quarta-feira, 30 de março de 2011

Playlist de Março

1.Homens da Luta – A Luta é Alegria



Aquilo que parece, à vista desarmada, um ode salazarista ao provincianismo português ruralista pode também ser encarado como uma expressão do ortodoxismo comunista. A essência da canção é uma forma sarcástica de exorcizar as gerações rascas deste mundo e reclamar junto da Alemanha-mãe da chanceler Merkel. Admitir que a famigerada Eurovisão é tudo menos política é ir longe demais visto que tudo é política. Má imagem de Portugal? Alguma vez, tirando raras exceções, Portugal fez boa figura no festival? A canção nem é má de todo: cumpre os pré-requisitos da pop (Clã, GNR), possui significados ocultos-não-muito-ocultos (Zeca Afonso), incorpora muito bem a imagética do Povinho como um longo teatro transportado para a vida real e procura contrariar o cinzento franzino pessimista português com uma «luta que é alegria». A ideia não é original, os Deolinda tiveram ideia igual há um mês. É uma boa malha. Primeiro estranha-se depois entranha-se. É como a coca-cola. Sem gás.

2.Chromeo - Don't Turn The Lights On




Chromeo não são (ainda!) uma banda mainstream mas as suas canções, simples é certo, são certeiras. «Hot Mess» com a novata Elly Jackson é monstro dance que pisca o olho ao disco 70’s e sooa a Michael Jackson num clipe sexista q.b., «NIght by Night» é Daft Punk, de caras e este «don’t turn the lights on» é talvez umas das melhores canções disco-pop que ouviremos nas próximas épocas. Imaginem uns Cut Copy mas muito mais sexys e menos sintetizados. Voilá, habemos hino.

3.Swedish House Mafia (ft. Pitbull & Pharell Williams) - One (Your Name)



Weight house com a mãozinha safada de Pitbull e a voz infantilizada de Pharell. É de mim ou 2011 é o ano das pistas?

4.Cut Copy - Need You Now



«Where I’m Going» é Beach Boy e Beatles perdidos nos sixties a saltar às cordas, »Take Me Over» bem poderia ser um demo qualquer do último disco da banda. «Need You Know», confessa homenagem ao desporto e à partilha multicutural, é talvez a novidade de «Zonoscope». Não que seja muito diferente do resto mas ao tornar difusa a distinção entre o electro-pop à PSB e a verdadeira essência da banda, eleva os Cut Copy a um novo patamar. Depois do concerto em Portugal, tudo é possível.

5.Erik Morillo ft. Shawne Taylor - Live Your Life



Ode house à liberdade, à noite e ao self. Agitar antes de ouvir.

6.Glee - Don’t You Want Me (Human League Cover)



Eles estão de regresso em Março e em jeito de homenagem fazem um cover do furacão disco dos one-hit-wonder Human League (que por acaso tem nova malha, “Night People”), «Don’t You Want Me». A novidade é que ao amplificarem os sintetizadores conferem um som fresquíssimo á mastigada canção. Bem poderia substituir «Sing» (Chemical Romance Cover), o grande tema. Conclusão: festim obrigatório.

7.Michael Bubble – Hollywood



O menino bonito da jazzie regressa com um canção que bem poderia ser escrita para Shirley Bassey e cantada por Train. Alegre, inofensiva e cantarolável. Não fascina mas cumpre o seu serviço à comunidade musical. Obrigado Bubble.

8.HURTS – Sunday



É fácil perder-se no meio de tantas boas canções da dupla britânica mais famosa do mundo depois dos Pet Shop Boys. «Sunday» é uma amálgama bem conseguida e não enfadonha nem evidente entre Morissey, Joy Divison e Brandon Flowers. Talvez uma das melhores canções pop da década (a ver vamos…). Tiveram cá e deixaram saudades.

9.Tarkim - Kiss, kiss



A minha estadia na Turquia fez-me perceber que sou facilmente assimilado pela cultura local (ou aquilo que, convencionalmente, se decidou chamar a cultura local”). Nada de mal até perceber que estamos no meio da pista a dançar dança de ventre ao som do» Kiss, Kiss» do cantor turco que revolucionou a Turquia com a sua… metro (homo?) sexualidade. Uma espécie de Ricky Martin euro-asiático. Venha Holly Valance e salva-nos mas nem isso. Só me resta desejar sonhar pôr em prática com o Tarkan aquilo que a canção reclama: kiss, kiss.

10.Edward Maya ft. Jigulina - Desert Rain



Outro encontro nefasto entre a house e as marracas romenas. Nefasto mas gostoso.

11.Mariza, Paulo Flores e Roberta Sá - De Braços Abertos



Pastiche lusófona que a TAP também bem soube explorar. É uma bossa nova fresca e paradoxalmente quente com letra alegre como convêm. Um pedido: não a privatizem.

12.Serge Devant - Ghost



Mais do mesmo mas fica bem nos cardápios dance.

Outros:
Sertrab Gartner – Every Way That I Can
Ladytron – Ace of Hz
Medina - Addiction
Amanda LePore - Marilyn
Britney Spears – I Wanna Go
Colbie Cailat – I Do
Skunk Anansie – Save Me/Ugly boy
Moby- Be The One
Trent Reznor & Atticus Ross - Soft Trees Break The Fall
The Inertia Kiss - I won’t say adieu
Janelle Monae – Many moons
Human League – Night People
Lily Allen - You killed it
Nina Simone - I'm feeling good
REM – Uberlin
Afrojack – Take Control

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