1 - Vogue
Inspirada na sofisticação da cinematografia de Hollywood, "Vogue" é francamente a música mais gay friendly de Madonna (o voguing é um estilo de dança que recria os gestos das grandes divas do cinema, assentando na desordem de género, por exemplo, os Kazaky). Fica para a história o polémico clipe monocromático e a performance burlesca da artista nos MTV de 1990, onde encarna, nada mais nada menos, que Maria Antonietta. Olé!
2 - Hung up
Madonna - Hung Up por ffabou
Nunca um sample foi tão bem usado como o de "Gimme! Gimme! Gimme! A Man After Midnight" dos ABBA. O facto de se tratar da banda incandescente dos anos 70 e o malloit rosa de Madonna a imitar Olivia Newton-John no clipe não é à toa: Madonna queria se tornar a dancing queen da 1ª metade do século XXI. Done! Next...
3 - Papa don't preach
A tendência para abordar temas polémicos começa algures aqui. Por um lado, luta contra o próprio pai por um amor com todas as hipoteses de correr mal, o que irrita os conservadores e satisfaz as feministas (pelo ato simbólico de oposição ao patriarcado). Depois alega que nunca fará um aborto o que irrita as feministas e satisfaz os conservadores. Bem, no meio disto tudo salva-se o álbum, ode à opera-rock (Elvis, olá!), que vendeu que nem ginjas.
4 - American Life
Até hoje ninguém sabe se foi Bush, o ódio de estimação de Madonna, que censurou o clipe ou a própria que decidiu não passa-lo (ou será antes invenção da artista para esconder um orgulho ferido?). Seja como for, nele, Madonna, interrompe um desfile de moda, no qual soldados norte-americanos, vestidos de pavões, raptam meninas muçulmanas e atira uma granada a um sósia de George Bush, cantando um rap insólito (!) sobre a sua riqueza e o inestimável sentimento de insatisfação. Habemos revolução!
5 - Burning Up
Todo o fulgor sexual condensa-se numa batida rock pejada de intensidade euro-pop (ou disco, vá) e a letra ostenta um desespero inacreditavelmente implorativo mesmo para a Rainha da Pop. Para salientar o seu papel de femme fatale, Madonna não se deixa atropelar e acaba, no final, por conduzir o carro do seu amante (na vida real, namorado da própria); metáfora ideal para o controlo da condução do seu próprio impulso, ideia chave para o sucesso que a marcará nas três decádas consequintes.
6 - Bedtime Story
Madonna - Bedtime Story por matsou75
Produzida por Bjork - sem antes haver alguma contestação; é o que dá a aliança entre o alternativo e o mainstream -, “Bedtime Story” é um dos mais caros clipes de Madonna, e talvez o mais caro de sempre da pop. A sua produção e temática, inspirada na psicanálise freudiana e no surrealismo de Dali – ambos cara da mesma moeda -, é de tal forma sofisticada que se encontra em exibição constante no museu do Louvre.
7 - Justify My Love
Consta que se trata do 1º videoclipe de uma artista feminina a ser banido pela MTV. De lingerie provocante, amparado apenas por um parco sobretudo, Madonna vagueia por um corredor de hotel onde cada quarto representa um fetiche sexual. Tony Ward dá-lhe uma ajuda e, em segundos, sobre o olhar atento de uma estátua de Cristo, desenrola-se uma cena de menage à trois com uma outra mulher. O clipe tem direito a lesbicas sádicas, travestis, drag kings, imagética S&M q.b., desenrolando-se com uma letra languidamente sussurada. "Poor is the man whose pleasures depend on the permission of another". Quem fala assim...
8 - Ray of Light
O nome da canção é dado à filha, o clipe, na esteira da discussão política sobre globalização da decáda de 90, representa a velocidade dos bytes compactuado com diversos quotidianos de diversas gentes por todo o mundo pós-moderno e a sonoridade é uma mistura inexata entre o pop caústico, o acid-trance e o rock de Iggy, com o falsete de Madonna a coordenar a canção. Ah camaleoa!
9 - Material Girl
Se é verdade que GaGa se inspira escancaradamente em Madonna, não é menos verdade que Madonna também tenha os seus guilty pleasures. Em "Material Girl" é a Marilyn Monroe de "Gentleman prefer blondes" que serve de diva inspiradora para um clipe camp e divertido. Fama ou amor? Nunca o saberemos, mas a canção fez furor e rendeu-lhe um apelido.
10 - 4 Minutes
Madonna - 4 Minutes (feat. Justin Timberlake and Timbaland) por fabiofreire no Videolog.tv.
Ver Madonna a dançar sensualmente com uma das coqueluches da black music - mesmo sendo branco - e com idade para ser seu filho (Justin Timberlake, ora essa) ou saber que "Hard Candy", com a ajudazinha de Timbaland, foi um território já explorado, por exemplo, por Nelly Furtado, pode ser interpretado como decadência. Mas o vigor e frescura da canção e o seu sucesso nos tops indica que, mesmo que os 4 minutos virassem 4 séculos, Madonna é como a duracell: dura, dura, dura.
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