quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Playlist de Setembro

A playlist de Setembro é bem camp (depois de uma playlist masculinizada - a de Agosto). Scissors Sisters e Kylie dispensam apresentações. Adam Lambert bem pode seguir-lhes os passos do flamming pop. Robyn representa o lado dyke do espectro camp, Frank Sinatra é o Beckham dos anos 40 (isto é, o hetero mais gay do pedaço) e Robbie (assim como Enrique) passeia calmamente pela corda bamba. Pop elevado ao quadrado e alguns laivos de rock/indie (Adam e Arcade) para se ouvir enquanto as primeiras folhas de Outono caem...

Kelly Rowland – Commander


O mundo da música é uma permuta. Se a black music norte-americana concedeu a Guetta os seus privilégios mainstream (ou será antes o contrário?), então seriam esperado que em breve se exigisse uma moeda de troca. A esquecida ex-Destiny Child foi a presenteada pelo deus actual das pistas da house comercial e este não lhe negou um empurrãozinho. Travestida de Leia pop, traçando caminhos já descaradamente percorridos (Kelis, GaGa), Kelly não aprende e não se importa muito em ser um fantoche. Apesar de «Commander» ser um torpedo house com refrão igualmente vicioso não parece acertar o alvo (que Guetta alcançou com Kelly em sentido inverso). Caso para dizer: para quem promete ser comandante ainda vai ter que se contentar com o papel de hospedeira…

Scissors Sisters - Any Which Way



Policromáticos, festivos e indiscretos, assim sao as «Irmãs Tesouras» em inícios de uma nova década onde o disco parece (ainda) fazer as delicias do pessoal. O polisexual «Any Which Way» traz glam, disco-sound, factor camp e piano em doses certas e até demais. Ouvir «Filthy & Gorgeous» e ouvir «Any Which Way» é como virar o disco e tocar o mesmo. O destaque vai mesmo para Matronic que se sobressai com uma um spoken word super-mega-hiper sexy no apogeu da canção, exercendo o seu papel (tradicionalmente apagado) de femme fatale da banda (Jake Shears, desculpa). Apesar de não haver nada de novo fora do armário, fica o aviso: better take them, any which way you can.

Kylie Minogue - Get Outta My Way



Entrar no mundo encantado de Minogue é ter a certeza de que nada de muito ofensivo surgirá (excepção seja feita a «Impossible Princess» (1998)). Assim, «Aphrodite» não foge à regra. «All The Lovers» é a convocação (esperada) para a celebração do Eros, «Closer» é a dança soturna da luxúria, «Illusion», «Too much» e «Better Than Today são homenagens (ou lições bem aprendidas) aos homólogos Scissors Sisters. No meio de tanto açúcar só a intensa «Cupid Boy» (parece ter sido arrancada à força de «X») e a etérea «Looking for na Angel» (que tanto faz lembrar Coldplay no início) nos salvam (ou salvam Kylie…). Nem Calvin Harris refreia tanta inocência electro-pop com acidez house. «Get Outta My Way» é uma espécie de «Wow» que de Wow não tem nada. Nem o clipe (que pecou pela falta de sal). Andou lá perto com o segundo single. Mas não há ninguém que resista a Aphrodite, rainha do amor pop australiano. Pois não?

Enrique Iglesias - I Like It




As canções pop têm uma característica crucial: a capacidade parasita dos refrões em infiltrarem-se nas nossas estruturas cerebrais. Por mais sem sentido ou básicos que eles sejam. «I Like It» da estrela (cadente) latina do clã Iglésias não foge à regra. Reforçada pelo electro pimp de Pitbul (o novo Timbaland), «I Like It» pode fazer alguns estragos nas rádios mundiais. E faz. Mas as canções pop têm outra característica essencial: o seu imediato esquecimento. Valeu o esforço Enrique…

Robyn - Hang With Me



«Body Talk pt. 2» é a versão mais hardcore (em termos rítmicos e conceptuais – sexuais, maybe…) do primeiro «Body Talk». De um grito de independência («Dancing on my own»), a princesa da pop nórdica declara-se. No entanto não é por cantar o amor que Robyn amolece seu coraçãozinho de gelo.

Sia - Oh Father



E por falar em Robyn e em pop, hell, oh Sia! Depois de colaborações com Aguilera (como o enjoativo «You Lost Me»), Sia apropria-se da mega power balada da Rainha da Pop, Madonna, «Oh Father». O ressentimento dissimulado de Madge dá lugar a uma densidade infantilizada e a canção transforma-se e, apesar de não ter a raiva condensada e enrouquecida da mega-estrela cinquentona, passa no teste sempre difícil de superar a mestre que nem sempre é agradável. Oh Sia.

Frank Sinatra - I Get a Kick Out Of You



My story is much to sad to be told
But practically everything leaves me totally cold
The only exception I know is the case
When I’m out on a quiet spree, fighting vainly the old ennui
Then I suddenly turn and see
Your fabulous face

Chorus:

I get no kick from champagne
Mere alcohol doesn’t thrill me at all
So tell me why should it be true
That I get a kick out of you

Some like the perfume from spain
I’m sure that if I took even one sniff
It would bore me terrifically too
But I get a kick out of you

some like the bop-type refrain
I’m sure that if, I heard even one riff
it would bore me terrifically too
but I get a kick out of you

some they may go for cocaine
i’m sure that if, I took even one sniff
it would bore me terrifically too
but I get a kick out of you

I get a kick every time I see you standing there before me
I get a kick though it’s clear to see, you obviously do not adore me

I get no kick in a plane
Flying too high with some gal in the sky
Is my idea of nothing to do
But I get a kick out of you

Juntar cocaina, champagne e perfurme espanhol nao é para qualquer um.

South Street Player - (who) keeps changing your mind (Daniel bovie and roy rox dub mix)



Chill out on the beach, presente nas sempre interessantes compilações de Hed Kandi, para queimar os últimos cartuchos do Verão.

Robbie Williams – Shame


Robbie Williams and Gary Barlow - Shame
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E quando parecia que nada nos surpreendia chega o rebelde da pop britânica a brincar ao Brokeback Mountain com o seu colega, ex-Take That, Gareth numa balada pegajosa. A surpresa não se deve tanto ao clipe fortemente homoerótico (afinal de contas basta aparecer Robbie para o clipe ser camp o suficiente) mas sim ao facto de não ousar ir mais longe (onde está o beijo Robbie?). Logo agora que o casamento gay no UK parece ser uma realidade cada vez mais próxima, Robbie vai casar com… uma mulher! Isso sim Robbie, é uma vergonha!

Arcade Fire - Mouth Of May




“Largaram a bíblia e pegaram em guitarras eléctricas” é o primeiro pensamento que nos ocorre quando ouvimos este «Mouth Of May», canção presente no novíssimo «The Suburbs». Lições com Bruce Springsteen? Talvez mas fica-lhes bem um pouco de rebeldia on the road.

Adam Lambert - Whatya you want from me?



Adam parece ser o exemplo perfeito de quem vem, vê a vence. Do American Idol aos grandes espectáculos mainstream foi um tirinho. Esta balada energizada é a prova de que o francamente bonitão Adam, apesar de ter muito para fazer no campo da música pop, já pode muito bem ter dado um passo importante: conquistar multidões teen (sim, aquelas que vão e/ou vêem aos/os “Ídolos” com um mega hit direccionado para estádios e corações de manteiga. Ainda pergunta desentendido o que queremos dele. Que lata! Não é obvio?

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