sábado, 15 de janeiro de 2011

A entrada do FMI e os cãezinhos de Pavlov


Relativamente à entrada do FMI em Portugal, Santos Silva diz que a direita “saliva” pela intervenção do mesmo no nosso país. Ora bem, eu acho que a direita não só saliva por isso mas pelo próximo passo: as eleições. Alegre refere que os/as funcionários públicos/as vão sofrer as consequências. Oh yeah camarada.

A propósito desta questão, um pedacinho do meu trabalho de «Análises Politicas Educativas e Sociais», sobre a educação e o Banco Mundial mas poderia ser sobre as intervenções inusitadas das agências de rating internacionais/externas (como o FMI) que visam “reparar” aquilo que elas causaram: a crise mas no seu núcleo duro, isto é, a correcção do curso dos mercados e não os efeitos colaterais, esses sim graves: o desemprego, o aumento dos impostos, o corte nas prestações sociais, etc:


«(…) Correia (2000) demonstra como a ideologia democrática se imiscua com a ideologia da modernização durante este período [anos 80] e que a inquestionabilidade desse modelo «(…) tem a sua matriz ideológica no conceito de evolucionismo linear, conceito que, subsidiário do carácter cientificizante e etnocêntrico do saber ocidental que procura estabelecer regras gerais para casos particulares, atribui ao sistema social português, dada a sua condição histórica se¬miperiférica, um estádio intermédio, inacabado que só atingirá completude quando alcançar condição de país do centro (…)» (Teodoro & Aníbal, 2007: 19), referem Teodoro & Aníbal, recordando Magalhães (1998).

Assim, relativamente à presença do Banco Mundial na política educacional portuguesa após 1976 e que «(…) propõe como principal medida de reforma educativa a criação e lançamento de um ensino superior de curta duração voltado para a formação de quadros qualificados de nível intermédio (…)» (Teodoro, 2003: 48), constata a intrumentalização e funcionalismo da educação no que toca ao capital humano (estritamente ligado à noção de “vida activa”). Não é por acaso que «(…) as questões relativas aos recursos humanos assumem uma centralidade progressiva no processo de integração europeia, dado o papel que lhes é atribuído na competitividade da economia da União Europeia, preocupação crescentemente obsessiva; nesse sentido, a política delineada pelas instâncias comunitárias nos domínios da educação e formação é dominantemente inspirada, e mesmo colonizada, por orientações vistas como imperativas, que decorrem das prioridades ou necessidades percepcionadas com origem na economia» (Antunes, 2005: 127).


Referências bibliográficas:

ANTUNES, Fátima M. (2005) “Globalização e europeização das políticas educativas: Percursos, processos e metamorfoses”, In Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 47, pp. 125 – 143.

MAGALHÃES, António (1998) A escola na transição pós-moderna. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.

TEODORO, António (2003) “O Banco Mundial e a normalização da política educacional”, In Globalização e Educação – políticas educacionais e novos modos de governação. Porto: Edições Afrontamento, pp. 45 – 48.

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