segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Playlist de Fevereiro

1. Lady GaGa - Born This Way



O tão aguardado single de estreia do sempre difícil segundo algum de GaGa finalmente saiu e já bateu um recorde de vendas no I-tunes em apenas 4 horas. Como seria de esperar, uma canção de GaGa sem polémica não seria uma canção de GaGa: acusações de plágio se elevarem (nada de novo…) e compararam a canção de GaGa ao êxito celebrativo de Madonna, «Express Yourself» de 1989. Verdade seja dita, a estrutura sonora da canção é muitíssimo semelhante ao hit da Rainha da Pop mas sendo GaGa a sucessora legítima de Madonna (basta pensarmos na estética «Vogue» do clipe «Alejandro» ou no visual «Blonde Ambition» de GaGa com o soutien de cones a dar azo a um soutien de… metralhadoras. Versão radicalizada e pós-pós-moderna de Madge?) é compreensível. Bem, não discutiremos isso aqui. A canção? A canção não faz jus à sombria capa do single, herança de «Monster»: é altamente festiva, celebra a diversidade étnica e sexual (GaGa prometeu que esta seria uma das suas canções mais… “gays”. Não são todas, GaGa?) o que prova também que GaGa estou bem a lição de décadas de disco gay (e o calão queer), e traz a gramática confusa da diva (?) com letras que parecem ter sidos pensadas para rimar mesmo que o sentido seja nulo. Á primeira audição é estranha… mas entranha-se. Em nada se compara à infantilidade de «Pokerface», inocência falsa de «Paparazzi» ou altivismo vingativo de «Bad Romance» mas prova que, dentro do núcleo duro electro-pop e rnb, GaGa consegue ser (tirando o plágio) original. Nos «Grammys», GaGa cria um mito através de um bem conseguido conceito (mas performance aquém das expetativas): surge como um alien num… ovo. Choca, literalmente. Em suma: GaGa cumpriu o seu serviço. Agora falta ver se podemos fazer omeletes com o clipe…

2. Black Eyed Peas - The Time (Dirty Bit)



A habituação aos grandes hits para as discotecas proporcionada pela parceria com Guetta («I gotta a feeling») parece ter viciado os BEP, agora com uma estratégia nova: o recurso a êxitos passados. Desta vez, tocou aos hits do Dirty Dancing. A música, com os contornos exagerados do electro-pop (ou euro-pop, como queiram), tornou-se irreconhecível na voz de Fergie. Como êxito plastificado e facilmente esquecível é óptimo, como grande canção deixa muito a desejar…

3. Rihanna - S&M



É sabido: sempre que Rihanna se junta a LaChapelle («Disturbia») nos clipes, é sucesso garantido. A lasciva (mas tolerada) e fresca «S&M» da cantora negra mais tocada desde Whitney e Beyonce parece jogar bem com os conceitos do S&M: açaimes na boca dos jornalistas, correntes no exercício da sua liberdade, chicotes a controlar os seus ímpetos sexuais. Ela é uma mistress a dominar Perez Hilton (fucking ironic), ela é leather rosa, ela é uma sexy coelhinha, ela é uma divertida e multicolorida hooker. Clichés atrás de clichés mas um conceito seguido à risca para a menina-mulher dos Barbados numa boa canção pop para entreter (ou else…). Em conclusão: Rihanna exorcizou muito bem a violência doméstica perpetuada (?) pelo ex, Chris Brown. Freud explica…

4. Milk & Sugar vs Vaya con Dios – Hey (Nah Neh Nah)


A herança de Papamericano pode ser vislumbrada neste incrível mash-up que fez e faz furor nas discotecas mais próximas. Nada de muito significativo a não ser o incitamento à dança…

5. Kelis – Brave



O sobrestimado «Flesh Tone» (2010) de Kelis contem uma das minhas canções favoritas de todo sempre. Diz Kelis: “I’m not ashamed of winning but it was that way in the beggining». De fato, Kelis não ganhou mas foi corajosa o suficiente com este torpedo house.

6. Jennifer Lopez – On The Floor (ft. Pitbull)



A esquecida JLO regressa aos palcos (ou às pistas) com «On The Floor»: estudou bem a lição da injunção entre o euro-pop e a musica latina, recruta a mascote latina do momento (Pitbull) dos guettos mais recônditos e pede ajuda desesperada à «Lambada» de Kaoma injetando-lhe doses industriais de house que piscam o olho a ATB, Edward Maya, Buuren ou até mesmo à «Higher» de Taio Cruz com Minogue. Ou seja, JLO tem um dos maiores trunfos da sua carreira. Bem-vinda JLO.

7. Adele – Rolling in deep


No início, Adele era uma ingénua menina mas se até Duffy muda, Adele não pode ficar atrás na corrente musical inaugurada (ou repescada) por Winehouse. Em «Rolling in deep», a voz adensa-se, o jazzie vira uma ode apocalíptica e a gente aplaude no final com tamanha ousadia.

8. Deolinda – Parva é que eu não sou



Os “Deolinda” acertaram na moche no concerto no Coliseu. Alguém filmou e puft, temos o hit de uma geração de estudantes qualificados/as que não encontra emprego à sua medida. Embora nem todos concordem com esta visão simbólica (acusando mesmo a canção de aproveitamento político), «Parva que sou» é uma das maiores canções portuguesas desta década como semblante de uma geração e toca na ferida da revolta juvenil contra a precariedade. Isto é, habemos Maio de 69.

9. Daft punk – Derezzed



Recrutados para o filme «TRON» da Disney, a dupla francesa mais famosa desde Sarkosy e Bruni enveredou pelo melhor das camadas electrónicas sobre o manto diáfano da trip 2.0., inspiradas certamente em «Movie Star» de Roisin Murphy. Aqui não há nada de «One More Time» mas o que não quer dizer que o desejo de festejar fique incólume.

10. Katy Perry – E.T. (ft. Kanye West)



Embalada pelas referências extraterrestres de GaGa, Perry cria uma boa canção onde mistura metáforas de cariz sexual com imagéticas queer (o E.T. será um homem apaixonado por outro?) e segue a linha pró-tolerância de «Firework», correndo o risco de criar uma faixa conceptualmente inteligente. Recruta West mas tal é desnecessário pois a canção é boa assim e Esperaremos pelo clipe e cruzemos os dedos para que Perry leve a sua nave a bom porto…

11. Beth ditto – I Wrote The Book



Na primeira incursão da (ex?) vocalista dos The Gossip pelo mundo pop a solo, verifica-se mais uma homenagem a Madonna. O clipe recria de uma forma, por vezes, divertida e até charmosa o herético clipe de «Justify My Love» e o voguing sofisticado de «Vogue». Em termos musicais, Ditto vagueia entre o vocal desnorteado de Roisin Murphy e o dance ligeiramente místico de «Hercules & Love Affair». Nunca se esqueçam: her name is Ditto, she’s gonna be your mistress tonight.

12. Whites Lies – Bigger Than Us


Os sucessores de «The Editors», com acne, regressam com um som mais agressivo e desorganizado (distanciando-se dos seus inspiradores rock) mas a mesma autoridade vocal grave que tanto soa a «The Presets» e um clipe digno de um filme de sci-fi a condizer.

Outras:
Robyn - Indestructible
Chestra - Perhaps, Perhaps, Perhaps
Kanye West – All of The Lights (ft. Rihanna)
Wyinter Gordon - Dirty Talk
Savage skulls ft. Robyn – Bad Gal
Hercules & Love Affair - Painted eyes
Roisin Murphy - momma's place
Wolfram ft. Hercules & Love Affair - Fireworks
Alexis Jordan – Hapiness (Deadmaus5 Mix)
Crystal Castles – Not In Love (ft. Robert Smith)

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