terça-feira, 8 de setembro de 2009

Iron Lady versus Mister Pure Left

Foi giro de se assistir. Um debate acesso, coerente e intrigante, particularmente no domínio económico. Outra coisa não seria de esperar visto que ambos dominam os temas referentes à Economia e, obviamente, ambos teêm posições diametralmente antagónicas. Manuela Ferreira Leite, PSD, versus Francisco Louçã, BE.


No inicio, Louçã condensou a sua habitual demagogia em ataques precisos e, algumas vezes, persistentes e inoportunos como uma espécie de inquiridor. Manuela Ferreira Leite, que não está nada habituada a estes formatos (debate televisivo), teve alguma dificuldade em lidar com a perspicácia de Louçã e aparentou ser um pouco frágil a nível discursivo, chegando muitas vezes a utilizar argumentos infantis e desviando a atenção simplesmente para o seu programa eleitoral, típico de quem nada sabe muito por onde pegar. Louçã teve também a inteligência de estudar ao milímetro o programa eleitoral da adversária, o que se traduziu numa mais-valia.


Temas fortes:


Economia


Louça defende a nacionalização como processo para acabar com os monopólios do Estado (referiu-se, algumas vezes, à Galp). Manuela usou um argumento corriqueiro que penaliza a intervenção estatal sobre o risco de se aumentar a despesa pública e, como tal, o aumento dos impostos, dando o exemplo do desastre que foi a nacionalização da economia no pós 25 de Abril. Referiu ainda que o problema do endividamento externo não se resolve com nacionalizações e destacou que a falta de competitividade das PME’s são o principal obstáculo.


MFL – 0 L - 1


Segurança Social


Houve um pequeno lapso de MFL ou Louçã é que interpretou o programa eleitoral de MFL como bem entendeu? MFL referiu que vai manter tudo na mesma, não produzirá nenhuma alteração no que concerne à Segurança Social.


MFL – 1 L - 0


Emprego


Um tema onde ambos concordaram na medida em que é um problema urgente (mau era), discordando apenas das metodologias. MFL refere que promover o emprego passa por aumentar a competitividade e a qualificação dos trabalhadores/as.


MFL – 1 L - 1


Serviço Nacional de Saúde


MFL referiu que o problema da saúde não passa só por questões económicas e defendeu parcerias público-privadas. Louçã limitou-se a atacar os serviços privados, dando um exemplo curioso sobre o negócio das cesarianas do privado (que poderia muito bem ser usado para atacar a falta de incoerência de MFL e nos seus interesses em “salvaguardar a família”).


MFL – 0 L - 1


Casamento


Um ponto discordante entre os dois e um tema envenenado para o BE. Louçã enveredou por um discurso corriqueiro e recheado de lugares-comuns das liberdades e pouco mais (poderia descentralizar-se da questão em termos de relações e aprofundar a questão dando ênfase à cidadania de gays e lésbicas como indivíduos), referindo que “o Estado persegue e magoa”; foi criticado pelos sectores mais liberais pois defende a liberdade nas questões civis mas não no plano económico. Enquanto isso, MFL, que costuma ter uma posição reaccionária sobre o tema, teve uma posição mais tolerante afirmando que já não é tabu para a sociedade as uniões de facto e as uniões entre pessoas do mesmo sexo, mas mesmo assim foi discriminatória e conservadora, reiterando “nesse ponto nunca estaremos de acordo”.


MFL – 0 L - 0


Caso do Jornal de Sexta


O único ponto em comum. Censurou-se a censura e os discursos sobre a necessidade de liberdade de informação e expressão proliferaram, condenando-se a (adoro a expressão) “asfixia democrática”. Para o BE percebe-se a importância desta questão (importância ideológica da esquerda), para MFL porque lhe convêm (a TVI era uma aliada na caça ao homem: Sócrates).


MFL – 1 L - 1

1 comentário:

Leman disse...

Bem vindo, que já tinha necessidade de te ler.
Manel