quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O evangelho segundo o Dr. Bakali


«(...) Nunca me passaria pela cabeça que os católicos, neste caso particular, viessem a pensar como eu: que a criatividade e a liberdade de expressão terrena estão acima de qualquer valor esotérico. Mesmo quando se, discutivelmente, essa liberdade pode padecer de mau gosto. Eu, por exemplo, sempre achei o Saramago vaidoso e estalinista. No entanto quem o homenageia fá-lo porque quer e pensa diferentemente, não o faz contra mim. Tomar a capa da Playboy como uma "agressão absurda e gratuita" é um exagero (...) dito isto, quem é intolerante? Eu, ou os que acreditam num deus único? Verdade seja dita lido dificilmente com alguns aspectos da vida religiosa. As velhotas de Jeová que na rua se me dirigem de A Sentinela em punho, tratando-me como um herege à beira da fogueira. Os mórmones que me tentam impingir a Bíblia como quem vende enciclopédias porta a porta. Os novos evangelistas com os seus sotaques e franchises de fusão: macumbarias, exorcismos e afins. A todos eles, porém, respondo com uma negativa sorridente. Não os insulto nem coloco em causa às suas crenças. Por detrás desta "nonchalace", porém, esconde-se um terror atroz: esta gente vai dar cabo de nós».

Dr. Bakali, Viagens na minha Linha, "Evangelho segundo a playboy", Blitz nº 50, Agosto de 2010, pp. 106.

Sem comentários: