quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Regresso de Com'out


Comprei hoje a «Com´Out». Para quem desconhece, é uma (uma não, a primeira e única) revista portuguesa dirigida ao público LGBT (e também a heterossexuais simpatizantes). As primeiras edições remontam a Junho de 2008 e a última foi a de Fevereiro em 2009. Entretanto, por motivos de desfasamento economia/público deixou de ser comercializada. Agora regressa em força, sendo o preço mais baixo e a tiragem trimensal (ao contrário das primeiras edições que custavam 4.50€ e eram mensais). Outra diferença é a qualidade do papel (patente na capa). Em termos de conteúdos não difere muito das edições anteriores e continua a reflectir a diversidade dos LGBT's numa perspectiva pró-queer abordando temáticas tão diversas (e em relação a esta edição) como os direitos civis, o poliamor, a transexualidade, iconografia histórica gay (de conteúdo claramente LGBT – dispositivo identitário) mas também abordando outras áreas mais generalistas (cuidados de saúde, culinária, horóscopo, moda, etc) e assim evocando também a normatividade da vida de gays e lésbicas (and else) como um facto inalienável. Destaque para as crónicas sarcásticas do António Balzeirão e as intervenções sempre pertinentes do Miguel Vale de Almeida. Pontos fracos? (Sim, também há pontos fracos!) A presunção de que todos os LGBT's são de classe média-alta e a linearidade com que as intervenções políticas surgem (se surgem). Para que conste, a «Zero», revista LGBT espanhola, já teve o Zapatero na capa... Apesar de não apelar ao forte homoerotismo de uma Têtu francesa ou de uma Out brasileira ou de não enveredar por uma corrente de forte teor político (como uma Advocate), é uma das únicas revistas (a par da Blitz e da DIF – que é grátis, por acaso -) que tenho a preocupação de ter. Informa e dá visibilidade (muitas vezes ajudando a combater o isolamento e não-aceitação dos LGBT's das zonas interiores do País), fazendo com que os próprios heterossexuais tenham uma outra visão (positiva) sobre os LGBT's. Por isso, se faz favor, tire a revista do armário.

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