domingo, 23 de janeiro de 2011

The Burlesque

O filme começa com um exemplo clássico de musical: uma miúda da terrinha que ambiciona ser uma super-estrela na cidade grande. Ali (Christina Aguilera), qual Madonna com 34 dólares no bolso a dirigir-se ao centro nevrálgico de NY, parte para L.A. para realizar o seu sonho (mas sem ter necessidade de castrar ninguém). Lá depara-se com a durona Tess (Cher), que pelos efeitos da sua idade jurássica, pouco brilho faz emanar (chegando a parecer uma autentica drag queen), pelo ganancioso Marcus que ambiciona comprar o cabaret e… Ali e o gato Jack (Cam Gigandet), que dá bastante… entusiasmo ao filme.

Como seria de esperar o filme tem uma dose ligeira de camp (flirts lésbicos entre as bailarinas, o melhor amigo de Tess que se envolve com um DJ na festa de um casamento e um mal-entendido entre Ali e Jack para depois se descobrir que afinal – e para muita pena nossa – o rapaz é hetero) e existem ligeiras semelhanças com Moulin Rouge (amores impossíveis, poder, sexo e dinheiro, etc) e Chicago (notório no numero “But I’m a Good Girl”) mas sem a parte teatral até porque Aguilera, embora duzentas vezes melhor que Britney no famigerado “Crossroads” (2001), ainda tem algumas falhas e incapacidades (na expressão da emotividade: por exemplo, a relação com a mãe, mas que é extensível ao resto do filme: a tristeza forçada de Cher, a desistência e desaparecimento fácil de Marcus e o namoro leviano de Jack com Nicole), apesar das suas piadas (de roteiro, é claro) serem fatais (como aquela da «vaca de Iowa»).

Quanto à música, «Something’s got a hold on me» é a primeira e dispara em todas as direcções jazz no vozeirão de Aguilera que tanto faz lembrar Amy Winehouse; «Welcome to Burlesque» marca a vez de Cher e, apesar da sua imobilidade, é sensual e oportuno; «Tough Lover» é o número de estreia de Aguilera e tem uma componente leather bastante demarcada e é uma das cenas mais interessantes do filme pois quando tudo se espera que corra mal, afinal não corre assim tão mal (cliché); «But I’m Good Girl» segue a linha erótica/perversa, (pseudo) call girl/pip show, de «Diamond’s are the best girl’s friends» de Marylin Monroe e «Material Girl» de Madonna. Aguilera pisca o olho a Catherine Zeta-Jones; «Guy Take His Time» é uma indirecta para Jack; «Express» é o apogeu da atmosfera burlesca; «You haven’t seen the last of me» é Cher de novo. Soa a (demasiado) autobiográfico e sombrio (sem a tal emotividade); «Bound to you» é uma canção de amor, demasiado Aguilera, a paredes meias com uma cena de strip fantástica de Cam Gigandet que faz o público (hetero feminino e gays) suspirar, na melhor das hipóteses; «Show me how you Burlesque» é a canção final e tal como «Express», segue a linha “cabaretiniana” (e arriscaria dizer “bioniquiniana” também) com falas rápidas e muito swing.

Em suma: não sendo perfeito, é um filme óptimo de entretenimento.


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