quarta-feira, 27 de maio de 2009

Playlist II

White Lies – To lose my life



Os White Lies parecem ser a nova sensação da música inglesa com o seu álbum de estreia intitulado To Lose My Life. O single homónimo assim como os seus parceiros Farewell to the Fairground e Death sao um deleite para o ouvido. Som maquinal, bateria frenética mas rígida, imagética soturna mas sem cair no teatral gótico, desejo épico em voz grave, remetem-nos para os velhinhos Joy Division, The Chamaleons, The Bravery ou os mais recentes The Editors. Cuidado com eles!

Dance Area- AA 24 7



House com “H” maiúsculo. Puntz, puntz, puntz.

VV Brown – Crying Blood



Já não bastava a Duffy para concorrer com a Amy Winehouse. Do nada, surge a poderosa VV Brown que tal como o nome sugere tem mais uma característica peculiar que ajuda no processo de competição e as suas adversárias não possuem, apesar do esforço na atitude, estilo e voz: é negra. “Crying Blood” traz o lado softcore e selvático de Grace Jones, o frenesim doido de The Noisettes e a garra Winehousaniana. Se não metesse sangue poderia ser a canção título de uma série qualquer. Para ouvir sem moderação.

The Sounds – Dorchester Hotel



Formados em 99, os The Sounds praticam New Rave com laivos de punk, herdados de uma mistura camp (note-se o uso de sintetizadores) com riot girrrl. Os méritos deve-se essencialmente à vocalista (ninguém diria!): Maja Ivarsson (a Sónia Tavares?) com o seu vocal spunky, quase trocista. Frequentemente comparados a Blondie, The Cars, The Epoxies ou até Missing Persons, os The Sounds fizeram este torpedo indie para nos motivar para a pista de dança confusos?). Está no “Dying to say this to you” de 2006 e pega-se aos tímpanos mais rápido que a gripe suína.

Ladyhawke – Another runaway



Sintetizadores, som retro, refrão orelhudo e atitude rock. Ladyhawke quer mesmo conquistar a musica pop actual. Já faltou menos.

MGMT – Electric Feel



"Electric Feel is a shunting single that cobbles together the instrumental roving of Gary Numan, the high pitch vocal provocation of Scissor Sisters and tops it off with a Timo Maas vibe that varies in impact. Worldly, boundary crossing expressionism is the end result. It is sure to have a range of commentators drawing attention to this backward gazing, yet fresh feeling duo." - David Adair, Angry Ape
Quem fala assim…


Lykke Li- I'm Good, I'm Gone



Ela já veio a Portugal (Super Bock em Stock). É loira mas não faz música pop, pelo menos pop pura mas “indie pop” (seja lá o que isso for!). O seu nome é Lykke Li. Ou melhor, esse é o seu nome artístico, o verdadeiro é só trocar a ordem: Li Lykke e tem um sobrenome que mete medo ao susto: Zachirisson. Tem 22 anos, o seu álbum de estreia é produzido por Björn Yttling dos Peter Björn and John e intitula-se Youth Novels. Contém canções femininas e falsamente ingénuas que bebem da mesma fonte que Björk ou Mirah. Tem como referências Bon Iver, Nina Simone, Edith Piaf, A Tribe Called Quest e D’Angello. Sucedendo-se ao seu grande hit “A Little Bit” e ao imperativo “Dance Dance Dance”, surge este musculado “I’m Good I’m Gone”.

Simian Mobile Disco – Love



O house continua. Desta vez com o hit ibiziano (ou pachaniano, como quiserem) dos Simian Mobile Disco porque… os macacos também se apaixonam e o All I Need is Love dos The Beatles é demasiado cliché. Puntz, puntz, puntz. Destaque para o remix Beyond The Wizard's Sleeve.

Duffy – Rockferry



Desta vez, Duffy sussura-nos ao ouvido… e nós deixamo-nos embalar! Balada pop saudosista sem remorsos, aura de menina do coro e rouquidão soul. Para variar muito…

Jacksons 5 – Can You Feel It



De repente, regressamos aos inícios dos anos 80 e somos absorvidos pelo vortex funk que é este “Can you feel it”. Esta canção já foi samplada por Madonna (“Sorry”) e Tamperer (ft. Maya) (“Feel It”). O clã Jackson ainda era unido e feliz e Michael Jackson ainda era negro, aconselhável e são.

Amália Hoje – A Gaivota



Amália Hoje é um projecto de Sónia Tavares e Nuno Gonçalves, ambos dos The Gift, Fernando Ribeiro dos The Moonspell e Paulo Praça dos já falecidos Plaza. O objectivo do projecto é recriar, com novas roupagens, clássicos de Amália. O que une então a Sónia Tavares dos The Gift a Amália, ícone maior da música portuguesa? Exactamente. A alma Pop. Para quem suspeite que o fado possa ter uma alma pop (passo o pleonasmo), ouçe este “A Gaivota” e perceberá. É que sejamos sinceros: não há nada mais pop que Amália.

Kid Sister – Get Fresh




Kanye West de saias ou uma futura Missy Elliot?

La Rioux – Quicksand

Condensem Depeche Mode, Eurithmics, Human League, Yazzo e Prince numa figura franzina tipo Lilly Allen. Isso mesmo, La Rioux. É britânica e tudo. O electropop e o Euromilhões não tem assim tantas diferenças…

Fangoria – El cemitério de mi suenos



Acelerado como um boogie woogie psicótico, gótico como uma musica dos Nightwish e camp como uma Madonna latina de cabelo ruivo, de língua espanhola e sintetizadores a fazerem de castanholas. Se morrer é isto é bom estar no céu…

INXS – Dream on black girl (Roman Vincent Remix)



Do New Rave ao Rock foi um tirinho e mais ninguém os parou. Quer dizer, até 1997 com a morte do vocalista (suicídio? Asfixia? Kylie, ao quanto obrigas!), Michael Hutchence. De qualquer forma, os Depeche Mode australianos (e diga-se de passagem, mais roqueiros), se ainda existissem, votariam, de certeza, em Michelle Obama.

Desire – Under your spell



Tem nome luxuriante e fazem música de embalar.

Madonna – Miles Away (Morgan Page Remix)



Uma das melhores baladas ao violão da Rainha da Pop remixada por Morgan Page. Sobre a música postarei mais à frente, no post especial sobre Madonna, quanda ela lançar o seu 3º Greatest Hits (Setembro provavelmente). Este remix é só para nos lembrarmos o quão essencial é Madonna. Puntz, puntz, puntz.

Onde está o Queijo?


A estratégia da campanha eleitoral do CDS-PP é surrealmente fantástica. Gosto especialmente das tentativas de Paulo Portas e do seu “namorado” político, Nuno Melo, em parecerem afáveis e preocupados com as classes baixas, vulgo, relé. Demagogia barata, pasme-se, da direita!

Booomba... um movimento (pouco) sexy...



Há países que não aprendem lições. Nem mesmo com o exemplo do Japão, mesmo ali ao lado...

PDM



O António Lobo Antunes deve ter a mania que escreve bem. Como um professor de Educação Física que já tive, costumava dizer: “Se fosse modesto era perfeito”.

Trabalhos de grupo ou suicídio colectivo?


Os trabalhos de grupo são uma treta total. Pessoas que se baldam ou faltam, pessoas que não respeitam as nossas opiniões, pessoas que acham que são os donos absolutos das verdades, também elas, absolutas, pessoas que cismam connosco, empancam e depois mesmo que concordem insistem em não concordar (apesar do confronto com o óbvio), pessoas que não aceitam “nãos” ou críticas, pessoas que não cumprem as tarefas, pessoas que dispersam, pessoas que se justificam com “ah e tal, eu tenho família e é difícil conciliar tudo”, sim, porque nós não temos a nossa e tipo, é suposto estabelecermos uma? Além do mais, que raio então essa pessoa queixosa está a fazer na Faculdade? Faculdade não é o parque de diversões…



A minha questão é: nós pagamos as propinas em grupo?

Berlusconi rima com Mussolini




“O mundo é multiétnico, como Nova York, Londres, Paris, o próprio presidente dos EUA ou o AC Milan…” Ministra da Igualdade Italiana

O clube de futebol de que, por acaso, é proprietário Sílvio Berlusconi.

Enfim...

Salada Russa e juízes que deveriam ser condenados à prisão perpétua


Quando vejo algum paspalho (direita, religião e afins) a argumentar a favor da dimensão biológica/natureza em detrimento da educação/cultura, principalmente em casos em que o está em causa são as custódias das crianças, juro, dá-me um asco brutal. Hipocrisia da mais pura.



segunda-feira, 25 de maio de 2009

Horgias

Mas esperem aí que não percebi… o problema foi as considerações classistas e arrogantes da professora sobre os pais dos aluno/as ou o facto de se falar de sexo na sala de aula?



Já agora, é suposto as alunas andarem a gravar as conversas da sala de aula? A aula era sobre como ser-se uma boa detective?

Croissant indeciso

No menu da Faculdade:




Misto ou com queijo e fiambre???

Sou bissexual... Só me dou bem com dois na cama...




“Uma pessoa bissexual define-se por sentir atraída por homens e por mulheres… não ao mesmo tempo, não sei se percebeu…” Fernanda Câncio

O Alter-ego de Liza

Estou a realizar um trabalho no âmbito da disciplina de História da Educação Contemporânea e um dos métodos de realização consiste na análise de um manual escolar antigo. Numa das páginas encontrei a Liza Minelli, muito antes de ter nascido. Na verdade, chama-se Pedrinho. Tirei foto:


Frase da Semana


“Nada se pode saber – nem sequer isto.” Sexto Empírico (discípulo de Sócrates, pirronista)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Teoria da Costela Bi - As Falácias


Certo dia na Faculdade, fui surpreendido por um comentário da minha amiga, Paula. A Paula tem um amigo que, na loucura da Queima, lhe disse que “toda a mulher tem uma costela bi”. Escusado será dizer que o amigo da Paula é heterossexual né verdade?


Pessoalmente, não concordo nada com esta visão. Primeiro, a generalização falaciosa e tosca do pronome demonstrativo “toda” como se a excepção fosse uma miragem ou, em última instância, não houvesse espaço para uma larga maioria, excepcional até. Afinal de contas, só 10% da população é homossexual, segundo Kinsey. Ora, fazendo jus à estratégia da generalização, como toda a gente sabe a homossexualidade masculina é, de longe, mais frequente que a homossexualidade feminina. Basta ir a um bar gay (ou neste caso, LGBT).


Já se tornou um cliché mais do que verificável e, de certa forma até exaustivo, mencionar que a homossexualidade, ou melhor, a bissexualidade feminina faz parte do fetiche da esmagadora maioria dos homens heterossexuais. É algo que é reconhecido, na actualidade, com a crescente visibilidade, na sociedade, das questões ligadas à homossexualidade (até rimou) e com a recente abertura de mentalidades sobre a sexualidade em geral. O fetiche mencionado é um facto histórico documentado há séculos, tal como a própria homossexualidade masculina, que historicamente até é mais viabilizada, evidente e frequente, apesar de terem existido, durante a Idade Média (e ainda existirem) leis contra a homossexualidade masculina (sodomia) e não existirem para a homossexualidade feminina (porque será?).


Veja-se o caso das sociedades greco-romanas onde, apesar de extremamente machistas e misóginas, enquadravam a homossexualidade masculina num comportamento saudável e até pedagógico e a homossexualidade feminina era considerada, numa primeira fase, uma aberração, uma deformação da mulher e dos seus impulsos, e numa segunda fase minimamente aceitável (temos o caso da ilha de Lesbos, Safo e as Amazonas).


Razão para tal fetiche? A bissexualidade feminina dá ao homem uma sensação de “harém”. As mulheres preparam e cerimoniam o corpo, uma da outra, para o homem dar a golfada final com o seu pénis irrecusável. É por isso que o “lesbianismo puro” é refutado porque os homens acham que uma sexualidade sem pénis não é valida (pensamento muito gay, por sinal).

Como disse anteriormente, não concordo com esta visão mas compreendo o mecanismo por detrás dela. Não só o anseio libidinosamente patriarcal mas também a dinâmica por si só. O que quero dizer com isto? As mulheres heterossexuais são heterossexuais. Ponto. Não gostam de mulheres, não ficam lubrificadas com mulheres. Mas elas não são burras. Elas sabem que os maridos, namorados, etc gostavam secretamente de vê-la com outra mulher (nalguns casos, extra-monogâmicos) então, muitas aceitam, não porque gostam mas simplesmente para agradar. Faz parte da natureza submissa feminina. Não é uma questão de orientação sexual. De desejo interior profundo. É uma questão de comportamento. Superficial, fingido e ridículo. E os homens heterossexuais flirtam com essa possibilidade homoerótica…


É como o futebol: o homem no sofá a ver a Liga dos Últimos, a esposa detesta mas lá vai mandando uns bitaites para mostrar ao marido que não é néscia e até é uma boa esposa…


São esses badamecos machistas que conspurcam a liberdade homossexual. São capazes de tratar os gays abaixo de merda porque não reproduzem (o argumento patético do costume) mas não condenam o lesbianismo. Ora caros amigos, como costumo dizer, cona com cona também não dá bebés. O mais irónico da história, é que perante tal resposta são capazes de afirmar que “sim, mas lésbicas gosto e homens não acho atraente”, como se fosse preciso insultar, bater ou desprezar algo de que simplesmente não apreciamos. Por essa ordem, os gays andavam a alvejar mulheres, os jovens a apedrejar velhinhos e os divinizados com o dom da beleza recusavam-se a ver o Mister Bean.


Depois perante o comentário inverso (“todos os homens tem uma costela bi”) irritam-se e mudam de assunto, ou então, tal observação é imediatamente refutada, como manda a lei dos machões latinos do século XXI, com o argumento “ah, as mulheres são mais bonitas, atraem-se umas às outras”. Eu passo a explicar o que está por detrás desse pensamento:

A sexualidade do homem (gay ou hetero, principalmente) é egocêntrica. Faz parte da natureza masculina. Claro que existem excepções mas, por norma, é assim que funciona. Todo o homem heterossexual acha que os seus gostos são normativos e ideiais, logo também acha que a própria mulher tem que arcar com eles. Na cabeça deles (ou nas cabeças deles), o seu desejo por mulheres puxa também as próprias mulheres para a luxúria. Inconscientemente estão a desvalorizar o gosto próprio da mulher heterossexual por homens e a desvalorizar a sua própria beleza masculina. Aliás, estão-se a desvalorizar a eles mesmos e os seus atributos em detrimento da homossexualidade feminina e a conspirar com um modelo de não perpetuação da espécie (não é esse o argumento deles contra os gays?).


Há um livro que apareceu nos EUA sobre a amizade entre as mulheres (Faderman, L. Surpassing the Love of Men. New York: William Marrow, 1980). É muito bem documentado a partir de testemunhos de relações de afeição e paixão entre mulheres. No prefácio, a autora diz que ela havia partido da idéia de detectar as relações homossexuais e se deu por conta de que essas relações não somente não estavam sempre presentes, mas que não era interessante saber se se poderia chamar a isso de homossexualidade ou não. E que, deixando a relação desdobrar-se tal como ela aparece nas palavras e nos gestos, apareceriam outras coisas bastante essenciais: amores, afetos densos, maravilhosos, ensolarados ou mesmo, muito tristes, muito obscuros. Este livro mostra também em que ponto o corpo da mulher desempenhou um grande papel e os contatos entre os corpos femininos: uma mulher penteia outra mulher, ela se deixa maquiar e vestir. As mulheres teriam direito ao corpo de outras mulheres, segurar pela cintura, abraçar-se. O corpo do homem estava proibido ao homem de maneira mais drástica. Se é verdade que a vida entre mulheres era tolerada, é somente em certos períodos e a partir do séc. XIX que a vida entre homens foi, não somente tolerada, mas rigorosamente obrigatória: simplesmente durante as guerras.
Igualmente nos campos de prisioneiros. Havia soldados, jovens oficiais que passaram meses, anos juntos. Durante a guerra de 1914, os homens viviam completamente juntos, uns sobre aos outros, e, para eles isso não era nada, na medida em que a morte estava ali; e de onde finalmente a devoção de um ao outro, o serviço feito era sancionado por um jogo de vida e morte. Fora algumas frases sobre o coleguismo, sobre a fraternidade da alma, de alguns testemunhos muito parciais, o que se sabe sobre furacões afetivos, sobre essas tempestades do coração que puderam haver ali nesses momentos? E alguém pode perguntar o faz que nessas guerras absurdas, grotescas, nesses massacres infernais, que as pessoas, apesar de tudo, tenham se sustentado? Sem dúvida, um tecido afetivo. Não quero dizer que era porque eles estavam amando uns aos outros que continuavam combatendo. Mas a honra, a coragem, a dignidade, o sacrifício, sair da trincheira com o companheiro, diante do companheiro, isso implicava uma trama afetiva muito intensa. Isto não quer dizer: "Ah, está ai a homossexualidade!" Detesto este tipo de raciocínio. Mas sem dúvida se tem ai uma das condições, não a única, que permitiu suportar essa vida infernal em que as pessoas, durante semanas, rolassem no barro, entre os cadáveres, a merda, se arrebentassem de fome; e estivessem bêbadas na manhã do ataque.
Eu queria dizer, enfim, que qualquer coisa refletida e voluntária, como uma publicação, deveria tornar possível uma cultura homossexual, isto é, possibilitar os instrumentos para relações polimorfas, variáveis, individualmente moduladas. Mas a idéia de um programa e de proposições é perigosa. Desde que um programa se apresenta, ele faz lei, é uma proibição de inventar. Deveria haver uma inventividade própria de uma situação como a nossa e que estas vontades disso que os americanos chamam de comming out, isto é, de se manifestar. O programa deve ser vazio. É preciso cavar para mostrar como as coisas foram historicamente contingentes, por tal ou qual razão inteligíveis, mas não necessárias. É preciso fazer aparecer o inteligível sob o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo?


De l'amitié comme mode de vie. Entrevista de Michel Foucault a R. de Ceccaty, J. Danet e J. le Bitoux, publicada no jornal Gai Pied, nº 25, abril de 1981, pp. 38-39. Tradução de wanderson flor do nascimento.

A adoração às lesbicas (desculpem-me as mulheres lésbicas ou bissexuais) irrita-me pela simples razão de que se trata de machismo puro. Porque aliás, NENHUM homem heterossexual conseguirá nada com uma mulher lésbica, como eles possam pensar à partida, por razões óbvias. As percentagens disso acontecer são as mesmas de um homem gay conseguir algo com eles.

Como Kinsey, o pai da sexologia, comprovou nos anos 50, através dos seus famosos relatórios, 37% dos homens já tiverem, pelo menos, uma experiência homossexual com direito a orgasmo, sem no entanto, se auto-identificarem como gays. Homens que se masturbam em conjunto, homens que se “descaem” quando estão bêbedos, homens que, perante uma mulher, eram capazes de ter relações sexuais com outro homem se desempenharem o papel activo, homens que, a troco de dinheiro, fazem sexo com homens, considerando-se heterossexuais e que posteriormente, apesar de acharem mulheres mais desejável, acham agradável sexo com homens, homens que em universos masculinos fechados como prisões, quartéis militares ou seminários/colégios recorrem a sexo homossexual como “recurso na ausência de mulheres”. Essas são as condições necessárias para se defender que “todo o homem tem uma costela bi”, só que as mulheres encontram na admissão da sua experiência, homo ou bi, um sentimento generalizadamente fetichista e aceitável chegando muitas vezes a “inventar” na prática de tais actos e o homem esconde porque sabe que isso será visto como um atentado à sua virilidade e altamente rejeitável. É por isso que se dá a impressão que toda a mulher tem uma costela bi e os homens não.

Estes homens heterossexuais que, nas prisões, fazem sexo com outros homens enquadram-se na categoria dos pseudo-homossexuais, e os seus comportamentos homossexuais são muitas vezes designados como «actividades de recurso na ausência de mulheres». No entanto, os que falam de homossexualidade situacional esquecem que até mesmo numa prisão essas actividades podem ocorrer com forte envolvimento afectivo e que esses homens, bem como os jovens prostitutos masculinos, são capazes de reagir eroticamente a estímulos masculinos, com fortes erecções e abundante troca de carícias e beijos. Como demonstrou Alarid (2000), os homens bissexuais que preferem predominantemente mulheres e são sexualmente activos sentem-se menos seguros e mais pressionados pelos outros para fazerem sexo. Estas observações exigem que se dê mais atenção aos comportamentos homosociais e que se estude o seu papel ao longo da evolução humana, porquanto parecem apontar para um novo conceito de sexualidade de género masculino. Ao longo do tempo, verificámos que muitos prostitutos masculinos supostamente heterossexuais que fazem sexo com homens em troca de dinheiro começaram a fazer sexo grátis com homens que consideram atractivos e, mesmo que se casem mais tarde ou já sejam casados, não deixam de ter sexo com outros homens.


Joaquim Francisco Saraiva de Sousa (Extracto alterado da Tese de Doutoramento)

Esse facto de discrepância entre géneros deve-se fundamentalmente à sociedade machista em que (ainda) vivemos e a critérios heterossexistas que se prendem com a reprodução. Na Alemanha nazi, mais precisamente nos campos de concentração, os gays possuíam o triângulo rosa (que posteriormente se tornou um símbolo LGBT) ao passo que as lésbicas possuíam o triângulo negro. Porque é que, se ambos são homossexuais e logo pertencem à mesma categoria, considerada abjecta pelo regime fascista, não tinham o mesmo triângulo? Porque os gays já não tinham remédio quanto à procriação, enquanto as lésbicas poderiam procriar se fossem violadas porque para haver acto sexual não é preciso que elas fiquem excitadas, é só preciso que abram as pernas. Contudo, os gays nunca teriam uma erecção para efectuar a penetração com uma mulher, logo a reprodução estaria irremediavelmente perdida. Essa é a razão inconsciente para que a homossexualidade masculina, embora muito mais frequente e visível, seja também considerada mais inútil e estigmatizada do que a feminina que possui contornos de voyeur, de sexualidade de adorno. Basta ver na lei de muitos países que condenam o sexo gay e nada prevêem quanto ao sexo lésbico.

Repare-se na monstruosidade machista por detrás deste esquema onde a mulher é percepcionada como um mero objecto violável, sem direitos, em detrimento de uma dimensão colectiva: a espécie. Não é esse o mesmo pensamento retrógrado de quem apoia a lei, em vigor em muitos países árabes e africanos, que prevê a cisão do clítoris da mulher?


As mulheres têm uma costela bi porque os homens querem que elas tenham uma costela bi. Mas quem defende esta teoria tem obrigatoriamente que reconhecer: herdaram essa costela do homem, o Adão.

Frase da Semana


“Reparo que mesmo as pessoas que afirmam que tudo está predestinado e que não há nada a fazer contra isso não deixam de olhar antes de atravessar a rua” Stephen Hawking, físico

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Eurovisão – O Festival mais gay da Europa (ok, o segundo mais gay, o primeiro são as festas da Faculdade)

Por Amor da Santa

Quem rouba mais?




Eu cá não sei mas a Fátima de Felgueiras sempre é mais honesta e admite, não usa a fé (seja lá o que isso for) para extorquir umas coroas. Só por isso merecia a nossa devoção. Quanto à outra… Bem, mal por mal vou ligar a televisão na SIC de manhã e a ver a Fátima. A Lopes. E mesmo assim não tenho sorte: está lá a Merche! Por Amor da Santa

A Faca e o Queijo


Vocês não têm a noção dos trabalhos que os professores universitários nos impõem. Na perspectiva implícita deles, nós não deveríamos ter vida pessoal e a nossa única função é executar afazeres. Defende-se dizendo que o “ensino é uma democracia”, desde quando? Se aquele que tem a faca e o queijo na mão diz isso, não sei se devo cofiar. Discurso típico daqueles que tem o poder! Aliás, aquele que tem a faca e o queijo na mão normalmente emprega sempre o discurso da (pseudo) democracia… É fácil, é barato mas o Cristo continua na cruz. Ou seja, nós aluno/as.
Sem Marias Madalenas…

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Parabéns NatchoBOX (O Milagre da Aparição)


Bem, e hoje o meu blogue faz um aninho.


Poderia dissertar sobre as múltiplas razões pelas quais decidi criar um blogue argumentando, inclusive, que o blogue é uma coisa estritamente pessoal, como ouço dizer em pessoas cultíssimas que alegam ter um QI superior a 20, que o blogue é como uma receita médica: cheia de verdades absolutas (como se houvesse alguma verdade absoluta numa aspirina C) ou que, num blogue estão medidas que prometem acabar com esta crise e como bónus até se propõem extinguir com a gripe A (o que certamente daria muito trabalho, tal é a quantidade de porco/as que por aí andam).


O blogue não é suposto ser algo magnífico como um corta-unhas ou colossal como uma batedeira eléctrica mas sim um exercício agradável para quem o lê e para quem o apresenta, divertido e de conteúdo diversificado (e ao dizer o que não é suposto, estou implicitamente a dizer o que é suposto e é horrível!). Pelo menos, para mim. O meu blogue é, ou pretendeu ser, uma espécie de esponja cultural onde se abordam assuntos muito brega, como os brasileiros lhe chamam e de uma forma muito light, sem a preocupação de “ser algo mais” Não é o meu divã freudiano mas, de certa forma, encerra nele muito do meu imaginário. Imaginário que sei, que embora unipessoal, é partilhável e muitas pessoas se identificam (apesar dos leitores assíduos serem meia dúzia). Apesar de todas as dificuldades (por exemplo, estou sem internet desde Agosto do ano passado), procurei fazer do meu blogue um lugar onde se poderia dispensar 2, 3 minutos e ficar-se na mesma mas faz bem ao ego. É como comprar um chocolate e oferecer-se a si mesmo, embora nada disto seja um desígnio egocêntrico, de mim para mim. O cyberspaço é tudo menos íntimo...

Agora com licença, que o meu blogue vai soprar as velas! ;)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lost in Translation


“A sociedade e os cidadãos confiam na PSP” Rui Pereira, Ministro da Administração Interna


Oh senhor ministro, especifique: que sociedade? Que cidadãos? Não me parece que estejamos a falar do mesmo país…

Anjos e Demónios

Apesar de não ligar patavina a filmes sensacionalistas, este aguarda-me no fim de semana. Nem que seja pelo Tom Hanks

Descubra as diferenças


A estupidez é biológica?


“ São poucos os psicólogos que ligam a homossexualidade a factores hereditários” Ilídio Leandro, bispo de Viseu (link da notícia)


Poucos? (link)

Belo osso

David Boreanaz é um moçoilo bem afeiçoado e é capaz de destronar o Ricky Martin do trono de supremo sex symbol latino. Confesso: ele era a razão pela qual eu via a Buffy, caçadora de vampiros. Ai o Angel. Anjos só nos céu e o David é bem terreno.








































Agora participa na série norte-americana Ossos e podem-me chamar de cão. Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...