quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O dilema das pessoas feias exigentes


Vou contar algo que me consome a cabeça há algum tempo:

Tenho uma perspectiva sobre os processos de engate. Acho efectivamente que a beleza física é uma forte componente de atracção e impulsionadora de início de relações (de amizade, sexuais, estáveis, profissionais até, etc) ditando mesmo a estabilidade que a denominação dessas relações possui (exemplos: uma relação meramente sexual tem a possibilidade de continuar como uma relação sexual, por mais tempo, ou de evoluir para uma relação estável quanto mais atraentes, para um e outro, forem os/as parceiros/as).

Generalizando e essencializando para fins de facilitismo intelectual, as pessoas ou são bonitas ou feias quanto à sua beleza física. A relatividade estética existe mas não é tão elástica quanto isso. O Mister Bean será sempre alguém fisicamente feio, mesmo que haja um grupo de pessoas que o ache bonito. O contrário direi do Brad Pitt. Assim, considero-me uma pessoa feia.

As pessoas feias, como eu me considero, estão no fim da cadeia alimentar. Elas são o consolo ou os restos quando alguém não consegue ninguém mais bonito. As pessoas bonitas estão assim no topo. São as mais desejáveis. Se x não consegue uma pessoa bonita, fará todo um processo para conseguir obter a pessoa cuja beleza física é ligeiramente inferior à pessoa x. Quando se entra no campo dos feios, é o último resquício. E aqui podem entrar dois grupos principais de pessoas:

a) pessoas também feias;
b) pessoas promiscuas (cuja beleza, apesar de não ser indiferente, também não gera repulsa/recusa).

Acontece uma fenómeno estranho. As pessoas feias também tem os seus padrões e critérios para definir a beleza física de outrem. Pode acontecer duas coisas:

a) a pessoa feia ter como campo de acção outras pessoas feias (e a rivalidade estaria atenuada preocupando só outras pessoas feias como "inimigos"), por conformismo;

b) serem putas;

c) inconformistas e exigentes, recriarem o mesmo estratagema do efeito «catching wanted beauty»: sentirem-se atraídas e quererem os mais bonitos.

O dilema é que, esses seres desejados também:

a) poderão ser exigentes e rejeitarem as pessoas feias (o mais comum) pois terão invariavelmente pessoas mais giras para escolher;
b) poderão ser promíscuos e aceitarem as pessoas feias mas sendo feias ou nunca cativarão a atenção suficiente, ou como são exigentes, querem ser apreciadas por algo mais;


Este é o dilema das pessoas feias exigentes: querem um Deus-grego e só o terão se o Deus-grego for uma grande puta mas como são exigentes também querem ser apreciadas por algo especial e não querem putas (até porque a promiscuidade acabará por falar mais alto e o Deus-grego irá logo a seguir a correr atrás de um rabo de calças), deixando invariavelmente a pessoa feia exigente sozinha. O que fazer?

5 comentários:

Três disse...

"E eu sou melhor que nada", já dizia o Variações.

Anónimo disse...

Olha até gosto do que escreves, mas acho sinceramente que não te vês ao espelho. Feio? Gordo?

Vai mas é passear.

Se descobrires quem escreveu isto avisa

virgil disse...

hum.. fiquei inspirado a escrever sobre isto. depois passa lá no estaminé ;)

abraço

Lobby Queer disse...

Não «Thass-hot», n sei quem és mas obrigado pelo elogio :)

Q, fico à espera! ;)

Catarina disse...

Se algum dia te vires ao espelho avisa eu estarei lá para ver.
É muito parvo estar a escrever sobre as pessoas que têm problemas pois tu também pode vir a tê-los.
Gozar com os outros é muito mau e às vezes significa inveja. Pode ser inveja que tu tenhas por causa delas,as pessoas deficientes, receberem mais carinho do que tu, pois necessitam dele.