domingo, 28 de fevereiro de 2010

A inveja - pecado capital das bichas sem honra


A inveja, tal como os restantes seis pecados (e muitos outros por inventar), é uma constante universal. Afecta qualquer um e qualquer uma, independentemente do sexo, raça/etnia/nacionalidade, orientação sexual/identidade de género, profissão/classe social, religião, etc. É algo que, à partida, não poderemos escapar. Contudo, existem grupos em cujo o pecado da inveja pode ser mais ou menos intenso. Por exemplo, os gays frustrados e/ou solteiros.

É uma terrível patologia. Bicha sofre com a inveja que é uma coisa louca. Mecanismo de defesa pelas suas frustrações? Completamente! Há algo no sorriso do outro, na sua atitude, na sua pose, na sua aparência em estar bem que afronta a frustração do invejoso. Essa aura de optimismo não pode passar sem um arraso, uma palavra ácida, um venenozinho que, ora é fatalmente imediato, ora demora a demonstrar os seus efeitos mortais.

Invejoso que se preze (ou que tenha algum brio) nunca é demasiado directo. Há invariavelmente uma contextualização para destilar o veneno e, claro, tacto, porque se a artimanha é imediatamente desmontada então o invejoso corre o sério risco de ser identificado como ele é: um invejoso! Dessa forma, a dissimulação, mentira e omissão são estratégias mais que utilizadas no processo de caça à vítima.

Bichas em risco de destilarem veneno:

Aquelas cujo namoros não resultaram lá muito bem e que, por isso, concentram-se em atacar o namoro dos outrNegritoos, São as invejosas mais comuns. Dor de amor é fatal. O seu lema é: "se comigo não resultou, contigo muito menos";

Aquelas que padecem de ausência de beleza física (ou por desgraça ou por fatalidade - acidental ou natural - como a idade, por exemplo). Aqui a inveja é perpétua. Na impossibilidade de o invejado tornar-se feio ou velho, antes do tempo, toca a infernizar a vida do invejado. Também se inclui a categoria de poder e riqueza;

Aquelas que encaram o processo de arraso como um ritual de passagem na comunidade "bichas forever". Usualmente são novas, crescem e restam-lhes dois caminhos: ou enveredam pela área do transformismo ou pela área da prostituição.

A vingança andam sempre de mãos dadas com o esquema da inveja. Se não mordeu hoje está à espera do momento supremo que lhe dê validade e segurança. São as piores! Aquelas que mordem pela calada...

Tratamento?

Se o objectivo é a provocação fácil, fruto de uma inveja sádica, então não há nada melhor que frustrar esse objectivo e não dar muita importância. Ora, esse estrategema parece, à primeira vista, inoperacional, na medida em que nos vai colocar no papel de "arrasadas sem resposta". Não, não. Vai frustrar os planos da invejosa pois os seus objectivos de destabilização não serão alcançados e só lhe restará duas alternativas: desistir (uma bicha com honra, mesmo para uma invejosa, não pensaria noutra coisa) ou inflamar o discurso (o que é um risco pois poderá parecer uma louca desvairada, o que no fundo, é mas tenta não transparecer; bichas assim, que perdem o controlo, só se espatifam na sujeira que criam).

E sorria, sorria sempre. Não há nada que irrite mais uma bicha invejosa que um belo, seguro e rasgado sorriso.

Rock in Rio (só espero que não meta água...)

Shakira - 21/05 - Bom dia para abanar ancas



Muse - 27/05 - A Bela Vista transformada num autêntico caleidoscópio



Myley Cyrus - 29/05 - Vómito absoluto



Rammstein - 30/05 - Dia Internacional do Moche

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Rendimentos mínimos e reformas máximas

A direita é contra o rendimento mínimo. Facto. O rendimento mínimo é uma forma de controlo social na medida em que regula e mantêm a diferenciação de classes (suportando o conformismo da classe mais baixa). Facto. Não estaremos perante uma incoerência ideológica?

E já agora quem fiscaliza as reformas milionárias?

Superbock armada em supercock


Parece que a publicidade da Superbock anda a causar burburinho. Porquê? Porque a imagem utilizada na promoção do produto é um corpo feminino, com os seios em foco, apertadamente inseridos num robe e as letras garrafais passam uma mensagem marota que servem, tanto para a garrafa como para o robe em questão. No fundo, "o prazer é todo seu", neste caso, do homem heterossexual.
Pois, habituem-se. A publicidade das cervejas, ou giram em torno da exploração do corpo feminino ou em torno de homofobias bacocas (ver o anúncio da Tagus há uns anos atrás) e, como neste último caso, a polémica em torno delas só suscita maior visibilidade e, à partida, consequentemente, maior probabilidades de venda. Sexismo? Provavelmente. Se fosse o corpo de um homem continuaria a ser sexismo? Não porque em termos de simbologia social continuaria a haver uma discrepância de género na forma como, à partida, homens e mulheres se revêm quanto à sua sexualidade e género. Parece-me que o anúncio possa passar a imagem de um enquadramento num determinado papel social quanto ao género. Mulheres usadas para prazer sexual, independentemente de terem prazer ou não, o "prazer é todo do homem" e o homem vai para a sala beber uma superbock. É uma possibilidade de interpretação. Contudo, poderemos formular outra: a mulher tem liberdade para expôr o seu corpo e isso é um avanço na medida em que ela domina o seu corpo (se este pode vir a ser um produto ou não é outra história que nos levaria a feminismos anti-pornografia, por exemplo).
Eu acredito mais na primeira possibilidade mas devia-se ter um pouco mais de consciência: é uma publicidade de uma cerveja, for god sake!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Dois postes que não pode recusar

Um sobre a desigualdade económica no blogue "Ladrões de Bicicletas".

Outro sobre a tragédia da Madeira no blogue "Solstício" (o meu blogue preferido!).

Não felar em espaços fechados (perdão, fumar)


Se o objectivo é evitar o consumo do tabaco, meus caros e minhas caras, lamento informar mas o objectivo será exactamente o oposto!

Eu, por exemplo. Não fumava mas agora vou ponderar o caso... Caso para dizer, passo de fumador passivo a fumador activo.

A single man - (é o que estou a deixar de ser?)



Hoje (quer dizer, ontem) fui ver o "A Single Man" ao Cidade do Porto com uma (a?) pessoa especial (sim, a mesma pela qual descobri a rota do chá). Fui ao cinema do Porto três vezes, além desta, ver filmes, mais concretamente "Milk" e "Hunger" (nomes irónicos, conjungados). Há algo de morbidamente kitsch naquelas salas frias, escuras e solitárias que me agrada. Bem, falando do filme: a primeira coisa que salta à vista é a sua excelente produção. A imagem retocada, noir; o excelente guarda-roupa, imaculado (tomara, é um filme de Tom Ford!); a fidelidade temporal (patente na rectidão dos penteados colmeia e do sentimento pré-revolta dos anos 60); as referências à cultura gay (James Dean, marinheiros, uma cena de golden shower, desejo sexual psicanalítico pela melhor amiga, ópera, breakfast at Tifanny's, a melancolia/suícidio, e até o efeito diva-femme-fatale da Julianne Moore - Almodóvar?) marcam um certo estilo do realizador e nem o facto de este ser o Tom Ford, o que à partida seria motivo para torcer o nariz, lhe retira qualidade. Pontos fracos? A duração do filme pois parece que só passaram 30 minutos até ao final, o final arrepiante que nos faz pensar sobre as questões do destino/livre arbítrio, a escassez de cenas explicítamente gays apesar de haver um beijo soft logo no ínicio e, o principal, a falta de um apogeu na história, responsável pela ténue sensação de filme curto. O tic toc constante, a música de fundo e a presença de Julianne Moore faz-nos parecer que nos enganamos na sala e estamos a ver "As Horas", não que seja grave, pelo contrário, Tom Ford anda a ter umas lições de enredos queer. Nota? 4

Ok, 5 (pela companhia) :)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Polvo com figos


Para contradiar a tese do polvo com figos, excelente texto de João Rodrigues.

Madeira rachada


A notícia do dia. Quando se pensava que o Haiti era o início do fim, uma tempestade abateu-se sobre a Madeira e serviu de manchete para os três telejornais portugueses alimentando assim a fome canibalesca de imagens de desespero, medo e alienação de pessoas REAIS em situações REAIS e não, não estou a falar da tempestade inquisitorial do Alberto João Jardim, esse sim, um atentado à liberdade de expressão. Estou a falar mesmo de uma catastrófe natural (não que sejam coisas muito diferentes).
AJJ pediu: "cuidado com as dramatizações!" Pois, pois, orgulhosamente sós né seu republicano?!

Frase da semana


Quando o dedo aponta para o céu, o idiota olha para o dedo! (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Out of the bars into the streets, Isilda Bryant is coming



É hoje a manifestação pró-família (ou melhor, pró-determinado modelo de família) e a favor do referendo (ou melhor, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo). Define-se por ser pró-vida (no entanto quer que os paneleiros morram todos) e levam à rua a fúria dos portugueses (tal e qual um auto de fé; a questão é: de todos portugueses ou de alguns portugueses?). Parece ser neutral (contudo, tem nazis e padres, lado a lado, a manifestarem-se) e acham que as crianças devem crescer com amor (amor ou modelos para a procriação?).

Há pessoas que, pensando que estão a fazer algo positivo pela democracia (liberdade de expressão/reunião), estão a atentar contra ela (anti-igualdade, anti-fraternidade, anti-liberdade, anti-pluralismo, anti-inclusão). Fascismo?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Entre a alegria e a nobreza (venha a esquerda e escolha)


É uma tristeza ver a esquerda desunida e a direita unificada em detrimento de argumentos bacocos a defender a liberdade de expressão e afins, criando assim um bode expiatório no Governo e mais concretamente na figura de Sócrates. Com que direito falará a direita conservadora de liberdade de expressão? Por outro lado, que caminhos a esquerda ousa trilhar para desmembrar uma direita que parece ter mais consciência de classe?

Para juntar à festa temos a candidatura de Fernando Nobre, presidente da AMI, às próximas presidenciais e fazendo frente a um outro candidato muito pouco consensual, o Manuel Alegre.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Frase da semana


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Saint-Exupéry em "O principezinho")

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Domingo Portugal parou


Portugal adooora Zé Marias!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

No dia em que ninguém leva nada a mal


Mascarado de fooofinhõ. Ou serei mesmo?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Love is in the air...



Hoje é dia dos namorados (ou melhor, d@s namorad@s) e curiosamente também é o dia da disfunção eréctil. De facto, um mal nunca vêm só...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

chaaã/ chã da Pérsia, chã da Índia, chã chinês

Piso 2 - restaurante
entrada


esplanada


entrada da rua

Descobri este sítio através de uma pessoa especial. Já tinha ouvido falar mas nunca cheguei a explorar o lugar. Chama-se rota do chá e é um sítio agradável para tomar um belo de um chá (tem milhares sabores de variadíssimas nacionalidades/culturas). É super zen, decorado com motivos orientais e gay friendly (ou devo dizer lesbo friendly?). Aconselho vivamente!


Rota do Chá
Rua Miguel Bombarda, 457
(+351) 220 136 726 / 914 394 027 miguelort@sapo.pt
Seg-Qui, 12h-20h. Sex-Sáb, 12h-24h. Dom, 13h-20h /Mon-Thu, 12pm-8pm. Fri-Sat, 12pm-12am. Sun, 1pm-8pm

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

E seu o teu pai fosse gay...




E como estamos numa de campanhas aqui fica a nova campanha da ILGA para a consciencialização das famíias homoparentais e para a existência de homossexuais no seio das mais diversas famílias (o que, tradicionalmente, o estereótipo faz esquecer: que gays e lésbicas são pais, mães, filhos e filhas, irmãos e irmãs, etc). Campanha com mensagem forte e directa. Note-se a utilização do termo "gay" - mais transgressivo e político - e a construção da história que, à primeira vista, sugere que a descoberta vêm do filho e não do pai (o que seria o mais comum) mas é justamente o oposto.

Também existe a versão lésbica mas enquanto que a versão gay vai passar nas televisões (e não em cartaz) a versão lésbica será espalhada em cartaz (e não nas televisões).



A mensagem nas televisões será, em príncipio, mais difundida e têm possibilidade de chegar a públicos mais recônditos (idosos, por exemplo), e tal facto deve-se fundamentalmente ao preconceito sexista de quem acha que dois homens não conseguem educar crianças como duas mulheres. A campanha é patrocinada pela Lowe Activism.



Precauções

Certamente já viu este cartaz, por aí, espalhado em outdoors de paragens de autocarro. Pois é. É a mais recente campanha contra o HIV-Sida e que têm como púbico os gays (ou para ser politicamente correcto, os homens que tem relações sexuais com outros homens). Existe a versão para relações sérias e para relações menos sérias (mas igualmente divertidas).


foto: cartaz dirigido às relações fugazes. Não consigo encontrar o das relações monogâmicas. Irónico...

Spots publicitários





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pensar positivo

Sempre achei uma causa justa a luta contra o HIV-Sida. Talvez por ser gay e reconhecendo a historicidade que, infelizmente, liga os homossexuais à questão do HIV-sida.

Não é algo que diz respeito só a um determinado grupo mas a tod@s nós e, por isso, em certa parte, tod@s nós o temos. Porque só conseguimos ser um país decente enquanto nos responsabilizarmos pel@s outr@s e pelas suas condições, aos mais variados níveis.

A luta contra o HIV-sida assume duas frentes: prevenção/tratamento (a sua vertente tradicional) e, uma outra: o combate ao estigma, um estigma não só socialmente difundido (seronegativo - seropositvo) mas interior (seronegativo - seropositivo). Só vencendo as vergonhas interiorizadas é que se consegue ter consciência de grupo e tornar a luta por um objectivo mais coerente, eficaz e assertiva e não pactuar com fracturações. Só assim estaremos a cumprir o nosso papel de cidadãos e cidadãs.


Esta semana fiz novos amigos e sinto-me bem. Mais lúcido. Foi uma semana positiva! :)

video: Campanha Anti-discriminação VIH/SIDA Associação SER+ GAT

para conhecer pessoas seropositivas, um site rico em informação: http://positivopt.ning.com/

liberdade de expressão ou liberdade para devastar a privacidade dos outros?


Quando a direita fala sobre liberdade de expressão tremo um bocado. Porquê? Porque a direita faz, invariavelmente, mau uso dos conceitos. Acha que, por exemplo, a liberdade de expressão é denegrir outrem em seu próprio benefício e onde a vitimização cumpre um papel fulcral.

Uma conversa privada não pode ser transformada num auto de fé senão íamos, um/a a um/a, para a impiedosa fogueira. Sem liberdade de expressão ou liberdade alguma. Existem regras sociais que estão implícitas: não tossir para a frente de alguém, não fixar o olhar nos outros no autocarro, etc. Outras regras se fundamentam no princípio civilizatório da cordialidade e do tacto. Isto é, posso não gostar muito de alguém mas, para não entrar em conflitos, trato essa pessoa com algum respeito e, numa conversa privada, posso fazer uso da minha LIBERDADE DE EXPRESSÃO para expressar a minha verdade sobre essa pessoa. É básico. Cinismo? Em certa medida, mas o que seria o mundo sem algum cinismo? Um campo de batalha, talvez.

Acho reles gravarem-se conversas privadas para depois se apregoar o princípio da liberdade de expressão. Isto agora era um pagode!


Um príncipe num cavalo blanco

A Blanco anda com uma colecção bem porreira. No folheto sobre as calças masculinas esmerou-se, particularmente no modelo (que não consegui descobrir o nome). Há calças para todos os gostos e o modelo ficava melhor sem elas.






















segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Playlist de Fevereiro

Playlist do mês passado:

1 - Edward Maya e Vika - Stereo Love
2 - Naturi Naughton - Fame
3 - Calvin Harris - Flashback
4 - Adam Lambert - Mad World
5 - Lady GaGa - Bad Romance
6 - Gui Boratto - No Turning Back
7 - Diego Miranda ft. Liliana - Ibiza For Dream
8 - Madonna - CElebration (Benny Benassi Remix)
9 - Robbie Williams - Last Days Of Disco
10 - Hercules & Love Affair - I Can't Wait
11 - Pet Shop Boys - Love Etc
12 - Paul Kalkbrenner - La Mezcla Remix


Playlist de Fevereiro

Covers, retrocidades, pop feminino em abundância e convites declarados à pista de dança. Assim é a playlist de fevereiro, mês do Carnaval, do namoro e do regresso à normalidade laboral.

Talking Heads - Psycho Killer





Bemvind@s ao punk/new age pós-70. Apetece mesmo cantar: "fa fa fa fa fa fa fa fa fa better run run run run run run awaaaaay" até à exaustão. É a minha música de 2010 e faz-me lembrar o meu melhor amigo.

Legendary Tiger Man ft. Maria de Mendeiros - These boots are made for walking





Retirado do seu albúm "Femina" onde até Peaches dá o ar de sua graça. Esta versão capricha no erotismo ingénuo e lascivamente lânguido de Nancy Sinatra tranportado para o universo vintage e esquizóide de (pasme-se!!!) Inês de Mendeiros.

Leona Lewis - Outta My Head





Leona Lewis é daquelas cantoras que está destinada a permanecer no meu top de cantoras que merecem ser queimadas vivas. Só lhe perdoo por causa desta "outta my head" que tem precisamente esse efeito: não saí da cabeça. Why? É muito diferente daquilo que ela faz: mexida, voz inteligente sem cair no rídiculo mariah careyano do vozeirão em cada refrão e altiva. Estás salva Leona.

Michael Bubble - Cry Me A River





Passava perfeitamente por ser uma música do 007. Charmosa, recupera toda o glam da Belle Epoque e faz-nos desejar martinis com azeitonas a cada minuto. Com duas pedras de gelo Michael.


The Alice Band - Don't fear the reaper






Este clássico rock dos anos 80 (dos Blue Oyster Cult) já foi recriado por muita boa gente inclusive Hercules & Love Affair mas é na voz do grupo The Alice Band que ganha uma "felinidade" feminina e um arojo que só o início do século 00 poderia proporcionar.

Telephoned - Pop Champagne





Playlist que se preze tem que ter house. Nem que seja do mais moderno. E como estamos numa de charme aqui vai uma canção em primeira mão de um grupo que promete: The Telephoned, constituído pelo DJ Sammy Bananas e pela vocalista, Maggie Horn; uma mistura mais vivaz do que Glass Candy e menos soturna do que Cardigans. Fazem uma mistura de melodias auto-tune, com rotações hip-hop e bebem do melhor pop new-school."Pop Champagne" é um torpedo electro que nos entra pela casa e nos embriaga.

Erasure - Take A Chance On Me





Gay é insuficiente para caracterizar este cover dos ABBA na voz dos Erasure. É a mesmissima coisa que pôr Lady GaGa a fazer covers da Madonna. Dúvidas? Vejam o clipe. Ainda pensavam que "A Little Respect" era a mais camp...

CSS - Move (Cut Cop Remix)





Uma canção que me faz lembrar o meu bar preferido: o Lusitano e que poderia acasalar perfeitamente com a "Sunshine" dos Crazy Penis.

Metallica - Enter Sandman





Deu na GiGi e incitou o moche absoluto. Metallica, como nunca os veremos.

Rihanna - Russian Roulette





A nova Beyonce canta o desamor e cria um videoclipe inteligente e transtornado. Recadinho para Chris Brown?

And the winner is...


... Taylor Lautner! O vencedor da enquete é o lobinho do Crespúsculo.

Frase da semana

"Só nos consciencializamos da beleza da vida com a iminência da morte" Eu mesmo

E os óculos permaneceram no sítio



Definitivamente corre o sério risco de ser um dos vídeos mais vistos do Youtube :D

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Chamava-se GiGi/ Vestia de organi


Ontem fui à GiGi no Triplex. A famosa festa gay-friendly (ou hetero friendly, whatever...) que acontece todos os primeiros sábados de cada mês, orgíaca e onde há de tudo, até homofóbic@s. A música bebe do melhor que os seventies/eighties têm para oferecer e consegue juntar na mesma playlist Metallica, Dartacão e Donna Summer. Quem vai à GiGi para dançar bem pode esquecer, quem vai para lá com o espiríto de moche então bem se pode dar por satisfeito.

Nota: 4 de 0 a 5.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Sexo I


Entrar num salão de cabeleireiro feminino é mais intoxicante do que viver numa cabana em Chernobyl. Pego na maçaneta da porta, rodo-a e, de repente, os meus passos desaceleram, o meu cabelo esvoaça, os olhares femininos contemplam-me como numa série teenager. Não que eu seja um Brad Pitt em potencial ou porque, de repente, fui abençoado por um manancial de fantasias hetero, mas tal desabafo faz-me bem; haverá outros gays na mesma situação? É o preço a pagar por ser esse salão o único num raio de 5000 km, da minha casa, ou, em última instância, aprendo eu mesmo a arte de cortar relva, interiorizo o meu alter-ego masoquista e corto eu mesmo o meu próprio cabeo, escusando de asfixiar numa sala com mulheres que têm idade para serem minhas tetravôs a babarem-se para cima do meu cabelo ainda por cortar. A quantidade de informações úteis ali concentradas dava para tema de conversa de G8's durante três milénios. Não só G8's mas G9's, G10's, G100's. Em suma, um sem-fim de G's. E não é que G é a letra certa? O ponto G que elas anseiam encontrar e G aquilo que eu sou: gay! gay! gay!

É um mito dizer que os gays se sentem à vontade com mulheres. Eu sinto-me como se me estivesse a afundar, alguém me fizesse respiração boca-a-boca e, logo de seguida, me apertasse o pescoço e me lançasse para alto-mar de novo. Suo. Tremo. De certa forma, os salões de cabeleireiro femininos, por norma, possuem a mesma leviandade do sexo.

Quinta descobri que o sexo não passa do esfreganço de partes do corpo às partes do corpo dos outros e que o prazer é um mero simbologismo mental. Não há nada de romântico, metafísico ou mega-decisivo nesse acto. E detesto chegar a esse tipo de conclusões. Contudo, é reconfortante. É reconfortante porque tornando o sexo banal reduz a minha ansiedade em relação a ele e, portanto, consigo passar muito bem com a sensação de que o sexo pode ser conseguido com um estalar de dedos *triic* (esperem, vou ter que terminar o texto, venho já...)

... e que nada muda, eu não mudo, o mundo não muda, só porque não consigo (vou usar uma expressão muito feia mas bem ilustrativa) "esvaziar os tomates" hoje. Não lhe tenho que dizer "corta!" como num filme de porno rasca mas a minha cabeleireira sempre me pergunta, depois de discutir temas como gravidez adolescente, plásticas, página da necrologia no jornal e receitas de empadão com atum: como quer que eu corte?

Eu poderia responder: curto, muito curto. Amanha já está grande outra vez.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Homem sem bolas


Tiger Woods, viciado em sexo, não bate bem da moina. Outro triste exemplo de machismo e misogenia o que fica muito mal num famoso, herói de milhões... e de "milhonas".

Confundir algas com Política...


"As algas são lodo" Rafael


foto: crise chega ao IKEA.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Adopção - verdades e fálacias


O tema da adopção de crianças por parte de casais homossexuais (gays e lésbicas) é um tema definitivamente sensível. Não para mim mas para o resto da sociedade. Para mim parece-me óbvio que para criar/educar bem uma criança é só preciso:

• Criação de laços afectivos/amor;

• Estabilidade relacional;

• Dedicação/atenção;

• algum poder económico;

• algum conhecimento tácito e especifíco (saber mudar fraldas, brincar, etc).

e não simplesmente “uma componente feminina” e uma “componente masculina” (aliás, desconheço o significado subjacente aos termos em questão – um homem efeminado pode ser tido como “uma componente feminina”?), senão teríamos que considerar que não há nada de errado com os milhares de crianças que são maltratadas, lá está, por “uma componente feminina” e por “uma componente masculina”. Daí concluir que a sociedade anda um bocadinho confusa nos seus valores o que me permite perceber porque é que afinal andam por aí tantos mentecaptos.

Por norma, os argumentos contra a adopção de crianças por casais homossexuais costumam andar à volta de três conjuntos de argumentos:

1. Argumentos de estereotipia;
2. Argumentos da sexualidade da criança;
3. Argumentos sobre o preconceito dos outros.

Conjunto 1 - O primeiro conjunto de argumentos refere-se aos estereótipos sobre os próprios homossexuais e a liderar este conjunto está o preconceito que tenta, a todo custo, vincular a homossexualidade à pedofilia. De tal forma, que a expressão “interesse supremo da criança”, tanto utilizada no caso “Casa Pia”, costuma ser empregue também na questão da adopção. A mais terrível das falácias. Porquê?

Em primeiro lugar, qualquer cidadão/cidadã civilizado/a sabe a distinção entre homossexualidade e pedofilia. É a distinção entre uma sexualidade entre duas pessoas adultas e uma sexualidade (nem sei se lhe posso chamar de “sexualidade”) entre um/a adulto/a e uma criança. Por outro lado, os casais homossexuais não têm mais tendência para a pedofilia do que os casais heterossexuais, sendo que o contrário já não se pode dizer com tanta convicção pois é, muitas vezes, no seio das próprias famílias (hetero) que se dão os abusos sexuais. É claro que os conservadores argumentarão que existe sempre o perigo de haver casais homossexuais pedófilos. Ok, reconheço essa possibilidade (embora tal constatação é, per si, um equívoco porque se são casais - pessoas adultas - à partida, já não serão pedófilos/as), no entanto, não deve ser por causa dessa hipótese que se não se deva alargar o direito da adopção a casais homossexuais. Por uma meia dúzia de possíveis casais homossexuais pedófilos (já ouviram algum caso?) não se pode impedir milhares de crianças de serem felizes em lares homoparentais estáveis que serão uma maioria em relação aos primeiros.

Existem outros estereótipos. Alguns dizem respeito à questão da promiscuidade/infidelidade, instabilidade e violência doméstica o que conduziria o casal ao divórcio e tal seria negativo, em termos de exemplo e termos de equilíbrio psicológico e bem-estar, para as crianças. Não será preciso explicitar que em casais heterossexuais esta realidade é, de longe, a mais comum. Em suma, argumentos de estereotipia são os mais fáceis de desmontar.

Conjunto 2 - O segundo conjunto de argumentos refere-se à sexualidade da criança. Ou seja, a sexualidade da criança seria influenciada pela sexualidade dos/as pais/mães e/ou então esta sofreria alguma confusão de género, o que escusado será dizer que a influência só será negativa se se der no sentido da homossexualidade. Embora de mais difícil desconstrução pois exige estatística, outra falácia. Passo a explicar em vários tópicos:

1. O bónus da prova – Está provado, salvo erro pela Associação de Psicologia Norte-americana, que a orientação sexual dos/as pais/mães não influencia a orientação sexual da criança;

2. Referência de género – A criança terá sempre referenciais de género (homens ou mulheres) para se identificar. Na televisão, na família, na escola, na rua, etc. Obviamente que não tenho o curso de futurologia mas também ninguém tem o curso de futurologia para negar o meu pressuposto;

3. O carácter fixo da orientação sexual – Seria fácil dizer que a homossexualidade, tal como a heterossexualidade, é uma característica biológica/genética mas infelizmente isso encerra em si vários perigos e não sabemos concretamente qual é a origem exacta da homossexualidade nem da própria heterossexualidade já que factores como, por exemplo, a liberdade de escolha, são decisivos na construção da identidade sexual de cada um/a. Nem sei se seria interessante tal discussão. Sabemos sim que a orientação sexual (hetero ou homo) é, à partida, uma característica, mais ou menos, fixa e inconsciente, com a particularidade de a heterossexualidade ser maioritária e a homossexualidade minoritária, logo a orientação sexual não pode ser linearmente alterável ou influenciável. Repito, não tenho o curso de futurologia mas as hipóteses de as coisas sempre funcionarem assim são muito grandes;

4. A inoperância da educação – Os filhos e filhas de casais homossexuais, à partida, serão heterossexuais como alguns estudos recentes o demonstram. Os conservadores argumentarão que a possibilidade de estes/as virem a ser homossexuais é maior. Óbvio! Os casais homossexuais serão, por norma, mais tolerantes à futura exposição da orientação sexual (hetero ou homo) dos/as filhos/as, ao contrário dos pais heterossexuais que esperam invariavelmente que os seus/suas filhos/as sejam heterossexuais, logo essas crianças homossexuais terão que se auto-reprimir, o que não acontece com as crianças, hetero ou homo, em lares homoparentais. Vale dizer ainda que se todos e todas nós somos educados/as, implicitamente ou explicitamente, a sermos heterossexuais porque é que existem homossexuais? Essa questão é, aliás, um argumento pertinente e muito utilizado neste conjunto 2;

5. O excedente fértil – A adopção está dependente de um excedente fértil de relações heterossexuais. Ora, nós sabemos que as dificuldades da vida serão sempre tão adversas que, infelizmente, existirão sempre crianças disponíveis para a adopção. Quem evoca este argumento esquece-se dos milhões de meninos e meninas africanos/as sem um lar, por exemplo. Por outro lado, nem todos os casais homossexuais querem adoptar e nem todos os casais homossexuais recorrem à adopção para constituir família. Muitos deles têm filhos/as biológicos (veja-se o exemplo de casais de lésbicas que recorrem à inseminação artificial). Este é o tipo de argumentos catástrofe (ad terrorem). É a mesma coisa, por exemplo, que dizer que não podemos permitir a heterossexualidade senão os homens vão começar a fornicar com cadelas. É o apocalipse;

6. A legitimidade de ser-se homossexual – Não é tão viável ser homossexual como heterossexual? Mesmo que as crianças adoptadas por casais homossexuais se tornarem TODAS homossexuais (o que me parece uma generalização ridícula), elas serão sempre uma minoria logo a reprodução biológica nunca ficará comprometida;

7. Modelo hipotético de organização da adopção homossexual – Eu costumo, com este argumento, fazer uma graçola: se realmente a orientação sexual dos pais/mães influenciar a orientação sexual dos/das filhos/as então daremos os meninos a casais de lésbicas e as meninas a casais de gays. Serão heterossexuais na certa. Já estou a ver as meninas a fazer show de drag, com 3 anos, maquilhada com a ajuda dos seus pais e os meninos a beberem cerveja e arrotarem alapados no sofá com as suas duas mães.

Conjunto 3 - O último conjunto de argumentos refere-se aos preconceitos dos outros. Isto é, as crianças criadas por casais gays e lésbicos sofrerão discriminação, serão fortemente vítimas de estigma, ai meu deus! Parece-me óbvio que o problema aqui é o preconceito homofóbico dos outros e não o facto de a criança ser educada por pais/mães homossexuais. É esse preconceito que tem que ser socialmente trabalhado. Vale referir que todas as crianças sofrem discriminação (por usarem óculos, por ser gordas, por vestirem marcas, por serem inteligentes, etc), agora a discriminação destas não se compara a discriminação de grupos tradicionais como as mulheres, os negros/etnias ou a dos LGBT’s, discriminações, muitas vezes, patrocinadas pelos próprios Estados, pois esta última discriminação é uma discriminação de ódio, insulto (“as putas”, “os pretos”, “os paneleiros”), agressão e que afecta gravemente a vida das pessoas. Acho incrível que os conservadores se indignem com o possível preconceitos dos outros nestes casos (como se isso fosse uma certeza ou como se eles próprios não estivessem a contribuir para esse preconceito) e não se revoltem com os milhares de crianças e adolescentes que são vitimas de bullying homofóbico nas escolas levando muitos e muitas deles/as a terem que abandonar os estudos. Incoerências…

Outras observações

Convêm referir ainda que a adopção em nome singular já possível em Portugal e portanto existem já crianças a serem educadas por pessoas homossexuais e que depois se juntam com a pessoa com quem amam. A diferença está entre um casal ou uma pessoa. É justos não lhes darem reconhecimento legal? É justo o Estado negligenciar esses casais (e o seu reconhecimento como casais), responsáveis por um bem precioso: a criança?

A questão da adopção, pelo contrário que pareça, normalmente surge em primeiro lugar do que a questão do casamento. Por exemplo, muitos estados dos EUA (país tradicionalmente homofóbico) vêem com melhores olhos a adopção do que o casamento (mais ligado com a religião – católica, mórmon, judia, etc) tanto que, na maior parte deles, a adopção por casais homossexuais, reconhecidos pelas uniões civis, é uma realidade (não sei se estou a dizer um grande disparate mas confirmem-me). As pessoas preocupadas com as crianças que estão em instituições sem ninguém tomar delas compreendem que é melhor para as crianças estarem com pessoas que as amam e são capazes de as educar. E eu bem sei que as instituições não são todas iguais mas temos que considerar que muitas delas são um descalabro e muitas crianças chegam a ser vítimas de abusos sexuais de padres pedófilos (veja-se o exemplo irlandês).

Acho indecente os argumentos do “não”. Acho indecente que estereótipos descabidos dos outros impeçam as pessoas de concretizarem os seus múltiplos projectos de vida, como por exemplo, constituírem família com a pessoa com quem amam. De facto, o que está em jogo é o supremo interesse da criança:

Adopção JÁ!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria (1932 - 2010)


Quem me quiser

Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.

Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.

Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.

Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente

O texto que gostaria de ter escrito sobre a questão da burqa

Retirado do blogue "Solstício" do Nuno Castro.


« (...) a burca representa uma tradição cultural que considera o corpo da mulher como “vergonha”, e este zelo pelo corpo feminino só pode ser compreendido quando contrastado com a honra masculina. Por conseguinte, temos que a vergonha do pecado feminino que a mulher carrega é o simétrico da honra sexual do homem. Que o homem deva zelar pela sua honra sexual, é já motivo para alargada discussão; que o faça através do espartilhar do corpo feminino, é motivo para imediata condenação. Em resumo, a construção da identidade masculina muçulmana é tributária da intensidade de pudor e vergonha mostrado pela mulher (...)»

Clique no excerto de texto, em cima, para ler o texto original.

Olé tradição, Olé



Crespalhices


Diz o Nuno Castro no seu blogue "Solstício" (a minha recente descoberta):


« (...) Ao omitir, judiciosamente, o nome do tal executivo da televisão – que afinal é o patrão de Mário Crespo – o jornalista está a reincidir no viés desta visão unilateral. O mesmo caso aconteceu com Manuela Moura Guedes, não admira portanto que esta venha agora a terreiro emprestar o seu ombro ao companheiro ferido. O que estes dois jornalistas fazem é usar o discurso da vitimização com o intuito de ocultarem a prática da canibalização. No fundo, tendo chegado onde chegaram, sabem perfeitamente que o jogo está viciado à partida (como podem não saber se são eles que constroem diariamente o jogo?). Mas apenas quando são eles as (supostas) vítimas da promiscuidade informativa é que se lembram de lançar anátemas como virgens ofendidas.


Estes dois jornalitas não me merecem respeito. Foram sempre a jogo, quando este lhes era favorável. Tinham poder para não o fazer. Mas o conservadorismo que ambos apregoam como raison d’être, sempre os deixou confortáveis com a configuração dos poderes. Nunca lhes pareceu censurável a força dos grandes da televisão e do jornalismo; nunca lhes pareceu estranho a concentração partidária dos órgãos de comunicação social onde trabalham; nunca acharam escandalosas as fortunas geradas, justamente, pelo privilégio em aceder a informação privilegiada e em saber movimentar-se nos meios apropriados. Eles são parte da máquina e trabalharam para a fazer. Quando esta, porque possui uma voracidade imparável, lhes tritura os próprios dedos, saltam como se lhes picassem o cu. Alguma vez Mário Crespo afirmou ter dado aulas na Independente aquando da polémica Sócrates? E não foi ele um dos “encrespados” jornalistas perante as manigâncias da licenciatura socrática? Estão a ver a contradição (se não estiverem então é porque já vos deveria ter sido diagnosticada morte cerebral)? (...)»

Não acrescentaria uma vírgula. Perfeito!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

10 clipes (insuspeitavelmente?) gays

Sim, eu sei que a expressão "insuspeitavelmente" é duvidosa pois toda a gente é gay até prova do contrário mas, seja como for, decidi elaborar uma listinha de 10 clipes que, à partida, não associamos à cultura LGBT mas que também não passam despercebidos a uma segunda leitura. Daí que não mencione aqueles clichés que vão da Glória Gaynor a Pet Shop Boys. O que se pode fazer? Os artigos da Out inspiram-me.

Ok, definitivamente o "insuspeitavelmente" é só para atrair leitor@s para o meu poste.

1 - Judas Priest - "Hot Rockin'" (1981)



Quem disse que os gays são todos fascinados por lantejoulas e cores luminosas? Alguns usam cabedal.

2 - Menudo - "Hold Me" (1985)



Michael Jackson em potencial ou prémio para o clipe hetero mais gay da história da música? Um impúrbere Rick Martin dá o ar de sua graça para ajudar na sua escolha.

3 - Anthony & Jonhson - "Epilepsy is dancing" (2009)



A inspiração de Devendra Banhart.

4 - The B-52’s, “Love Shack” (1989)



Os anos 70 foram lugares emancipatórios e os B-52's deram uma ajuda.

5 - Pet Shop Boys - "Domino Dancing" (1988)



Pet Shop Boys - Domino Dancing
by martin1976

Eu prometi que não falava nos PSB. Que querem? Dois jovens morenaços e lisinhos fazem-me perder as forças. Poderia dar uma bela história de amor heterossexual mas no final uma luta entre galos converte-se num convite à luxúria à beira-mar.


6 - Kylie Minogue - "Slow" (2003)



Se Madonna nunca tivesse existido, Kylie era a rainha guardiã do bichedo mundial. Pede ela calma mas é muito difícil controlar com os meninos de sunga que aparecem no clipe a incitarem a múltiplos pensamentos orgísticos.

7 - Rammstein - "Mann Gegen Mann" (2006)



Rammstein Mann Gegen Mann
by phatt

Homem que é homem leva no padeiro, diz o ditado. Rammstein são uma banda de homens, portanto.


8 - Diana Ross - "Muscles" (1982)




O nome diz tudo.

9 - Marc Almond - "Ruby Red" (1989)



Quaisquer Tainted Love quais quê. Marc ficou apanhado pela onda homoerótica de Querelle e não faz a coisa por menos.

10 - Take That - "Do what you like" (1991)



O esteréotipo das boysband como um bando de gays com acne começou aqui. Nota: no final, não há nada como 5 belos bumbuns. Robbie Williams inclusivé.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Seu árabe, filho de uma burqa


A questão da proibição do uso do véu, que veio a lume com as posições do presidente francês, Sarkosy, é uma questão polémica porque qualquer que seja a posição que tomemos, entramos sempre numa contradição entre a nossa identidade de liberais ou conservadores, quanto aos costumes e, portanto, a nossa opinião, mesmo que fundamentada, será, por norma, uma posição frágil e fragmentada. Estive a pensar nesta questão e não consigo ser linear e incisivo numa posição "contra" ou "a favor". Vejamos:

  • Se, por um lado, a liberdade no uso do véu representa o exemplo máximo da liberdade (individual, corporal e de expressão), valor implícito na nossa República e na nossa (ou melhor, toda) democracia, por outro lado, representa, no seu simbolismo cultural, a submissão da mulher e de uma cultura profundamente fundamentalista e sexista;
  • Se por um lado representa essa indignidade no estatuto simbólico-civil da mulher, e portanto não pode ser permitido o seu uso (embora não seja razão suficiente porque o plano simbólico pode diferir do plano material/legal e, na sociedade francesa, o uso do véu ser apenas uma escolha livre da mulher), por outro lado, pode indicar uma crescente islamofobia da Europa actual face ao crescimento multidimensional do mundo árabe (alguém, alguma vez, proibiu as freiras de usarem os seus trajes?);
  • Se por um lado pode indicar uma islamofobia camuflada, com tudo o que isso implica (xenofobia, preconceito, estereótipo, medo do "diferente", etc), por outro lado, parece-me óbvio que existem regras que devemos cumprir sob pena de nos comprometer as relações sociais, regras essas que vão desde da proibição do nudismo, por atentado ao pudor, ou na necessidade evidente de mostrar a cara, quando falamos com alguém, por exemplo;
  • Se por um lado as relações sociais obriga-nos a essa necessidade (embora seja uma necessidade interpretativa e meramente individual pois cada um/a interpreta determinadas realidades como necessidades ou não) e a essa exposição mínima obrigatória, por outro lado é complicada a identificação precisa daquilo que pode comprometer as nossas relações sociais, neste caso, por impossibilidade de reconhecimento de um rosto (óculos escuros e um gorro podem comprometer a identificação de uma pessoa, no entanto, ninguém proíbe o seu uso);
  • Se, por um lado, pode comprometer a identificação de uma pessoa, por outro lado, pode significar a supremacia de uma religião sobre outra, claramente minoritária, num Estado, como o Estado francês, e numa comunidade, como a UE, que se diz laica e pluralista.

Temos que prestar atenção a todos os sinais que nos são fornecidos sobre a posição argumentativa de alguém. Esta discussão nos conduzirá a conceitos tão pertinentes como multiculturalismo (ou interculturalidade - eu prefiro este -), relativismo (se temos que respeitar todas as culturas porque não respeitamos a excisão do clitóris da mulher praticada, como ritual e/ou pena, em algumas culturas africanas?), etc.

"O que é ser francês?" perguntou Eric Besson, presidente da Imigração e da Identidade Nacional (seja lá o que isso for...). E aqui está o perigo. De facto, esta questão conduzem-nos, não só a uma evidente islamofobia crescente, mas a um nacionalismo bacoco que é preciso destituir e que ameaça os valores republicano-democráticos basilares da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Definir algo é perceber que não conseguimos definir coisa alguma. É criar uma normatividade que se defende precisamente com os "seus" desvios, mesmo sem ter algo que a suporte porque o conceito em si verdadeiramente não existe. Tomemos, como exemplo, a proibição dos casamentos inter-raciais. Como definimos raça? Uma pessoa mulata (nem considerada 100% branc@ nem 100% negr@) pode casar com uma pessoa branca? Como se define alguém que é mulat@? E branc@? Quer dizer, entre pessoas consideradas brancas existem umas mais que outras, certo?

As questões de identidades culturais são assim. É muito dificil determinarmos uma identidade. Essa dificuldade pode ser má, porque impede a construção de um lugar reinvidicatório definido mas pode ser boa porque elimina racismos e responde à pergunta de Eric Belsson: "o que é ser francês?". É ser muitas coisas...

Em suma, sou contra a proibição do uso do véu pelo manacial de pseudo-argumentos que escondem. Mas sou a favor da proibição da islamofobia que nos tapa o rosto e não nos deixa ver a realidade como ela é. Sem burqas.

Frase da semana


"Por mais que busquemos, apenas nos encontramos a nós próprios"


Anatole France