Vozes de burra não chegam ao céu

Eu e a Joana anteontem estivemos numa discussão acesa sobre aquilo que é musica e aquilo que não é. Ela defendia que a pop bubble gum (Britney Spears e afins) não era música para ela, eu, por outro lado, defendia que uma certa erudição da música sobrevaloriza aquilo que simplesmente é mediano. A dada altura, chegamos à conclusão que detestávamos a mesmíssima coisa: gajas armadas em barítonos! Mariahs Careys, Celines Dions, Leona Lewis e afins. Se pegarmos um cd de Mariah Carey, da primeira à última faixa, a gaja não sabe fazer mais nada do que gritar. Em 4 minutos e tal, ela consegue gritar a curta frase “I love you baby” sem se engasgar. Óptimo! Tem uma grande voz, mas isso não faz dela necessariamente uma boa artista ou até mesmo uma boa cantora. Imaginem os vidros da casa dela, não se aguentam um dia intactos. Para não falar dos tímpanos do pessoal que está perto: TONY, CHEGA-ME O ARROZ PLEASEEEEEEEEEEEE!!! ou ESTOU TAO CANSADA DE UM DIA DE TRABALHOoOoOooOoo!!! ou OLA! BOA TARDE NO, NO, NOOOOOO! Poupem-me…

O Gabriel (Pinipon) é um amigo que venera Mariah Carey. Era capaz de, em 24 horas, ir a pé, meia dúzia de vezes, a Fátima com uma bola de metal nos tornozelos. Por outro lado, não gosta de Madonna (a não ser a “Like a Prayer” que só não deve gostar quem pertencer ao Klux Klu Klan). Ou seja, ele é exactamente o meu oposto: Adora Mariah, não gosta de Madonna. Eu adoro Madonna, não gosto de Mariah. Ok, sejamos francos. Ele não tem nada contra a Madonna e eu ABOMINO Mariah! Numa daquelas discussões sobre divas musicais, típicas de duas bichas que não tem mais nada para fazer, onde entram luvas de Boxe, tripaliums da Inquisição e Xanaxes, os argumentos dele são sempre os mesmos: ah e tal, Mariah tem um vozeirão e a Madonna tem uma voz fraca (as vezes nem refere o facto de ela fazer um playbackzinho modesto nas Tours). Bah, sinceramente começo a chatear-me com esse argumento da treta.

Imaginemos dois ferreiros. O ferreiro A domina a sua arte. Até domina demais! Quando lhe pedem para acertar uma ferradura transforma-a numa roda de engrenagem. O cliente não pode ficar satisfeito. Ok, é fantástico transformar uma ferradura numa roda de engrenagem mas não foi isso que o cliente pediu, logo é como se o objectivo não fosse cumprido. Por sua vez, o ferreiro B que nem formação tem (não conseguiu finalizar o seu curso na Faculdade de Ferreiros da Universidade da Gente que não tem mais nada para fazer, escreve textos para dizer o quanto detesta gajas como a Mariah), esmera-se tanto que consegue acertar a ferradura de tal forma que até é levada para os grandes centros de arte da cidade. O exemplo é estúpido mas convenhamos que é lógico. O ferreiro A é a Mariah, o ferreiro B é Madonna.

Moral da história: Madonna, Mariah, Ruth Marlene, andam a ganhar balúrdios de dinheiro às nossas custas e ainda temos que nos desancar por causo disso? POR FAVOOOOOOOOOOOOOOOR!