quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A single man - (é o que estou a deixar de ser?)



Hoje (quer dizer, ontem) fui ver o "A Single Man" ao Cidade do Porto com uma (a?) pessoa especial (sim, a mesma pela qual descobri a rota do chá). Fui ao cinema do Porto três vezes, além desta, ver filmes, mais concretamente "Milk" e "Hunger" (nomes irónicos, conjungados). Há algo de morbidamente kitsch naquelas salas frias, escuras e solitárias que me agrada. Bem, falando do filme: a primeira coisa que salta à vista é a sua excelente produção. A imagem retocada, noir; o excelente guarda-roupa, imaculado (tomara, é um filme de Tom Ford!); a fidelidade temporal (patente na rectidão dos penteados colmeia e do sentimento pré-revolta dos anos 60); as referências à cultura gay (James Dean, marinheiros, uma cena de golden shower, desejo sexual psicanalítico pela melhor amiga, ópera, breakfast at Tifanny's, a melancolia/suícidio, e até o efeito diva-femme-fatale da Julianne Moore - Almodóvar?) marcam um certo estilo do realizador e nem o facto de este ser o Tom Ford, o que à partida seria motivo para torcer o nariz, lhe retira qualidade. Pontos fracos? A duração do filme pois parece que só passaram 30 minutos até ao final, o final arrepiante que nos faz pensar sobre as questões do destino/livre arbítrio, a escassez de cenas explicítamente gays apesar de haver um beijo soft logo no ínicio e, o principal, a falta de um apogeu na história, responsável pela ténue sensação de filme curto. O tic toc constante, a música de fundo e a presença de Julianne Moore faz-nos parecer que nos enganamos na sala e estamos a ver "As Horas", não que seja grave, pelo contrário, Tom Ford anda a ter umas lições de enredos queer. Nota? 4

Ok, 5 (pela companhia) :)

1 comentário:

Joel Pais disse...

é sem dúvida o meu post preferido até agora :)

sim parece que vais deixar de ser "single"... so falta o cupido porque ele tem andado meio atrasado xD mas vai mt a tempo eheheh

bem o filme é realmente interessante nem que seja pela companhia :D mas tem uma tematica gay interessante porque tal como referiste não se limita apenas a ser "um filme gay". A temática não salta logo aos olhos mas está cheio de simbolos ligados ao mundo homossexual o que o torna mais interessante. Gostei especialmente da "melhor amiga" interpretada por Julianne Moore que provou mais uma vez ser uma actriz brilhante e merece sem duvida a nomeacao para o Oscar de melhor actriz secundaria. Acho que é uma personagem que merece ser valorizada porque revela logo ter uma "open mind" em relacao ao resto da sociedade da altura primeiro por aceitar bem os gays e segundo por fumar, ser uma mulher viajada (ter deixado o Reino Unido para ir para os EUA) e divorciada sendo isto praticamente impensavel para uma mulher por volta dos seus 40/50 anos que vivia no inico da década de 60. Representa sem duvida a imagem da Mulher reprimida pela sociedade machista da altura mas sedenta pela sua emancipação.

Parabens pelo post, nota 5 ;)