
No inicio, Louçã condensou a sua habitual demagogia em ataques precisos e, algumas vezes, persistentes e inoportunos como uma espécie de inquiridor. Manuela Ferreira Leite, que não está nada habituada a estes formatos (debate televisivo), teve alguma dificuldade em lidar com a perspicácia de Louçã e aparentou ser um pouco frágil a nível discursivo, chegando muitas vezes a utilizar argumentos infantis e desviando a atenção simplesmente para o seu programa eleitoral, típico de quem nada sabe muito por onde pegar. Louçã teve também a inteligência de estudar ao milímetro o programa eleitoral da adversária, o que se traduziu numa mais-valia.
Temas fortes:
Economia
Louça defende a nacionalização como processo para acabar com os monopólios do Estado (referiu-se, algumas vezes, à Galp). Manuela usou um argumento corriqueiro que penaliza a intervenção estatal sobre o risco de se aumentar a despesa pública e, como tal, o aumento dos impostos, dando o exemplo do desastre que foi a nacionalização da economia no pós 25 de Abril. Referiu ainda que o problema do endividamento externo não se resolve com nacionalizações e destacou que a falta de competitividade das PME’s são o principal obstáculo.
MFL – 0 L - 1
Segurança Social
Houve um pequeno lapso de MFL ou Louçã é que interpretou o programa eleitoral de MFL como bem entendeu? MFL referiu que vai manter tudo na mesma, não produzirá nenhuma alteração no que concerne à Segurança Social.
MFL – 1 L - 0
Emprego
Um tema onde ambos concordaram na medida em que é um problema urgente (mau era), discordando apenas das metodologias. MFL refere que promover o emprego passa por aumentar a competitividade e a qualificação dos trabalhadores/as.
MFL – 1 L - 1
Serviço Nacional de Saúde
MFL referiu que o problema da saúde não passa só por questões económicas e defendeu parcerias público-privadas. Louçã limitou-se a atacar os serviços privados, dando um exemplo curioso sobre o negócio das cesarianas do privado (que poderia muito bem ser usado para atacar a falta de incoerência de MFL e nos seus interesses em “salvaguardar a família”).
MFL – 0 L - 1
Casamento
Um ponto discordante entre os dois e um tema envenenado para o BE. Louçã enveredou por um discurso corriqueiro e recheado de lugares-comuns das liberdades e pouco mais (poderia descentralizar-se da questão em termos de relações e aprofundar a questão dando ênfase à cidadania de gays e lésbicas como indivíduos), referindo que “o Estado persegue e magoa”; foi criticado pelos sectores mais liberais pois defende a liberdade nas questões civis mas não no plano económico. Enquanto isso, MFL, que costuma ter uma posição reaccionária sobre o tema, teve uma posição mais tolerante afirmando que já não é tabu para a sociedade as uniões de facto e as uniões entre pessoas do mesmo sexo, mas mesmo assim foi discriminatória e conservadora, reiterando “nesse ponto nunca estaremos de acordo”.
MFL – 0 L - 0
Caso do Jornal de Sexta
O único ponto em comum. Censurou-se a censura e os discursos sobre a necessidade de liberdade de informação e expressão proliferaram, condenando-se a (adoro a expressão) “asfixia democrática”. Para o BE percebe-se a importância desta questão (importância ideológica da esquerda), para MFL porque lhe convêm (a TVI era uma aliada na caça ao homem: Sócrates).
MFL – 1 L - 1
1 comentário:
Bem vindo, que já tinha necessidade de te ler.
Manel
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