quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Extrema - Bichisse









Algo está a acontecer na extrema-direita.

Toda a gente sabe que as ideologias (Deus, Pátria e a Família) da extrema-direita são tão compatíveis com homossexualidade como a tribo Conguito da Guiné com o iPhone. Desde das primeiras publicações alemãs (muitas delas de extrema-esquerda) que punham em causa a virilidade do líder nazi Adolf Hitler e do seu braço (direito, pois claro), Ernest Röhm (consta que este gostava pouco da fruta) que o mundo percebeu que a intocabilidade moralista dos nazis tinha o seus dias contados. Na Holanda, em 2005, um líder de extrema-direita assumidamente gay (Fortuyn) morreu assassinado 3 dias após ter tomado posse como primeiro-ministro. Em 2008, Jorg Haider, líder do partido BZO austríaco que conseguiu 20% dos votos populares às eleições, também não escondia a sua homossexualidade de ninguém. No dia do acidente que lhe causou a morte tinha vindo dos bares gays da cidade. Stephen Petzner, antigo porta-voz era o delfim político e amante de Jorg Haider (lobby gay?).







A comunidade gay sempre teve a certeza que indivíduos que tinham comportamentos homofóbicos eram também, uma grande parte, homossexuais. Teoria essa fruto do senso comum e não da análise científica. Muitas vezes esse ódio internalizado é um mecanismo de defesa para assegurarem a sua virilidade perante a insegurança da possibilidade homossexual. É dizerem a eles mesmos: “Eu não posso ser gay! Eu não posso sofrer o mesmo tipo de ostracismo do que ele, logo vou goza-lo para me reafirmar como heterossexual!”. Este processo chama-se homofobia internalizada e é fruto de uma homossexualidade egodistónica. Processo esse que só faz sentido quando o individuo não esta tão seguro da sua preferência erótica. Se estiver seguro porque se sentiria ameaçado? Muitos homossexuais absorvem o preconceito de que são vitimas e exteriorizam para pessoas com a mesma orientação sexual, muitas vezes criando hierarquias dentro da própria comunidade gay (comentários referentes aos comportamentos masculinos/femininos: “Ai, aquele é tão bicha!”, ao papel sexual activo/passivo: “Aquele é uma passivona!” ou então ao comportamento sexual próprio da atitude pessoal: “Não vou a bares gays. São todos promíscuos lá!”. Como não existe diferenciação de sexos/géneros, claramente visíveis entre heterossexuais (homem/mulher) recorre-se a outros artifícios. Vale lembrar a insurreição de muitas mulheres contra os primeiros movimentos sufragistas ou o tumulto de muitos escravos negros contra os primeiros movimentos anti-esclavagistas? Muitas vezes, membros de determinado grupo, por conformismo, deixa-se levar pela estereotipização. Nesse contexto surge a ironia no uso da linguagem: os negros tratam-se por “nigga”, termo depreciativo usado nos EUA para designar “preto” ou os gays que se tratam por “queer” (bicha), termo depreciativo (um dos muitos) para designar gay. Eu chamo-lhe de Processo de Empowerment. O recurso a essa estratégia é dominar o bloqueio do termo diferenciador pela vítima do mesmo. É como pôr uma loira a contar uma anedota de loira, entendem pá? Haider, see you in hell.

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