sábado, 6 de março de 2010

Morreram 10 milhões de portugueses por ignorância (tragédia nacional)

Aconteceu em ECD (Educação, Cooperação e Desenvolvimento). A professora Alexandra Sá Costa expôs algo pertinente: se repararem, quando existe uma notícia sobre uma tragédia fatal (ex. Madeira, Haiti, etc), umas das exclamações sempre presentes é relativa à presença ou ausência de portugueses/as na catástrofe. “Morreram 10 portugueses numa derrocada de Pedra na Serra Leoa”, ai meu deus, o mundo vai acabar; “não há portugueses entre os destroços do avião que se despenhou na Mongólia”, ufa, podemos respirar de alívio. Outro exemplo: o caso da gripe A: se o foco da epidemia é no México, “oh, está longe!”; mas se a gripe alastra até à Espanha, “Vamos accionar um alerta mundial!!!”

Ora, é nestas pequenas coisas que se nota o nosso nacionalismo bacoco e flagrante. Apenas uma informação para tranquilizar ou alertar os familiares, diriam alguns/algumas. Não sei se será assim tão eficaz visto que, independentemente de tudo, os familiares irão querer saber algo mais. Na minha opinião, é puro nacionalismo. Os portugueses interessam, o resto que se lixe.
Olhar para o nosso umbigo é um vício terrível. Na categoria de homens, heterossexuais, brancos, ricos, ocidentais, portugueses torna-se ainda pior pela historicidade de poder e estatuto que lhes está inerente. Se trocássemos a categoria identitária particular da nacionalidade pela categoria universal de pessoas (ou, em última instância, seres vivos) não cairíamos no erro brutal da estereotipia e qualquer vida humana salva, numa tragédia, valeria a pena.

1 comentário:

Joel Pais disse...

sim cada vez mais olhamos mais para o nosso umbigo... quando acontecem tragédias que não nos prejudiquem temos atitudes do género: "oh... eram pretos ou chineses ou índios, etc"... lembramo-nos muitas vezes (demais) de sermos cidadãos portugueses mas muito poucas (rarissimas)que somos seres humanos.