terça-feira, 20 de outubro de 2009

Muita Areias para a minha camioneteee








Quem diria que este mulher tem quarentas ah?


É inevitável um pequeno discurso sobre a questão da nudez:


Acho uma enorme coragem, por parte da Cristina Areias, em se expôr assim e mais fantástico considero o facto do pai dela, a filha (filho/as: um território sempre problemático nestas questões da sexualidade autónoma dos pais) e o ex-marido (porque raio a opinião dele conta?) aceitarem a sua exposição.


A questão da nudez é problemática (trans-historicamente e universalmente, por acaso, não é…) quando a nudez é feminina (porque será né?) e quando isso acontece em Portugal, país de brandos costumes (menos do que parece e ainda bem).


Sabemos bem que quando um homem se despe, tudo bem, quando uma mulher o faz já é put@! Uma concepção válida também, por exemplo, para a questão das conquistas sexuais e passo a citar Giddens, no livro Transformações da Intimidade:


“(…) a reputação sexual das raparigas residia na sua habilidade para resistir ou conter avanços sexuais, a dos rapazes dependia das conquistas que conseguiam consumar” (Giddens, 1996: 7)


Nota: tal ilação de Giddens refere-se ao estudo de Lillian Rubin em 1989 nos EUA. É uma ilação focada na dinâmica sexual heterossexual mas, de certa forma e com os seus entraves técnicos (como por exemplo, não haver uma diferenciação biológica entre sexos), à dinâmica homossexual, gay e lésbica.


Amo fotografia e acho a nudez uma realidade que deve ser banalizada, não no sentido de objectificação, mas no sentido de a “naturalizar” nos discursos e nas práticas. Vivemos numa sociedade pós-moderna, temos acesso fácil à nudez e à pornografia. What’s the big deal? Não a considero perversa nem acho que o facto de a aceitar, de repente, vai fazer com que toda a gente ande por aí nua (pensamento apocalíptico dos conservadores). Sentenceio discursos de pseudo-moralistas que a condenam. Desaprovo apenas o apelo fácil (despir por despir – o choque) e descontextualizado, defendendo sempre que cada um/a tem o direito de fazer o que quiser com o seu corpo (nudez, prostituição, aborto, etc). Faz sentido a nudez da CA e o dinheiro faz sempre jeito…


Tal como na questão da gravidez adolescente, a nudez é um assunto inevitavelmente controverso e levanta múltiplas questões, neste caso, relacionadas com algumas vertentes do feminismo:


Devemos encarar a exposição da mulher, desta amplitude, uma degradação da mulher porque a torna um objecto fácil ao olhar masculino (hetero) e, simbolicamente (embora não generalizadamente), predador e dominador e isso só fomentaria a desigualdade de género, ou por outro lado, devemos encarar a situação da exposição da nudez feminina como revolucionária e legítima visto que põe os géneros em pé de igualdade (repare-se que a nudez masculina não é vitima de repressões do mesmo modo que a feminina. Inviabilizar/legitimar uma seria inviabilizar/legitimar a outra)?


De qualquer forma, um belíssimo e sensual trabalho. PARABÉNS Cristina! :)


Pena a minha camioneta só transportar exemplares clientes do sexo masculino…

Sem comentários: