segunda-feira, 22 de junho de 2009

Conversas loucas, orelhas moucas - um processo sobre um processo


É uma terrível e crescente mania esta coisa do “vou-te processar!” seja qual for a situação. Perante qualquer coisinha, pimba! “Vou-te processar!”. É reconfortante, dá um certo status quo a quem profere estas singelas palavras e, na maior das vezes, são mais promessas do que certezas.

Perante as verdades, não sabemos muito bem como reagir e um pouquinho de dinheiro no bolso pode transformar as maiores das verdades nas mais nobres mentiras. Que tal processarmos Copérnico por propôr que a Terra gira em volta do sol e não o contrário? E quem se atreveu a dizer que o pão é feito com farinha? E que as andorinhas voam? Oh pá, que chatice! Vou processor o Criador…

Parece que a sociedade ocidental entrou numa de repressão inquisitorial ou que Portugal, depois de 35 anos sobre uma ditadura que limitava (para ser simpático) a liberdade de expressão, não sabe muito bem o que fazer com as divergências de opiniões. Veja-se o Sócrates e o caso Freeport… (oops, proferi o nome de alguém, oxalá que ele não me processe… o filósofo entenda-se…)

Lamento ter que dizer isto mas: Portugal não é o Irão. Ainda temos LIBERDADE para nos expressarmos. “Ah e tal, não podes atentar contra o bom nome das pessoas”. Pois, mas é preciso que o nome venha escrito. Não é a alcunha nem o apelido. É o nome concreto, sem subjectividades. Sem isso nada feito.

Depois, é cómico reparar que, o simples facto de mencionar que alguém é adoptado é assim tão péssimo e estigmatizante. Faz-me lembrar aquelas pessoas que acham que chamar gay a alguém é ofensivo. Elas próprias, na internalização das suas concepções, contribuem para a ostracização das dimensões inerentes e passíveis de destrinça, sem terem consciência.
De facto, o problema de muitas pessoas é terem as orelhas muito grandes.
Contudo, eu deixo um pequeno aviso: não convêm tê-las muito grandes é que a probabilidade de elas ficarem vermelhas é maior.

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