sexta-feira, 8 de agosto de 2008

De olhos em bico


Começaram hoje os Jogos Olímpicos na China. E pelos vistos, a China esmerou-se gastando 70 mil milhões de dólares na organização dos jogos, aproximadamente seis vezes mais do que a Grécia em 2004. Será que conseguirá superar os EUA em número de medalhas? Durante 16 dias, Pequim vai assistir aos seus primeiros Jogos Olímpicos. O início será assinalado com a chegada da chama olímpica ao Estado Nacional de Pequim, “Bird’s Nest”, situado a norte da cidade.

“É o maior encontro entre o Oeste e o Este, em circunstâncias pacíficas, na história mundial”, disse Kevan Gosper, membro do Comité Internacional Olímpico.




Uma das novidades destes Jogos, comparativamente a outros, é a qualidade das suas infraestruturas com alto sentido estético.



O Water Cube é o centro de modalidades aquáticas de Pequim. A sua estrutura externa é revestida com um polímero chamado ETFE resistente à corrosão e às diferenças de temperatura permitindo ainda que 90% da energia solar seja canalizada para o aquecimento interior assim como da água da piscina.


O Estado Olímpico, apelidado de Bird's Nest com capacidade para 91 mil pessoas, tem um sistema complexo de aproveitamento de energia solar, eólica e água das chuvas.


Aproveitando a onda de investimento em novas tecnologias (muitas vezes para fazer parecer), a China aproveitou e remodelou outros edifícios, como por exemplo, a CCTV, sede de um canal televisivo chinês e o famoso National Grand Theatre Of China, obra do arquitecto francês Paul Andrew. Rodeado de um lago artificial, a obra dá a impressão de ser um ovo a flutuar.





Escusado será dizer que o policiamento é elevadíssimo por questões óbvias: proteger a segurança e bem-estar dos cidadãos estrangeiros. Mas será a China capaz de proteger a segurança dos seus próprios cidadãos? Não será todo este investimento em novas tecnologias uma forma de camuflar um mal maior?


Desde do início que estes Jogos Olímpicos estiverem envoltos em polémica. Se estes são os Jogos mais caros de sempre então, certamente, são também os mais polémicos. Vários incidentes abalaram a organização dos Jogos, incidentes esses envolvendo o Tibete. O Tibete sempre reclamou liberdade religiosa ao Estado Chinês o que levou este a tomar medidas descritas como violentas e interpretadas por muitos como um atentado às liberdades individuais e aos direitos humanos gerando pedidos de boicotes aos Jogos. Manifestações pró-Tibete também conturbaram o trajecto da Tocha Olímpica por várias cidades como Paris e Londres.

Além disso, os chineses também enfrentaram problemas com o ar poluído de Pequim e com constantes ameaças de ataques terroristas, que chegaram a se confirmar em áreas remotas do país.

O Tibete foi o rastilho. A China nunca foi muito adepta do respeito dos direitos humanos. Segundo a agência Lusa, a porta-voz do comité de organização do evento, Sun Weide, disse: "Durante os Jogos Olímpicos vamos fornecer um acesso à Internet suficiente para os jornalistas". Suficiente? Os média presentes em Pequim não poderão utilizar páginas contendo informações sobre o movimento espiritual Falungong, proibido naquele país asiático, bem como a outros sites. Aliás, os jornalistas que trabalham no principal centro reservado à imprensa durante os Jogos Olímpicos, queixaram-se já de não poder aceder a diversos sites como o da BBC.

Liberdade de imprensa:





Documentário sobre a pena de morte na China:



Ver aqui.

Mais de 120 atletas assinaram ontem uma carta aberta, dirigida ao Governo Chinês, encorajando este a respeitar os direitos humanos e a liberdade religiosa. Ler aqui.

Ainda tem o desplante de considerar Robert Mugabe persona non grata. Já dizia a minha avó "Não se atira pedras a telhados de vidro!"

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