quinta-feira, 18 de junho de 2009

Querelle - A Arte da Masturbação


Para quem não conhece (qualquer gay que não conhece o Querelle deveria imediatamente voluntariar-se para o exílio), Querelle (1982) é um filme do conceituado e controverso cineasta alemão, Rainer Werner Fassbinder, e é baseado na novela “Querelle de Brest” de Jean Genet, escrita em 1947.

A história não poderia ser mais homoerótica: um marinheiro larápio (bad boy) entretêm-se a seduzir homens e mulheres no porto francês de Brest (a bissexualidade masculinizada que tanto agrada a gays) até que chega a um ponto em que tem que abdicar da sua virilidade. Para ter relações sexuais com um dos senhores do ópio vai ter que se deixar sodomizar por este. Escusado será dizer o desfecho desta história kitsch…

Para juntar ao factor camp, temos a actriz Jeanne Moreau (voz grave, atitude femme fatale: efeito diva) a cantar um poema de Oscar Wilde: “"Todo mundo mata aquilo que ama".

O filme, baseado, na imagética, nos trabalhos de Dali e no surrealismo, é tão gay fetichista que os mastros até têm formatos fálicos, o que certamente influenciou a obra de Tom Of Finland e existe uma alusão ténue ao incesto fraternal (Georges Querelle versus Robert Querelle, o seu irmão) sobre a forma de amor/ódio. Até o Tiga lhe fez uma homenagem em “Ocean Drive”.
Muito antes do Tom Hanks e do Banderas darem um passinho de dança ao som da “Sailorman” no filme Philadelphia e dos Village People terem idade suficiente para desfrutarem do sucesso de “In The Navy”, já “Querelle” arrasava corações (e não só…).

1 comentário:

João Roque disse...

Um dos filmes mais fabulosos que já vi...
É muito mais excitante aquela t-shirt do Brad Davis no seu belo peito do que os milhares de corpos nus dos filmes pornos.
Só Fassbinder poderia ter realizado este filme.
Abraço.