecidíssima síndrome de Estocolmo ou a síndrome de ser português. A primeira reporta-se ao sentimento de afeto que a vitima (por exemplo, em casos de rapto ou abuso sexual) desenvolve pelo/a raptor/a ou agressor/a. A segunda trata-se de um factor histórico-cultural profundo que, ainda hoje não nos conseguimos desenvencilhar e é herdeiro do quase meio século de ditadura salazarista que tivemos e nisso madeirenses ou continentais, estamos todos/as no mesmo saco. Ou ilha. A terceira explicação? Puro sadismo.

Precisamos de alguém com (aparente?) pulso forte que nos diga o que fazer. Que tenha a palavra certa, o gesto certo, a atitude certa, o ato certo, enfim, “A” verdade singular, una, homogénea e infinitamente dogmática. E quem melhor para tal efeito do que um direitista extremista para quem o fascismo é bastante plausível, saudoso do demente slogan “Fátima, Fado e Futebol” e que diaboliza tudo o que é continental (e europeu e ocidental e mundial e planetário e… bem, “O Outro” é sempre “O Outro”) de uma forma escancaradamente populista, rude e empertigada? Aliás, esse culto ao Dux, tão evidente com Jardim, Salazar, Hitler, Mussolini ou até mesmo a Troika (sim, porque não tenho dúvidas nenhumas que iremos cumprir o programa, ao contrário da Grécia, sem grande agitação maior), é o sintoma mais claro da submissão bacoca das “nossas” gentes lusitanas (whatever that means), escondidinho no armário do pseudo-vanguardismo moderno das sociedades democráticas que dizemos amar.

Costuma-se dizer que cada um tem o que merece; a Democracia é assim mesmo, constituída por voz, voto e veto e, em alguns casos, não tem que ser racional, apesar de o seu (re) nascimento iluminista se dar sobre o símbolo, por vezes, retórico da Razão. Neste caso parece que os/as madeirenses tem o que merecem. Oxalá não caiam num buraco sem fundo. Ou melhor, em pleno estado de hipnose coletiva ainda não se deram conta da profundidade do buraco. Mas eles resumem bem o ser-se português: são aquilo que o senso comum da moral pública ou as epistemologias chamam de conformistas, a metáfora denomina de cegos e a minha avó designa de “bananas”. Ou não estivéssemos nós a falar da Madeira.

Negli(gente?)

A marcha contra a violência doméstica do último sábado no Porto fez-me averiguar o que propôs o atual Governo sobre esta matéria. A citar: “Será dado um especial enfoque à violência exercida em contexto doméstico sobre crianças, idosos, pessoas dependentes e com deficiência”. Pois, e o género?! Esperem, só se considerarem as mulheres como “pessoas dependentes”…

Numa altura em que três mulheres são Nobel e casos de impunidade face à violência domestica como este ocorrem perturbando as nossas vidas semi-privadas e semi-públicas (semi?), é flagrante e revoltante a desigualdade e, sobretudo, a falta de dignidade que este Governo finge não reparar para não ter a trabalheira de corrigir. A crise também é de valores (como se a crise económica, por si, não bastasse para aumentar os casos de violência...) e de valores o Governo tem-se demonstrado negligente.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Frase da Semana


«A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.» (Mario Quintana)

domingo, 9 de outubro de 2011

Eliad Cohen

Chama-se Eliah Cohen, teve em Portugal há pouco tempo (no Trumps em Lisboa) e é considerado um dos homens israelitas mais belos do mundo. E os judeus ainda conseguem não comer carne de porco...