quinta-feira, 23 de junho de 2011

Biutiful

Há alguma coisa nos filmes de língua espanhola que me fascina. Penso (e note-se que não sou um crítico de cinema reconhecidamente legítimo) que tenha que ver com dois factores principais: a) o realismo, que contrasta evidentemente com o luxo minoritário dos filmes de Hollywood e b) a metaforização, isto é, os símbolos que dão sentido às histórias e que as eternizam sem o fazerem de uma forma artificialmente construída. Talvez sejam influências de Almodôvar, não sei. Sei, sim, que «Biutiful» tem essas duas componentes e, claro, Javier Bardem.

Basicamente a história tem que ver com um sujeito que negoceia a integração de imigrantes ilegais com os mercados de trabalho francamente exploratórios (chega a abordar os novos racismos, i.e., “asiaticófobia”) e que, numa relação emocionalmente conflituosa e oscilante com a ex-esposa – prostituta -, tem que cuidar dos dois filhos. Contudo, está a morrer de cancro e precisa de alguém que cuide deles. Isto é, uma história que (re) constrói afectos poderosíssimos e que, apesar de longa e monótona em alguns momentos, não deixa de ser, ostensivamente, Biutiful.

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