segunda-feira, 27 de abril de 2009

Panteras Rosa


Boa tarde


Venho por este meio, em primeiro lugar, manifestar a minha admiração pela vossa associação, e em segundo manifestar o meu interesse em aderir à mesma, se tal for possível. O meu nome é Hugo Santos, tenho 22 anos e sou da Maia (Porto).
Tomei conhecimento dos Panteras através do vosso blogue, o qual acompanho regularmente, e já li um artigo sobre a associação na revista Out (mais especificamente, a revista nº 7 de Janeiro de 2009). E sim, tenho um blogue onde abordo temáticas LGBT, às vezes de forma muito leiga, mas faço o que posso: http://www.natchobox.blogspot.com/
Não sei quais são os critérios para aderir aos Pantera Rosa (ou até se tal é possível) mas espero que não sejam ter uma carinha laroca e vestir marcas porque a sensação que eu tenho é que muitas organizações LGBT pautam-se por esses pré-requisitos na selecção ou escolha dos seus elementos. Ou pelo menos, parece. E isto não é uma tirada homofóbica clássica mas apenas uma sensação.
Pois bem. Espero não tornar isto numa sessão de psicanálise. Here we go…
Eu sempre soube que era gay. Ao longo da minha vida, particularmente durante a minha adolescência, a minha identidade sexual foi-se formando e a consciencialização dela foi um facto ao qual não pude escapar. No entanto, via-me sempre de forma homofóbica e extremamente machista (penso que seja inerente a muitos gays nessa fase), não porque não me aceitava, mas porque tentava assumir uma postura de hipermasculinidade forçada, jogando o joguinho do patriarcado e da socialização masculina. Todos os meus argumentos de defesa (relativamente à minha orientação sexual) pautavam-se pela quebra do estereótipo (o cliché do gay) e NUNCA a favor da diversidade sexual. Aos 16 assumi-me perante os meus amigos da escola (à minha turma) e aos 17 à minha mãe. Fiz muitos amigos gays e comecei a frequentar lugares dirigidos ao público LGBT. Nessa altura, comecei a frequentar a rede ex-aequo mas o meu objectivo era claramente engatar alguém (penso que tenha a ver com o facto de ser um teenager). Entrei para a Faculdade aos 18. Estudo Ciências da Educação na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Aos 20 anos tive internet e comecei a pesquisar sobre as questões LGBT. Fiquei fascinado! Descobri a teoria queer baseada, em grande parte, no trabalho de Michael Focault e fez-se luz. Percebi aí a origem da homofobia. Comecei a ter uma nova noção de mim mesmo e descobri aquilo que mais me irritava: o preconceito homofóbico dentro da própria comunidade LGBT. Essa é a minha luta! Travar estas hierarquias barrocas. Aí descobri a importância do activismo e quão é importante para mim é lutar pelos nossos direitos civis (influências do Milk de Gus Van Sant). Como era suposto, a maior parte dos meus amigos gay achava (e acham) uma estupidez. Dizem que sou muito radicalista ou que estou sempre a falar de homossexualidade, etc. Com esta sede de justiça e mentalidade de activista sinto-me, muitas vezes, um alien. Uma minoria dentro de uma minoria.
Sofro bullying homofóbico na minha área de residência, desisti da faculdade um ano por causa de uma grande depressão, “perdi” a minha mãe pelo facto de me assumir, muitas das vezes sinto que não consigo fazer amigos ou estabelecer relações na minha intimidade sãs e/ou estáveis. Não é vitimização. É uma constatação. Lutar só pode ser a minha cura!
Quero que vocês percebam o quão é importante para mim ser activista. Pertencer a uma associação LGBT. A rede ex-aequo não tem uma vertente de activismo como procuro. O contexto é diferente e os objectivos são outros: prestar apoio-base para ajudar jovens LGBT’s na sua própria aceitação e construção dos seus próprios caminhos. Eu já passei essa fase. Eu quero discutir posições políticas, participar em iniciativas LGBT (a marcha, por exemplo).
Penso que possa ser uma mais-valia, até porque em breve serei mediador sócio-pedagógico e da formação, e modéstia à parte, tenho perspectivas interessantes sobre as questões LGBT. Gostaria imenso de saber quando é que vocês se vão reunir aqui no Porto e participar numa reunião.
Espero não ter sido maçador e ter-me feito expressar bem. Aguardo atenciosamente uma resposta.
Os melhores cumprimentos,
Hugo Santos

Resposta:


Olá Hugo,
estamos um pouco em repouso pelo porto mas assim que tenhamos uma assembleia contactamos.
No entanto vou reenviar o teu mail para a malta que gere a mailing para te adicionar.
As panteras como grupo não institucionalizado que são não têm qualquer tipo de regras ou condições de participação, a não ser as básicas, que me pareces ter.

Arranhadelas,
António Alves Vieira


O site aqui.

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