domingo, 17 de janeiro de 2010

A vida é uma merda - Parte I


A vida é uma merda. Alguns e algumas de nós já chegou a esta conclusão, definitiva ou contextualmente, alguma vez na sua vida. Alguns/algumas várias vezes, outros/as raramente, mas, de uma forma geral, esta frase "a vida é uma merda" já passou na cabeça de alguém, com direito a imagem e tudo.

Houve sempre um motivo. Nada é em vão. "Olha o que me apetece pensar hoje? Vamos lá ver... hum... é isso, a vida é uma merda!" Nah, nah, nah, houve sempre um motivo qualquer para tal ilação. E sim, eu digo qual é o MEU motivo, aliás, os meus motivos: amor e sexo (indivisivéis?). Pois, a dado momento já estarão a presumir que amor e sexo são os principais motivos pelos quais alguém conclui que a vida é uma merda, pela qual a vida não presta. Bingo!

Pois é. As coisas do amor, do sexo, do engate, da sedução, ou por outro lado, do desamor, da fome de pele, da solidão, da fealdade são coisas que, na maior parte dos homens gays, se não ocupam um papel central, são evidentemente aspectos cruciais das suas vidas (d@s heteros também mas eu acho sempre que @s heteros tem mais pontos de fuga...)

Na minha vida são o epicentro. Não que eu me só preocupe com futilidades ou engates (tenho sempre que me resguardar dos estereótipos que me dão como promíscuo - vulgo puta -, deprimido ou drama queen) mas porque,, ou por sentido kármico (sou ateu, whatever), por sina, por azar, por acaso ou por feitiço, eu definitivamente não tenho sorte nenhuma nessa coisa a que os gregos chamaram a afrodisia. Não adianta! Quais são então as minhas preocupações?

Eu não sou giro. Não sou mesmo. Não digo isto para me vitimizar e receber o feedback: "oh és és...". Não, não sou. Sim, os gostos são relativos mas há sempre uma base fixa. As esmagadora maior parte das pessoas considera o Brad Pitt mais giro que o Mister Bean. Há excepções, é um facto, mas não há grande espaço para dúvidas. Comigo é a mesma coisa. Poderá existir alguèm que diga "oh mas tu és tão giro Hugo". Aceito mas são raríssimas aquelas que o dizem porque o sentem realmente. Aposto que muitas delas ou querem uma queca rápida (e nesse caso o que elas queriam dizer era: "oh mas o teu rabo é tão giro Hugo") ou dizem-no por piedade, fazendo um esforço sobrenatural para que soe verdadeiro e que eu engula o efeito placebo ou realmente porque me acham muito giro (0,005% da população terrestre - ou extra-terrestre, whatever).

Muitos e muitas certamente vão dizer: "tu próprio estas a dar demasiada importância à aparência..." HELLO!!!!!!! WAKE UP!!!!! A aparência é importante! Pior, SUPER importante! É o teu embrulho, a parte que magnetiza quem te olha, quem te "estuda". Dizer que não importa é porque se é cínico com "C" grande. Há coisas mais importantes? Talvez, mas o físico é sempre o critério number one. Não sou eu que o digo, nota-se perfeitamente n@s outr@s e nos esforços imperiosos que envolvem essa questão.

A razão porque ninguém me manda msg no gaydar (a não ser uns cotas esfaimados), a razão porque ninguém se mete comigo no hi5, no facebook, etc, a razão porque ninguém investe em mim, não é porque não sou inteligente, simpático ou dedicado. É porque não sou giro. Não sou feio feio feio mas não sou suficientemente atraente para ficar retido na cabeça de alguém ou me tornar um potencial alvo, não sou! Quantas pessoas já não namoraram? Bem, eu tenho 23 e nunca namorei.
Mas não é só. Aí vêm o pior dos piores argumentos. Aquele que me deixa extremamente fodido. Aquele que inviabiliza a razão da minha queixa: "ninguém te quer porque estás sempre a lamentar-te que és feio" LOOOOL. O facto de eu andar por aí a brandar aos céus que tenho auto-estima para dar e vender não vai resolver o problema, tanto não vai porque já o fiz. Pior. Só resultou em conflitos de interesse e colisões de personalidades ("convencido!"). Permaneci sozinho na mesma.

Ás vezes se não será melhor ter sido heterossexual (as mulheres querem lá saber se tenho um ponto branco debaixo do olho esquerdo), mudar de sexo (os homens querem é borga) ou fazer uma plástica (demasiado caro).
Sem saber o que fazer... E tenho 23. Imaginem quando chegar aos 32.
Bah, a vida é uma merda...


Nota: não aceito comentários de pena. Aliás, nem sequer aceito comentários. É para reflectirem!



1 comentário:

Leman disse...

Poderás deitar o comentário janela fora, não será importante a acção, aliás, talvez seja até preferível!
Primeiro, para além de não me considerar bonito, já ultrapassei a idade pela qual poderia ser considerado homem jovem (isto é, sou "cota"); por outro lado, e segundo o meu sentido estético (e não só meu, pois, como é evidente, não tenho a veleidade de pensar que sou único!), todas as pessoas que, por norma, classificas de belas e atraentes no teu blog, a mim, dizem-me muito pouco (claro, já argumentaste que a beleza é relativa, já sei!), e não me fazem olhar para eles duas vezes - aliás, quando vejo as fotos que por vezes aqui colocas passo por elas como por folha morta, a correr, em busca de coisa mais suculenta e interessante, que é afinal aquilo que escrevinhas, mas isto é a minha opinião e forma de ver o mundo, que deverá ser diferente da tua (e viva a diversidade!).
Também não te leio, nem venho aqui de vez em quando, pela tua beleza fisíca, pois não nos conhecemos (tomei contacto com o teu blog através do meu amigo "pinguim"), e agradou-me ler a tua prosa pela lucidez que mostras nela e isso é mais importante (falo por mim) que qualquer outra razão que poderia invocar!
Sempre escolhi, e sempre fui escolhido (sim, tive mais relacionamentos ao longo da vida que aqueles que teria gostado, e tenho um neste momento que vamos mantendo há uma dezena de anos, e espero que perdure mais uma dezena) pela forma como a cabeça superior funciona, o que sempre me agradou de sobremaneira.
Quando a beleza exterior diminui (inicialmente há sempre uma atracção física, claro, mas, inexoravelmente, os anos passam, as barrigas aumentam, as rugas invadem, a musculatura perde o tonus, os olhos perdem o brilho e a vivacidade) fica aquilo que afinal, e em simultâneo, também me uniu ao outro, e, pelo qual, espero, tenha sido igualmente escolhido (afinal, nem eu fico incólume à passagem do tempo ... hehehe!).
Manel