quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Brüno - Revisão

No fim-de-semana passado revi o mockmentary Brüno. É uma peça de humor para lá de inteligente.

O inicio revela já uma tentativa de chatear a Igreja: Bruno aparece a caminhar em cima da água tal como Cristo. A forma como ele obriga um padre especialista em converter gays a admitir que ouvir Sinead O’connor ou Village People leva uma pessoa a ser homossexual ou a forma como induz Paula Abdul a sentar-se em cima de um empregado para, logo de seguida, obter como resposta: “eu amo ajudar pessoas”, é sensacionalmente irónico e, por isso, tremedamente engraçado.

Brüno usa a sua (homo) sexualidade para provocar a homofobia, mesmo aquela politicamente correcta. Por vezes ela assume proporções assustadoras, como quando irrita uma comunidade islâmica ou um público de wrestlers homofóbicos e nazis. O risco é elevado mas a fasquia do humor está muito alta! A própria estereotipia gay não se salva. São inesquecíveis (feliz ou infelizmente) as cenas de sexo anal entre Brüno e o seu namorado do momento (uma mistura de teenager filipino com um pigmeu), a sua procura desenfreada pela fama a todo custo no futilíssimo mundo da moda (“é difícil por a perna direita à frente da perna esquerda”) ou a irresponsabilidade em criar uma criança (curiosamente negra).

Quando irrita um público afro-americano com os seus tiques gays ("Pensei em chamar-lhe ‘A Moda de Cristo', num trocadilho com o título original de "A Paixão de Cristo") ou obriga um estilista escancaradamente gay a fazer gestos de rapper, Brüno joga com os dois pratos da mesma moeda. Expõe simultaneamente os gays e a homofobia ao ridículo. É perigoso porque ambas as realidades não são simétricas, antes fossem, mas a moral da história também não faz por menos: consegue juntar Bono Vox, Chris Martin, Elton John, Slash e Snoopy Dog numa canção humanitária. “He gay, he gay… ok” diz Snoopy Dog. Não repara o erro mas minimiza o estrago.


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