domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hercules & Love Affair - Blue Songs (2011)


Um dos álbuns mais aguardados do ano (para mim e para muita boa gente) foi o «Blue Songs» dos Hercules & Love Affair que saiu a 31 de Janeiro (e vazou pouco antes).

Não posso dizer que fiquei desiludido mas, verdade seja dita, o álbum não é perfeito e correspondeu exatamente à minha expetativa (o que não é necessariamente positivo pois podia ultrapassá-la).

Indo ao que interessa: o álbum começa por enveredar por umas canções mais sonoramente intensas caindo depois numa melancolia (Anthony?) pegajosa para posteriormente recuperar o ritmo e acabar numa única faixa entediante em tons de ressaca.

A abrir as hostes temos a melhor canção do álbum: «Painted Eyes». Recuperando a onda rítmica fulgurante do álbum anterior com pitadas de electro, som orquestral que confere tons apocalípticos e simultaneamente exóticos à coisa e letra a combinar, «Painted Eyes» é belíssima. «My House» (que já falei aqui), primeiro avanço do álbum, é uma ode aos eighties e à black music – a passar para os nineties - (o clipe teve direito a um clipe quase caseiro que parece ter sido gravado em VHS). Por breves momentos pensamos que entramos no universo de LCD Soundsystem (por causa do título) mas não. Quanto muito o universo «Hard Candy» de Madonna. Single esperado? Não mas original, lá isso é. Destaque para os sons guturais de Foxman.

Logo a seguir, «Answers come in dreams», mais soturna mas igualmente dançável e, sobretudo, altiva. «Leonora», que tanto faz lembrar as canções do último álbum, é mais romântica. Depois o pântano: «Blue Boy» é Bowie em formato acústico e culmina em tons de emancipação no final, «Blue Song» é um pouco mais agitada, selvática e agreste. O que mais se aproxima do espírito natural pré-Zen no meio do Amazonas.

A seguir os momentos mais entusiastas: «Falling» é uma das boas. Festiva e circense, não dá para parar com um refrão em reverberação. A conhecida «I Can’t Wait» é puro electro e invoca imagéticas policromáticas (ou vermelhas: “fire”). «Step Up», com o eloquente ex-vocalista dos Bloc Party (e agora com carreira a solo e que assumiu há pouco tempo a sua homossexualidade), Kele Orekeke, é noturna e sexy demonstrando que os H&LA não perderam a veia house de tal forma que nem soa a H&LA. «Visitor» é o momento alto de Wright e pisca o olho ao melhor electro de Miss Kittin. Por último, «It’s Alright» é música de ressaca na voz de Foxman. Saudosista e reconfortante como convém.

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