domingo, 25 de julho de 2010

Christina Aguilera - Bionic (2010)


Bionic

Já tenho ouvido o "Bionic" da Christina Aguilera há algum tempo o que é bom sinal porque quer dizer que gosto... O álbum não está genial mas é um bom álbum. A matranha pop que engloba todo o tipo de arquétipos e estilos num só trabalho musical (sendo o electro-urban-pop o veículo principal) sempre resultou muito bem, para as divas pop, como prova de um electismo vivamente saudável e de um camaleonismo declarado (ás vezes descontextualizado). Aguilera não foge à regra.

O álbum

Para ser sincero (apesar de ter uma relutância qualquer com a Aguilera – será do apelido latino/pimbalhão ou do lugar secundarizante que assume com a sua "eterna" rival, Spears?), reconheço na Aguilera uma versatilidade incomum. Em "Dirty" ela é uma Ditta dos tempos (pós) modernos, em "Basic to Basics" (álbum ex-tra-or-din-ná-rio!) captura todo o ambiente vintage e girlie group dos sixties com a atitude soul (tão benéfica para o seu vozeirão), em "Bionic" ela é o robot feminista-revolucionário do inesquecível filme de Fritz Lang, "Metropólis" (copiando Madonna? Maybe...) e o protótipo de diva electro-pop (copiando GaGa?) à mistura com a black music (Janet?) e o tropic sound alternativo (M.I.A.?). Não é realmente muito original mas a forma como elabora todas essas influências através do domínio white pop princess é deveras fantástico. Note-se até o controlo vocal (ás vezes nem parece X-tina). Longe de ser um bom álbum, é um álbum bom.

As faixas

«Bionic» (primeiro excerto a passar para os media) é a intro de serviço. Usa e abusa de vocoders, controla o vozeirão, o electro metálico Metropólis joga às escondidas com o alternativismo black de M.I.A. e o refrão é fácil de decorar. Na mesma linha temos «Whoohoo». O electro desaparece e dá lugar aos ritmos groove do hip hop. É uma homenagem clara a Missy Elliot só que desta vez a parceira de serviço é Nick. «Not Myself Tonight» é o electro-pop pastilha elástica do costume. Pisca o olho a GaGa e transborda sexo (leather) por todo lado. É o single evidente e o clipe sofreu duras críticas de plágio. O mundo já não é o mesmo desde de 2006, Christina... Welcome to the GaGa World! Continuando: «Elastic Love» é demasiado plástico, «Prima Donna» é mais X-tina, «Desnudate» (a Phonografic latina de Aguilera) é uma ode ao striptease e merece ser single, «Glam» é 100% camp (fãs gays sintonizem...): sexy, charmosa mas pouco apoteótica.

A partir daqui o álbum cai nas baladas enfadonhas: «Sex for Breakfast» é perversidade em formato balada; «Lift Me Up», escrita pela amiga Linda Perry (responsável por êxitos como "Beautiful» ou a mais recente «Hurt»), salva-se pela beleza formal mas caí no cúmulo Celine Dion; «All I Need» é inofensiva e infantil (um regresso a "Back to Basics"); «I am» parece ter sido escrita para Lily Allen. E quase que juraríamos que é mesmo a cantora britânica! Come-se; o segundo single, «You Lost Me», é pura Sia. Seria genial se o clipe não fosse demasiado simplista.

De repente prepara-se o terreno para o final explosivo: «I Hate Boys» é Can't Hold Us Down» da década. Aguilera a ter lições com Valerie Solanas?; «My Girls» é música de comercial de carros (Noisettes?) e parece que Aguilera fez um transplante de voz; «Vanity» (a par de «Desnudate») devia ser single: é puro êxtase, malícia, feminismo e queer power. Pergunta Aguilera em tom de provocação aos críticos e às rivais: "Mirror, Mirror on he wall who's the fliest bitch of them all?" O filho responde: "it's you mummy". A gente, não muito convencida, acena positivamente com a cabeça.

Extras

«Monday Morning» soa a Gorillaz e é uma das minhas músicas preferidas do álbum: childish, meiguinha e ideal para se ouvir quando se acorda (as onomatopeias ajudam a despertar o sentido de humor!); «Bloobehead» é outra homenagem a Missy Elliot e bebe à old school do boombox 80's. Vamos saltar às cordas?; «Birds Of Prey» é estranhamente gótica. Influências de Ladytron e do ambient frozen de um Ray Of Light madonnês; «Stronger Than Ever» é um recuo irritante a Dirty; «I am (Stripped)» é a «I am» mas com acordes diferentes. Prefere-se a do Bionic e, por fim, «Little Dreamer» que não passa de um ricochete 80's para entreter as massas. Conclusão: os três primeiros extras davam excelentes canções de álbum.


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