quarta-feira, 6 de julho de 2011

Barcelona


Barcelona é uma cidade fantástica. Estas mini-férias de três dias bem podem valer por umas de 2 semanas.

Começando do início: Eu e o Vasco ficamos hospedados no “Hotel Condestable”, centro nevrálgico da cidade, tendo uma paragem de metro do outro lado da rua. Os quartos eram agradáveis e os funcionários bastante afáveis. Ao contrário das nossas expectativas, os quartos estavam asseados, as paredes não tinham tantas rachas quanto isso e a TV funcionava. Melhor só se tivéssemos uma janela para a rua.

A nossa viagem, apesar de começar mal (não havia telebanco no aeroporto e tinha-me esquecido do pin do telemóvel), lá se endireitou. Ou desorientou. O primeiro sítio a visitar foi a famosa praça da Catalunha. Aí já se poderia vislumbrar uma amostra do multiculturalismo vibrante que nos reserva: as ruas estavam sobrelotadas de gentes, turistas e “nativos”. Visitamos o simbólico Café Zurich e saímos logo porque ninguém nos atendeu.

Daí fomos direitinhos às Ramblas, uma rua gigante que se estende até à Marina de Barcelona, ladeadas por duas ruas e árvores frondosas e onde se regista um afluente de pessoas de todas as cores, feitios e formatos: negros, árabes, casais gays de mãos dadas, asiáticos, mexicanos, ricos, pobres, enfim, qualquer ideia que tenhamos sobre diversidade cultural, as Ramblas superam.

Do lado esquerdo poderíamos ver o famoso quadro de Brunos (que desilusão!) ou almoçar no MacDonalds; do lado direito supermercados, o Palácio da la Virreina, o estonteante Mercado da Boqueria, sex-shops a paredes meias com casas de conveniência enquanto nos regozijávamos com os homens estátuas, as mini-lembranças das barraquinhas e uma variedade enorme de produtos.

Chegados à Marina, atravessando a avenida do monumento de Colom, acercamos finalmente a parte marítima e o trajecto para a Barceloneta fez-se acompanhar com uma apreciação, por sinal bastante positiva, dos homens espanhóis, desde surfistas estereotipados (jovens, morenos, loirões) e skaters, até os clássicos trintões charmosos, retirados de um filme da Men at Play. Primeira observação: os calções acima do joelho fazem furor em Espanha e a mota é um objecto essencial. Toda a gente tem uma, independentemente da classe social. Compreende-se, numa cidade com um tráfego brutal. Talvez seja por isso que haja estradas próprias para bicicletas e os biciclistas fiquem tão chateados quando nos atravessamos à frente.

A praia da Barceloneta é, em alguns sítios, um pouco suja. Contudo, a água do Mediterrâneo é límpida havendo memo uma zona onde a agua só chega à cintura num perímetro de 10 metros.

Para descansar, a praia não compensa. Alem de sobrelotada, a afluência de vendedores marroquinos ou mexicanos a venderem bebidas ou a “oferecerem” massagens é brutal. Aconselho vivamente um passeio pela berma da água até ao Porto Olímpico, e assim o fizemos acabando por lanchar no Mac.

Depois de um momento de perdição (quer por causa dos homens espanhóis, quer por não sabermos onde ficava o Parque de la Ciutadella), lá nos refizemos. O Parque não é nada demais, nem a praça onde repousa uma imitação bacoca do Arco do Triunfo mas serviu bem para arejar e conhecer melhor a cidade.

Tomando como destino a avenida de St. Perré lá chegamos ao hotel. Depois de um descanso no hotel, fomos jantar. Escolhemos o restaurante ex-libris da cidade, situado no chiquerrimo Passeig de la Gracia: o “Tapa-Tapa”. Pagamos um balúrdio por um mini-paella – prato típico espanhol que não passava de arroz de marisco com caril, lulas e pimentos -, bipartida acompanhada com um vinho bastante provocador (esquecemo-nos do gazpacho!). Conclusão: saímos de lá um pouco fora de nós.

De seguida, fomos descobrir a noite. Como não tínhamos planeado muito bem essa parte ficamo-nos por um barzinho do mesmo género que o Pride: o Arena.

O bar tinha um funcionamento esquisito. Em primeiro lugar, a porta de entrada chamava-se “Arena Dandy” e ao lado tinha uma outra porta de entrada chamada “Arena VIP” mas só lá entrava quem tivesse uma pulseira. O bar era o mesmo.

O pagamento também era esquisito q.b. Tínhamos que pagar 6€ e, lá dentro, tínhamos que pagar a bebida à parte e só depois – de termos senha -, pedi-la no bar. Escusado será dizer que Barcelona é caríssima. Um martini bianco custa 8€.

O ambiente no bar era medonho e só passavam músicas pop alternadas com espanholadas inaudíveis. Em suma, não correu mal, mas poderia ter corrido melhor.

No segundo dia, o plano era visitar a Pedrera e a Sagrada Família. O metro de Barcelona é, tal como o de Lisboa, um pouco underground e sujo mas, ao contrario do metro do Porto, não permite “viagens à pala” já que a entrada no interior da estação exige a viabilidade do bilhete – que é passado numas maquinetas específicas -; ao fim de quantas viagens torna-se intuitivo.

Começamos o dia com um pequeno-almoço num Starbucks. Aliás, em todo o lado há um. Depois de uns zigue-zagues pela Breskha e H&M e umas fotos na casa Amatler e Battlo, lá chegamos à Pedrera. O sítio é, além de caro, muito giro, particularmente o topo do edifício onde se desfruta de uma magnífica visão panorâmica da cidade.

De tarde exploramos a Sagrada Família o que foi uma franca desilusão e tive a sensação de pagar para nada visto que a subida ao topo mexeu drasticamente com o meu medo das alturas. Só para se ter uma noção, a descida tem escadas em espiral sem corrimões e parece que nunca mais acabam. Enfim, ficamos 3 horas e tal sem qualquer diversão. Excepção feita a uns engates na zona do museu.

Depois do “almoço-lanche” no Burger King, optou-se pelo sítio mais distante: o Parc Guell. O bilhete de metro também dava para autocarro e isso facilitou o percurso. Um pouco perdidos, contamos com a ajuda de um rapariga espanhola que nos elucidou. De facto, os espanhóis são bastante simpáticos, dedicados e prestáveis. Seja a rapariga que nos orientou para o Parc Guell, seja o barman do Zeltas, seja uma mulher que se voluntariou para nos tirar fotos no Palácio da Musica Catalã e uma outra no Parque Guell, seja os funcionários do hotel.

Chegados ao Parc Guell – que mais parecia o Palácio de Cristal -, a única preocupação era tirarmos fotos no lagarto. E assim foi. Pouco mais havia a fazer.

À vinda para cá, já esgotados, ainda passamos pela Torre Agbar que, sinceramente, apesar de magnífica por si mesma, está localizada num sítio um pouco suspeito.

Depois de um descanso merecido, íamos então desbravar a noite. Começamos com uma cerveja na praceta do hotel e acabamos por descobrir a noite gay da cidade. Esta localiza-se numa única rua, perto do hotel, repleta de barzinhos gays para todos os gostos (bears, twinks, musculados), excepto para o nosso (chic) e, claramente, repleta de travestis e prostitutos.

Depois de se perguntar a um espanhol sobre o melhor sitio gay nocturno – que pensamos ser gay -, este indica-nos um “com a luz amarela”. Decidimo-lo seguir (descobrimos que o bar “com a luz amarela” era o LIDL). Entramos então no “Zeltas”, onde ele também entrou. Não havia consumo e o bar estava vazio. Das poucas pessoas que lá estavam, muitas delas eram giras e com corpos bem trabalhados. Havia um afluente de pessoas para uma zona localizada no fim do bar, com cortinas escuras e perguntei ao – belíssimo! – barman, que não se coibia de exibir o seu traseiro empinado, se aquilo não seria um 2º piso, ao qual este respondeu que era a W.C. Pois…

Reflectindo sobre se aquele bar seria um bar de gigolôs ou um warm up para a noite, decidimos descobrir o melhor bar gay da cidade de BCN, nas palavras de um amigo do Vasco e das próprias opiniões dos gays espanhóis: o D’Boy. No caminho para lá (um “lá” que não sabíamos muito onde), metemos conversa com um casal australiano e lá chegamos. Ficava próximo da Praça da Catalunha.

O consumo no bar era de (escandalizem-se!) 18€ com direito APENAS a uma bebida! E diga-se de passagem, o dinheiro não compensava. Apesar de o bar estar dividido em duas pistas, uma mais vazia onde passava musicas pop e espanholadas – a minha preferida -, e outra infestada de gigolôs – que mostravam a pila em público! - e gajos musculados, o dinheiro definitivamente não compensava. Depois de muita dança (e pouco engate!), chegamos ao hotel e cama.

No terceiro e último dia, os sinais de cansaço já se faziam notar. Nesse dia, optamos por descobrir a praça de Espanha e um shopping que mais parecia um estádio de tourada. A fonte mágica de Montjuice, em frente ao Palácio da Musica Catalã, estava desligada e então rumamos para o Castelo de Montjuice passando pela Fundação Joan Miró.

O Castelo é giro. Almoçamos (outra vez!) paella, só que desta vez muito mais abundante, apesar de descobrirmos que esta já devia ter uns dias (!).

Depois do Castelo e de descermos de teleférico, fomos descobrir pequenos edifícios no centro da cidade como a Catedral de Barcelona, o Bairro Gótico ou o Palácio da Musica Catalã, situados em zonas muito suspeitas. Subimos as Ramblas, fomos para o hotel buscar as malas e rumamos para o Aeroporto, com a certeza de que Barcelona… é um escândalo.

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