quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Anedota




Playlist de Agosto

1 - Linkin Park - Rolling in Deep (Adele Cover)

Colocar os Linkin Park a fazer um cover de Adele é a mesma coisa que ver os Metallica a dançarem ballet ou Britney Spears a cantar Pavarotti. O que é certo é que parece haver no desespero forçado do Chester algo que condiz com a infeliz/feliz canção (infeliz porque a letra parece retratar uma forma de auto-convencimento na perda de alguém, depois de tantos anos; feliz pela beleza, transparência e sucesso da dita cuja).

2 - Chris Brown - Beautiful People (Benny Benassi Remix)

Nos MTV Video Awards, Chris Brown teve uma performance bastante fraca a avaliar pelo feedback do público, apesar de se esmerar todo em palco (alguém esqueceu o que o pobre diabo fez a Rihanna?). Nas canções, ao contrário das atuações ao vivo, «Beautiful People» é certeira, com a ajuda messiânica de Benny Benassi. Sem ela (como “Sweat” do Snoop Dog sem Guetta), “Beautiful People” seria uma “ugly song”.

3 - Dangerous Muse - Fame Kills

Os (e as) fãs podem suspirar de alívio: o segundo duo mais camp do milénio (o primeiro são os Pet Shop Boys) finalmente tem segundo trabalho. “Fame Kills” é a primeira amostra e com ela parece que entramos no mundo sideral da eletrónica etérea de Cut Copy, perdendo-se a fórmula escancaradamente pop e eighties de uma “Rejection”, por exemplo. De 0 a 10? 1000.

4 - Cherly Cole – Parachute

Eu separo as grandes divas pop em três grupos: as intocáveis também chamadas clássicas (ou velhas, dirão as más línguas): Madonna, Cher, Tina Turner, Kylie Minogue. As ascendentes: Britney, Aguilera (ou será descendente?), Beyoncé, Rihanna, e claro! Lady Gaga! E as insossas: Jessica Simpson, Jessie J, Miley Cyrus, Katy Perry (apesar de ascendente é insossa… e morena!), onde se podem agrupar a catrefada de pitas popalhudas que existem por todos os estados americanos. Cheryl Cole poderia ser grande com este genial e viciante “Parachute”. Vou abrir um quarto grupo: as one-hit-wonder.

5 – Ne-Yo ft. Pitbull - Gimme Everything

Na mesma linha de Chris Brown, Usher ou Taio Cruz: pimbalhada da euro-hop never ends e Pitbull marca presença (claro…). Destaque para o verso que começa com “Excuse me…”. Sexy, sexy, sexy!

6 - Clã - Arco-Íris

Não bastava serem uma das bandas mais míticas de Portugal (e desculpem-me o regionalismo, do Porto) e ainda tinham que ter a coragem de escrever uma música sobre a diversidade do amor, isto é, sobre o amor gay e lésbico. Apetece-me cantarolar: “Não será que nunca sentiste que somos pó do universo/ sujeitos à atracção do que é igual e diverso?”.

7 - Beyoncé - Best Thing I never had

Definitivamente Beyoncé tornara-se a Rainha negra da pop mundial, sem ajudazinhas dos Kanye West racistas deste mundo (ninguém me tira da cabeça que o que o rapper fez a Taylor Swift foi uma forma de racismo!). Tal feito já tinha sido conseguido na fase “Sascha” mas com um álbum maioritariamente de baladas e pouca incursão na tendência mainstream da electro-pop (Avé Beyoncé!), a coisa torna-se indiscutível. “The Best Thing” é a “California King Bed” da ex-líder das Destiny Child. “1 + 1” é a transformação da diva numa Tina Turner dourada. Em comum, o amor (Jay-Z), e uma gravidez. Who run the world? Beyoncé.

8 - Mika - Elle me dit

Incursão num jardim-de-infância francês com retoques vintage, certamente inspirados em filmes de Almodôvar ou Woody Allen. Senhores e senhoras (and else), Peter Mika Pan!

9 - Alexandra Stan - Mr. Saxobeat

Música de carrinho de choque fica sempre bem em playlist tão séria. Cof, cof…

10 - MEN ft. Anthony - Why I Feel So Free

Nunca os vi mais gordos mas a presença de Anthony, a capa do single tão multicolorida e exótica – a mistura entre uma obra de arte de Baskiat e o camp de Frankie Goes to Hollywood – e a pergunta retórica impõem respeito.

11 - Snoop Dog - Sweat (David Guetta Remix)

E por falar no diabo…

12 - Azari & III - Into The Night (Nicolas Jaar Remix)

Para finalizar em beleza, esta canção. A ternura mística de um semblante nocturno sobre o aval da angústia (tão “The xx”) evoluindo para aquilo que poderia ser uma cançoneta dos Hércules & Love Affair. Bota grife, como diria um amigo meu.

Outras:

Lady GaGa - You & I

Rihanna – Cheers

Inna - Sun is Up

REM - Uberlin

Kastle - I Know

Bruno Mars - The Lazy Song

terça-feira, 30 de agosto de 2011

RB4141 710/58 Rounded Wayfare


A minha nova aquisição: RB 4141 710/58 Rounded Wayfare

Pertinência


Por um lado, acho um pouco imprudente apresentar esta proposta com uma maioria de direita no Parlamento e com pouca discussão sobre o tema na sociedade civil (Bloco, Bloco!) mas, por outro lado, é – ao contrário do que defendem os pró-“família” e os arautos dos bons costumes –, uma questão que merece ser debatida. Em que sentido por parte do activismo LGBT? Reforçando e visibilizando as famílias homoparentais. Se é certo que é uma invasão (pacóvia) da privacidade e uma tentativa de justificar-se perante a homofobia, é também uma forma de sensibilização e demonstração do que já existe (até porque os paneleiros e as fufas já adoptam portanto não é uma questão de utopia conservadora - dever ser - mas sim realismo democrático - de ser -).

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Frase da Semana



«Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.» Voltaire

Sugestões

Hoje apresento uma lista de filmes sui generis que, pela sua vertente alternativa, umas vezes jocosa outras controversa e até chocante, não podem deixar de permanecer incólumes aos e às amantes de cinema. São apenas alguns e não são “os” mais alternativos ou os clássicos mas são apenas uma amostra da maravilha da sétima arte.

América Proibida




Controverso, aborda a cultura skinhead no contexto norte-americano do séc. XXI. A história gravita em torno de um skinhead que procura reunir o seu grupo para expandir a sua ideologia numa zona com uma população negra crescente. O ódio fá-lo matar algumas pessoas negras e tal conduzi-o à cadeia. O seu irmão mais novo, sem referências, acaba por se basear na ideologia do irmão preso. Quando este sai da prisão, parece que algo o mudou e terá que lidar, juntamente com o professor de ambos, com um irmão que oscila entre o ódio racista e a redenção, ajudando a re-aprender. Mas uma vez iniciado o processo, nada o poderá parar. Brilhante actuação de Edward Norton, excelente produção. É, sem dúvida, um dos melhores filmes da sétima arte.

Serbian Film




Milos é um sérvio quarentão, por sinal bem charmoso, casado e com um filho. No passado exerceu a atividade de actor pornográfico. De repente, e saudoso do seu passado, recebe uma proposta misteriosa mas tentadora para regressar à sua anterior vida, isto é, à pornografia. Contudo, o que não sabe é que o seu novo contrato vai-lhe permitir explorar os limites (!) éticos da liberdade sexual, acabando Milos por entrar numa espiral onde as fronteiras entre o sexo e a morte são inexistentes. O filme é chocante principalmente porque aborda temas como a pedofilia, o tráfico sexual, a necrofilia ou o incesto. Desaconselhável a mentes sensíveis.

Brotherhood




Enérgico, e com um enredo jovem - parecendo mesmo um filme cliché sobre teenagers norte-americanos -, este filme tem uma característica interessante: todos os acontecimentos dramáticos surgem em catadupa. Tudo acontece quando, num ritual de iniciação para pertencer a uma fraternidade masculina (brotherhood), os caloiros tem que assaltar uma loja. Na verdade, tudo não passa de uma farsa porque alguém localizado perto da loja lhes fornece o dinheiro, sendo pois só um teste. Contudo, devido a um erro, um dos jovens acaba mesmo por assaltar a loja e desencadear um tiroteio no qual sai ferido. Esse acontecimento leva a sucederem-se outros que irão por uma causa o próprio conceito de fraternidade.

The Mist



Poderia ser uma mistura entre um filme de terror, um drama e um blockbuster de sci-fi, de facto não anda muito longe disso. Tudo se passa numa aldeola dos EUA, quando várias pessoas se refugiam num supermercado para evitar um nevoeiro misterioso que se instala e dentro do qual surgem criaturas sinistras e mortíferas. Com o passar do tempo, as pessoas dividem-se entre uma religiosa fundamentalista que obriga as pessoas a permanecerem no supermercado, sobre a égide do fim dos tempos, e aqueles/as que de lá querem sair. Fica a dúvida se o nevoeiro não será uma nuvem radioactiva que modificou espécies animais (erro que o Governo norte-americano pretende esconder) – hipótese comum – ou não será uma metáfora maior para uma cegueira colectiva (ou ambos)? Final surpreendente.

Dogville




De Lars Von Trial e com a fantástica presença de Nicole Kidman, DogVille tem uma particularidade interessante: é gravado num cenário de estúdio que procura imitar uma cidade, demarcada por giz. De resto, é secante... 2h50m?

Guerra dos Mundos



A obsessão de Steven Spielberg por aliens é mais do que evidente e a presença do astro Tom Cruise é muito sui generis: um pai que procura conciliar a sua relação com os filhos. Apesar de não ser um filmão, consegue prender, quer pelos mistérios alienígenas, quer pela luta pela sobrevivência. Indicado para quem gosta do recente “Super 8”.

Pink Flamingo



A estrela do filme é, nada mais nada menos, que Miss Divine (Harris Glenn Milstead), a reconhecidíssima drag queen norte-americana dos anos 70. Com um reduzido orçamento (notória na produção do dito cujo), “Pink Flamingo” é uma ode à cultura gay/camp, profundamente sarcástica no que toca à crítica ao conservadorismo e com laivos de punk atitude.


Invenções

Dizem que os asiáticos são doidos mas eu não gosto de acreditar nessa estereotipia. Contudo, quando olho para os seus inventos, man!











































MTV Video Awards 2011


Gaga surpreende com uma atuação consensualmente original, Beyonce anuncia gravidez, Britney recebe uma homenagem e ganha prémio pelo clipe pop ("Till the world ends") - demasiado artificial, senhores -, Amy é relembrada com atuação de Tom Benett, Bieber mete nojo (p'ra variar!), Chris Brown no playback e Adele e Bruno Mars super mega hiper "pros". Foi assim os MTV Video Awards 2011.

Decidi não colocar nenhum video porque em menos de 15 minutos ficam indisponíveis para visalização devido aos direitos de autoria.

Estação de S. Bento de parabéns


A Estação de S. Bento considerada uma das 14 mais belas do mundo. Eu confesso que não nacionalista ou regionalista mas.. é um motivo de orgulho, vá!

Tic, toc, tic, toc

Já faltou menos.

Rexona - Invisible Long Lasting

Curiosidade: cheira a perfume da ZARA.

Manobra de distração


Depois das confissões enternecedoras de Américo Amorim (snif, snif), é a vez de um imposto sobre os ricos (e as ricas) que, porque não tem efeitos a nível de estrutural (isto é, richs always will be richs), pretende apenas instaurar um simbolismo complacente com a austeridade a que as classes mais socialmente desfavorecidas, essas sim sofredoras, são submetidas.

Taylor Kinney

É a nova coqueluche do novo clipe de GaGa. Antes disso, só o conhecia da série "Diários de um Vampiro". Por isso, haverá melhor forma de auto-promoção do que um clipe da GaGa?

















Reprimir a homofobia


Alguém informe o Tenente Brandão Ferreira que reprimir a homossexualidade, mesmo no Colégio Militar, colide com o artigo 13º da nossa Constituição - uma das mais avançadas do mundo - que prevê que ninguém possa ser discriminado/a em detrimento - entre muitas outras - da sua orientação sexual? Mas percebe-se o desespero homofóbico. Numa instituição que tem mais sexo gay do que num concerto da Lady Gaga...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fundamentalismos

Como é que num país - Estado laico - como Espanha e que atravessa uma grave crise económica, se pode gastar o dinheiro dos/as contribuintes na delegação papal?!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Parabéns Madonna

No dia do aniversário de Madonna (53 anos!) decidi homenagear aquela que é, indiscutivelmente, a figura maior da História da música pop mundial até aos nossos dias, isto é, "A" Rainha, com a elaboração de um top ten (tarefa terrivelmente árdua!). De fora, ficaram as polémicas "Erotica" ou "Human Nature", as deslumbrantes "Frozen", "I Want You" ou "Oh Father", clássicos como "Like a Virgin", "Like a Prayer", "Music" ou "Don't cry for me, Argentina", a poderosa "Hollywood" (com direito a um casamento com Spears e Aguilera) e a saudosa "American Pie". Sacrifícios minha gente...

1 - Vogue



Inspirada na sofisticação da cinematografia de Hollywood, "Vogue" é francamente a música mais gay friendly de Madonna (o voguing é um estilo de dança que recria os gestos das grandes divas do cinema, assentando na desordem de género, por exemplo, os Kazaky). Fica para a história o polémico clipe monocromático e a performance burlesca da artista nos MTV de 1990, onde encarna, nada mais nada menos, que Maria Antonietta. Olé!

2 - Hung up


Madonna - Hung Up por ffabou

Nunca um sample foi tão bem usado como o de "Gimme! Gimme! Gimme! A Man After Midnight" dos ABBA. O facto de se tratar da banda incandescente dos anos 70 e o malloit rosa de Madonna a imitar Olivia Newton-John no clipe não é à toa: Madonna queria se tornar a dancing queen da 1ª metade do século XXI. Done! Next...

3 - Papa don't preach



A tendência para abordar temas polémicos começa algures aqui. Por um lado, luta contra o próprio pai por um amor com todas as hipoteses de correr mal, o que irrita os conservadores e satisfaz as feministas (pelo ato simbólico de oposição ao patriarcado). Depois alega que nunca fará um aborto o que irrita as feministas e satisfaz os conservadores. Bem, no meio disto tudo salva-se o álbum, ode à opera-rock (Elvis, olá!), que vendeu que nem ginjas.

4 - American Life



Até hoje ninguém sabe se foi Bush, o ódio de estimação de Madonna, que censurou o clipe ou a própria que decidiu não passa-lo (ou será antes invenção da artista para esconder um orgulho ferido?). Seja como for, nele, Madonna, interrompe um desfile de moda, no qual soldados norte-americanos, vestidos de pavões, raptam meninas muçulmanas e atira uma granada a um sósia de George Bush, cantando um rap insólito (!) sobre a sua riqueza e o inestimável sentimento de insatisfação. Habemos revolução!

5 - Burning Up



Todo o fulgor sexual condensa-se numa batida rock pejada de intensidade euro-pop (ou disco, vá) e a letra ostenta um desespero inacreditavelmente implorativo mesmo para a Rainha da Pop. Para salientar o seu papel de femme fatale, Madonna não se deixa atropelar e acaba, no final, por conduzir o carro do seu amante (na vida real, namorado da própria); metáfora ideal para o controlo da condução do seu próprio impulso, ideia chave para o sucesso que a marcará nas três decádas consequintes.

6 - Bedtime Story


Madonna - Bedtime Story por matsou75

Produzida por Bjork - sem antes haver alguma contestação; é o que dá a aliança entre o alternativo e o mainstream -, “Bedtime Story” é um dos mais caros clipes de Madonna, e talvez o mais caro de sempre da pop. A sua produção e temática, inspirada na psicanálise freudiana e no surrealismo de Dali – ambos cara da mesma moeda -, é de tal forma sofisticada que se encontra em exibição constante no museu do Louvre.

7 - Justify My Love



Consta que se trata do 1º videoclipe de uma artista feminina a ser banido pela MTV. De lingerie provocante, amparado apenas por um parco sobretudo, Madonna vagueia por um corredor de hotel onde cada quarto representa um fetiche sexual. Tony Ward dá-lhe uma ajuda e, em segundos, sobre o olhar atento de uma estátua de Cristo, desenrola-se uma cena de menage à trois com uma outra mulher. O clipe tem direito a lesbicas sádicas, travestis, drag kings, imagética S&M q.b., desenrolando-se com uma letra languidamente sussurada. "Poor is the man whose pleasures depend on the permission of another". Quem fala assim...

8 - Ray of Light



O nome da canção é dado à filha, o clipe, na esteira da discussão política sobre globalização da decáda de 90, representa a velocidade dos bytes compactuado com diversos quotidianos de diversas gentes por todo o mundo pós-moderno e a sonoridade é uma mistura inexata entre o pop caústico, o acid-trance e o rock de Iggy, com o falsete de Madonna a coordenar a canção. Ah camaleoa!

9 - Material Girl



Se é verdade que GaGa se inspira escancaradamente em Madonna, não é menos verdade que Madonna também tenha os seus guilty pleasures. Em "Material Girl" é a Marilyn Monroe de "Gentleman prefer blondes" que serve de diva inspiradora para um clipe camp e divertido. Fama ou amor? Nunca o saberemos, mas a canção fez furor e rendeu-lhe um apelido.

10 - 4 Minutes


Madonna - 4 Minutes (feat. Justin Timberlake and Timbaland) por fabiofreire no Videolog.tv.



Ver Madonna a dançar sensualmente com uma das coqueluches da black music - mesmo sendo branco - e com idade para ser seu filho (Justin Timberlake, ora essa) ou saber que "Hard Candy", com a ajudazinha de Timbaland, foi um território já explorado, por exemplo, por Nelly Furtado, pode ser interpretado como decadência. Mas o vigor e frescura da canção e o seu sucesso nos tops indica que, mesmo que os 4 minutos virassem 4 séculos, Madonna é como a duracell: dura, dura, dura.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Frase da Semana


«O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo» Spartacus

[Visto num prédio de okupas no Porto]

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Força Reynaldo


Ler aqui.

Hercules & Love Affair - Painted Eyes


Finalmente o video! Se tivesse que criar um top ten das músicas da minha vida esta estaria, sem dúvida, lá ♥! (:

London calling


Os tumultos em Londres começarem por parecer os fenómenos do Entrocamento: sem explicação, sem causa, sem razão específica ou evidente. Depois, e por causa desta ausência de causa(s), a comunicação social atribui a responsabilidade a anarquistas e punks (ou anarco-punks) assim como atribuía responsabilidade aos islâmicos pelos atentados noruegueses. Passado algum tempo, se veio a descobrir que, afinal, tratava-se de fundamentalismo cristão, entre aspas, claro, pois os cristãos são pessoas de bem.

Ora, não me vou adiantar muito sobre a promiscuidade entre a comunicação social e o poder político, que se joga num claro monopólio de interesses e em amizades insuspeitas entre os donos dos jornais e a oligarquia dos mais ricos. Fico-me por desmistificar esta ideia da ausência de causa dos motins de Londres que acabaram por se expandir para outras cidades (Birmingham, Bristol, Liverpool).

Passado alguns dias de tensão, existem de facto algumas hipóteses que não quantifico e explicarei mais tarde porquê. A primeira relaciona-se com um protesto contra a repressão policial (tendo no assassinato de um homem em Tottenham por parte da polícia o seu ponto de origem); a segunda trata-se da precariedade, fruta da opção por medidas políticas-económicas fracassadas que criam e recriam formas de exclusão e atingem profundamente ou as classes menos qualificadas da classe trabalhadora ou até mesmo jovens sobrequalificados; a terceira tem que ver com a apartheidização dos/as imigrantes e o fracasso do multiculturalismo (olé Cameron!); a quarta diz respeito à revolta das classes mais degradadas e pobres das periferias dos grandes centros urbanos; a quinta traz à baila a questão racial, a sexta… enfim, eu disse que não iria quantificar e porquê? Porque de facto parece-me haver aqui um caldeirão explosivo que, num momento em que as opções neoliberais dominam e, atrever-me-ia a dizer, controlam a União Europeia, detonou.

De facto, rejeito que se diga que se trata ou de uma questão racial ou de uma questão económica ou de uma questão do fracasso do multiculturalismo, etc. Porque a integração fracassada dos expedientes imigrantes (os mesmos cujo política neoliberal tem diferentes medidas: de evitamento e fecho de fronteiras e, paradoxalmente, recrutamento de mão-de-obra barata e, por vezes, ilegal) está conectada com a questão racial, que se interliga com a repressão policial (viram-se polícias negros a tentar travar os grupos em questão? E o que dizer da política do stop and search que implica fazer discriminação étnica na altura das investigações policiais? Porque a necessidade de alguns media, como a SIC, a colocar pessoas negras a comentarem negativamente os tumultos londrinos?). Em suma, trata-se, na minha opinião, de uma bricolage de causas tendo como pano de fundo o descontentamento social das classes trabalhadoras onde, uma vez mais, a questão racial se sobressai (a taxa de desemprego é de 20% na comunidade branca e 50% na comunidade negra).

É claro (mau era se não fosse) que Cameron diz que nada tem que com a austeridade e atribui as culpas à cultura de violência das gangues. Para a combater, diz que não em usar o exército, ou seja… violência! Mais: uma violência que, ao implicar entrar na casa dos suspeitos, reafirmo: suspeitos!, vai contra os princípios robustos do neoliberalismo: a propriedade privada.

É neste exemplo que neoliberalismo se alia, numa relação anti-natura com o neoconservadorismo. Há 15 anos seriam economistas ou sociólogos a falarem dos túmulos, hoje são os criminologistas como o Barra da Costa. É o populismo bacoco e o fogacho do apocaliptismo reaccionário que procura, como moeda de troca, desvincular casos como estes da precariedade. Um pouco como o atual Governo Português que apregoa que a austeridade provinha do anterior Governo Socialista como forma de justificar medidas ainda mais radicais. Contudo, é mais que uma atribuição de culpas nonsense e promoção do pânico moral: ao tratar-se de gangues trata-se das próprias classes trabalhadoras (quem me dera que Cameron tivesse um discurso tão inflamado no caso das escutas aos milionários corruptos), essas a quem a faceta capitalista do consumo lhes segrega ao ouvido e, simultaneamente, lhes foge entre os dedos.

O único problema grave destes tumultos que não sendo politizados são, de caras, políticos (como a Geração Rasca) é a sua falta de coerência. Se se trata de uma luta de classes os jovens que pilham e vandalizam lojas escolheram mal os seus alvos, os mesmos que nesta altura comem pipocas e sorriem com tamanha estupidez. Não que defenda que o voto ou as manifestações pacificas sejam as unicas soluções mas porque acho que jovens de classe trabalhadora a atacarem comerciantes de classe trabalhadora não me parece assertivo.

De facto, trata-se de uma luta de classes num dos países com maior desigualdade dos países da OCDE. Portugal vai à frente e, ao contrário da esquerda mais optimista, penso que, mesmo neste país de brandos costumes, muita coisa pode acontecer quando, nas palavras de Nuno Crato, a abundância imaginária cobre a penúria real.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Maroon 5 - Moves Like Jagger (ft. Christina Aguilera)

E saiu o video. Nele, os Maroon 5 prestam homenagem a Jagger dos Rolling Stone com a ajuda inusitada de Aguilera. Aviso: o Adam Levine fica bem em 3D e é definitivamente desaconselhável a quem sofre do coração.

A Rainha vai dar uma lição às princesas


Aleluia!

domingo, 7 de agosto de 2011

Filmes e séries este fim-de-semana

Capitão América. Nota: 2

Lanterna Verde. Nota: 2

O Planeta dos Macacos (2001). Nota: 4

Insidious. Nota: 3

Skins (5ª temporada). Nota: 4

Para quando o dia do orgulho dos assassinos?

As bancadas evangélicas brasileiras querem instaurar um dia do orgulho hetero. Eu acho bem, desde que os homossexuais tenham plena igualdade (casamento, adopção, etc). A partir do momento em que não há igualdade, também não deve NUNCA existir o dia do orgulho hetero!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Licenciado!

«Hugo Miguel Ramos dos Santos (...) de nacionalidade portuguesa, concluiu na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (...) em onze de Julho de dois mil e onze, o ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado em Ciências da Educação, com a classificação final de Dezasseis valores (...)».

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Em caso de demissão ligue para o 112


2Ah e tal, estão a desviar as atenções para o mau funcionamento do INEM". Pois, o PSD não olha a meios para justificar os fins. "Pedido Formal de desculpas"?! Não, processo criminal. A deputada que fez a chamada não é uma Deusa!

Um número de circo à Albert John Garden


Bem, isto é uma ameaça ou, de facto, alguém ouviu as minhas preces? Cá para mim é uma estratégia populista básica de forma a atiçar eleitoires/as. Um belo número de circo... que pode correr mal.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Transmissão de doenças sexualmente Reais


A entrevista do monárquico Rodrigo Moita de Deus – não sei porquê mas uma boa parte dos/as os/as monárquicos possuem nomes extraordinariamente pomposos – ao iol online, é uma delícia.

Começa por afirmar que a monarquia é uma mais-valia para o país. “Mudando-se o país pode-se mudar qualquer coisa”. Pois, não explica o que muda, de facto, com a monarquia mas qualquer coisa pode mudar, se não for muito incomodo…

Depois diz que a Republica é um bicho-papão, propagandista (ou não tivesse o Rodrigo a fazer propaganda sobre a monarquia), inculcando preconceitos sobre os monárquicos como o seu desejo ínfimo de criar uma sociedade estratificada e escandalosamente desigual. De facto, esses preconceitos não se coadunam com a imagem “bonacheirona” dos monárquicos, veja-se o caso de D. Afonso Henriques ou Luís XIV. Que simpáticos que eram!

Rodrigo afirma ainda que a despartidização do poder é essencial e característica única da Monarquia face à República. O poder, esse maldito, configurado na figura de um/a Presidente da República que para ser mais light passaria… para um Rei.

Depois do embuste, o delírio. Refere que as monarquias nunca recorreram ao FMI. Desculpem, tenho que rir. Além de ser a mais pura mentira (Suazilândia, Marrocos e a Jordânia, já o fizeram), trata-se de um argumento patético, visto que a maior parte dos regimes europeus são Repúblicas, logo é mais provável que sejam Repúblicas a receber financiamentos do FMI. Acrescento que não dou mais de dois meses para Espanha ir ao pote.

Rodrigo refere ainda que o Estado é um caloteiro. Olhe-se para a história dos reinados (o Reino Unido ou França, por exemplo, com a história de Maria Antonietta) e quase, quase, quase, que Rodrigo aconselhava a seguir o exemplo.

Continuando a ler a entrevista, achei curiosíssima a fuga à questão. Quando a jornalista Sónia Peres Pinto lhe indaga: Há quem defenda o federalismo e quem defenda uma maior regulação nos mercados. Qual é a visão de um conservador sobre o assunto?”, Rodrigo foge como do rabo à seringa e, por momentos, esquece-se dos mercados para cogitar-se contra (ou a favor, sobre a forma de inevitabilidade) Bruxelas. De facto, para um monárquico, tem-se uma visão conservadora bastante… liberal.

Aliás, a sua visão é tão liberal que chega mesmo a defender Passos Coelho com a aplicação do corte no subsídio de Natal. Estranho, para alguém que não deveria gostar cá de misturas com partidos com assento parlamentar, isto é, republicanos e democráticos…

Para finalizar remata com uma frase fatal, de brandar aos céus:

«Uma grande diferença entre os políticos de esquerda e os políticos de direita diz respeito ao guarda-roupa e a essa capacidade de transmitir a sexualidade. A direita costuma ser melhor nessas coisas.»

Se a futilidade não fosse marca registada dos neoliberalismos e monarquismos ficaria encantadamente chocado. De facto, fazer de uma subjectividade uma verdade singular é símbolo do tiranismo do sangue-azul até porque nunca achei muitas piadas a coroas. E quando se trata do Rodrigo, nem caras. Contudo, ainda me vai ter que explicar o que isso de “transmitir a sexualidade”; já não bastava transmitirem a prole, louca! Espero que não seja como a malária ou HIV, senão compro daqueles frascos protectores ou simplesmente preservativos com um rótulo bem gigante “Anti-Monarquia”. Não vá Sua Majestade tece-las e ficar com uma doença… bem Real!

Bichas, putas e comunas, entre outros

«Gays, feminismo, socialismo, terrorismo entre outros são uma mesma ideologia, que tem como objetivo a destruição da sociedade nos moldes como ela está montada.» Anders Brievik

Claro, é porque isso que conheço gays de extrema-direita, feministas conservadoras e socialistas homens heterossexuais. Isto de um mundo global fragmentado estraga logo os planos do essencialismo reaccionário.

A ordenação das crianças


Tanto drama com a ordenação das mulheres. Se fossem crianças é que era, né Chenhôr Padrre?

Ainda bem que está chuva


A ânsia por lucro do neoliberalismo é tal que, invês de cuidar das reformas das pessoas cidadãs cujo seu "Estado Liberal" alberga, trata de fazer de um direito social uma estratégia de marketing turístico. Note-se a ênfase no "Norte da Europa"!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Peso na Consciência


O concurso «Peso Pesado» é uma contradição: por um lado legitima as pessoas gordas e contribui para a sua aceitação social, por outro dá a entender o que o normal é ser "elegante".

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Frase da Semana

«Trata bem as pessoas quando estiveres a subir pois podes encontra-las quando estiveres a descer» Provérbio Popular

Capitalism under wheels

O passe de estudante por zonas (4) passa de 29€ e tal para 33€40. Sim, leu bem! Ora visto que os transportes públicos são procurados, principalmente, pela "classe trabalhadora", esta medida parece-me uma clara penalização das pessoas que se encontram num estado (estrutural ou não) de maior vulnerabilidade social. Inadmissível! Haverá melhor forma de organizar hierarquicamente a sociedade do que com este tipo de medidas? Não se esqueçam é que as empresas precisam de mão-de-obra deslocável. Boa?

Chuva de Verão, a antítese do "Sol de Inverno" de Simone


O primeiro dia de Agosto... a chover! Já não há Agostos como deve ser; até nisso há recessão. Espero que em Dezembro possa ir para a praia!