terça-feira, 23 de março de 2010

Cada macaco no seu galho


2. Em segundo lugar, deve ser dito que a pederastia (ou a pedofilia como se convencionou dizer hoje) é uma afectação e um comportamento de origem estranha, que compete às ciências humanas iluminar. À ética compete dizer que esse comportamento não tem que ver directamente nem com a heterossexuali-dade nem mesmo com a homossexualidade. É algo diferente, claramente patológico, a nosso ver. Por isso, a ocorrência do abuso de crianças não tem que ver com a questão do celibato do clero católico. É necessário distinguir isto muito bem. Aliás, a grande maioria dos casos de abuso de crianças é cometido por pessoas que não têm vida celibatária por motivos religiosos. Às vezes são pais de família. Perante estes, a cultura comum não sente o mesmo efeito de escândalo que sente diante dos clérigos. Por isso, não seria de fazer uma ligação directa entre estes factos. Quanto à homossexualidade, é justo reconhecer que haveria que explicar o facto de a maioria dos abusos ocorrer entre adultos e crianças do mesmo sexo, no caso, do sexo masculino. Deixamos isso, igualmente, a quem tiver maior competência.

A ICAR não tem emenda. A sua obsessão em misturar duas realidades diferentes numa mesma amálgama psico-sexual é, de facto, patológica. As contradições, as mentiras infundadas disfarçadas de verdade sobre a aura de uma cientificidade e generalizações grosseiras.

1. O excerto de texto é tudo menos cientifíco. Porquê? Qual a metodologia? Citações? Estudos? Nenhuns;

2. O/a autor/a do texto não quer dizer se a homossexualidade se encaixa ou não numa dimensão patólogica. Em primeiro lugar, não teria dados cientifícos para o fazer e, mesmo que tivesse entra numa contradição enorme pois quando refere as "(...) outras preversões (...)" não descarta a homossexualidade das mesmas;

3. A maior contradição de todas: refere que a pedofilia nada tem a ver com homossexualidade mas, no final do texto, refere que a pedofilia mais frequente é a da cariz homossexual. Em primeiro lugar, É JUSTO perguntar-se: dados? Em segundo lugar (e aqui é flagrante), refere que, passo a citar: «(...) a grande maioria dos casos de abuso de crianças é cometido por pessoas que não têm vida celibatária por motivos religiosos. Às vezes são pais de família (...)». Isto é, a maior parte dos casos pedófilos são de índole heterossexual. Em que é que ficamos?! É o que dá a ICAR a tentar brincar aos psicólogos. Não resiste à tentação do poder triangular "Igreja-Medicina-Ciência". Não desiste de lutar contra a laicidade do Estado e do Saber;

4. Pederastia é DIFERENTE de pedofilia;

5. A tentativa de descartar a pedofilia dos padres é evidente. Nem que, para isso, se tenha que admitir que a pedofilia de cariz heterossexual e, intra-familiar, seja, deveras, muito frequente (correcção: a mais frequente)


Diz o padre Jorge: "Deixamos isso, igualmente, a quem tiver maior competência.". Algo em que estamos totalmente de acordo. Nem a ICAR nem o padre Jorge têm competência.

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