sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O casamento é isto, aquilo é aqueloutro


“Mesmo nas sociedades que apreciavam a homossexualidade, o casamento era entre um homem e uma mulher” César das Neves



De vez em quando este senhor aparece a dizer umas coisas engraçadas.


Primeiro ponto – Acho um desplante justificar a exclusividade de um conceito para um determinada realidade quando é óbvio para toda a gente ver que os conceitos não são estáticos ou fixos, pelo contrário, são mutáveis e sofrem evoluções que se pretende que se adeqúem às novas realidades e às novas configurações sociais e que faz sentido num determinado contexto espácio-temporal. Dessa forma, a arte nunca teria evoluído para um quadro expressionista e teria-se limitado a uma pintura rupestre.


Segundo ponto – A homossexualidade, os homossexuais e as uniões homossexuais são tão antigas quanto a Humanidade. Chamem-lhe casamento ou união de facto ou ajuntamento ou contubérnio, essa é uma realidade que sempre fez parte da sociedade.


Terceiro ponto – O próprio conceito de casamento é um conceito relativo. Note-se que os primeiros casamentos (coisas de gregos e romanos curiosamente, aqueles que mais “aceitaram” a homossexualidade) eram só para uma elite, pois acreditava-se que só a elite é que tinha o direito, ou pelo menos, a necessidade de manter a prole. Quer dizer que se deve proibir o casamento das classes mais desfavorecidas?


Quarto ponto – Indirectamente estes senhores estão a incitar à chacina para os homossexuais. Se a eles deve ser interdito o casamento porque não reproduzem, porque não pensar que os podemos assassinar exactamente porque não reproduzem?


Quinto ponto – O próprio conceito de amor no contexto da sociedade grega antes da era clássica era referente ao amor entre homens, de tal forma, que a expressão “amor grego” era explicitamente uma sinónimo de “amor homossexual”. Se o conceito de amor genuíno para os gregos só poderia se referir ao amor homossexual quer dizer que não existia/existe amor heterossexual? Sim, porque entre um homem e uma mulher não se chamava amor mas sim outra coisa qualquer. A relação heterossexual tinha uma forte conotação de utilidade reprodutiva e essa utilidade não poderia ser confundida com amor; o amor era entendido como apreciação do belo, o belo pelo belo.

2 comentários:

João Roque disse...

Este tipo é abjecto!!!!

Tiger! disse...

Muito bom, muito bom. Gostei bastante de ler este texto, parabéns! =)
Mas infelizmente muitas pessoas continuarão limitadas às pinturas rupestres...